domingo, 14 de dezembro de 2025

 Se a andança está na força do caminhar

Caminhar sem forças é se arrastar

No silêncio 

Do corpo insustentável 



O cachorro escandaloso entrou na casa dos outros mas lá existia um cão maior que ele.


Na casa do cachorro quase entravam duas onças mas a humana, para protegê-lo, tentou manter a calma e empurrar a onça preta pra fora, chamando sem parar o cachorro que, sem ela ver, já estava lhe protegendo do lado de dentro.





sábado, 13 de dezembro de 2025

 Se as coisas se resolverem só no futuro das coisas, o que faço agora? 


Cais

"Para quem quer se soltar

Invento o cais

Invento mais que a solidão me dá

Invento lua nova a clarear

Invento o amor

E sei a dor de encontrar

Eu queria ser feliz

Invento o mar

Invento em mim o sonhador

Para quem quer me seguir

Eu quero mais

Tenho o caminho do que sempre quis

E um Saveiro pronto pra partir

Invento o cais

E sei a vez de me lançar

Eu queria ser feliz

Invento o mar

Invento em mim o sonhador"

(Milton Nascimento e Ronaldo Bastos)


quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

O macho não quer aprender, ele repele quem tenta lhe instruir. Essa história de que não é de uma hora pra outra que vamos reaprender o que se montou em séculos é discurso copiado e colado, portanto, vazio, sem efeito prático. 

Ao desvelar o efeito machista como instrução a um homem que se autodeclara anti-machista a mulher se expõe a riscos. Ser ignorada para sempre é um deles. Parece irreversível. 

Não há muitos esforços não. Eles dizem que estão se esforçando, aprendendo, mas é apenas um semblante.

É uma violência tão sutil que eu nem sei contar, só sentir. 

Na encruzilhada

Eu vejo coisas antes mas o que é preciso ver mesmo pra me proteger eu não vejo.

Nada do que eu diga, que eu busque, nenhum movimento meu está sendo capaz de alterar alguma coisa. Essa é a bombambulante encarnada.

Muito límpida, do jeito que a música pede pra o meu corpo estar e transmitir, vulnerável, me deixei ser tocada. A coisa tão pequena. Os 10 reais mais caros que encontrei na rua. Exposição ao extremo, dor ao extremo. 

O corpo não dorme mesmo induzido pela química Sem dormir, sem conseguir comer. 

A voz de Tim Maia não sai e toda hora ele me diz que me ama mas pensa que não vai ser possível. Uma ferida narcísica tão grande incapaz de fechar quando eu não enxergo e deixo que futuquem nela, mostro a cicatriz e deixo que mexam nela. 

Os dias têm sido ensolarados e o ceu azul. Nem a fé no azul. Nem uma resposta sobre o som. O dinheiro vem a serviço de tentar fazer passar a dor, injeto na música, encontro pessoas com rara compreensão de que algo bom pode acontecer e nelas estou me segurando mesmo sem elas saberem. 

Eu quero sentir menos, eu preciso sentir menos. Sentir nada. Parece não ter outro caminho senão o da quimioterapia ou do suicídio. Estou na encruzilhada.

domingo, 7 de dezembro de 2025

 A escrita suporta o surto. O vício em acreditar em gente desarranja a minha mente. Eu canto porque aplaudem. Mas eu também canto sozinha. Mas só o canto não sustenta o surto. E eu não lhes informo nada sobre o mundo em que vivo, sobre tudo o que há de ruim nesse mundo podre de mentiras. A loucura é sem fim e tão diversificada dada a criatividade humana. Hoje estou louca. Nem sei como eu ando. Me arrastando depois de me mostrar tanto, me explicar tanto, em vão. Tá ruim viver sem sossego e sem o chamego sincero entre pessoas. Fazer pra nada. Só por fazer e ponto. Tanta burocracia. Tantos modos. Eu sem modos. Saí da minha casa pra me dar aos corpos. A loucura dela. E eu não lhes informo sobre a decadência dos encontros musicais nem da música que eu nunca gravei. 

 Muito pra .mim é pouco e pouco pra mim é muito.uma boa intenção é amor. Mas isso não é muito, isso é óbvio. Um encontro amoroso. É a liga. Mas feromônios estão antes disso. 

 A química extrai do corpo os Ímpeto mas não o contrai. 

No sonho eu carregava uma criança saindo de uma mulher. Sorrindo.


O que é pior do que chorar comendo. Querer possuir o que não é posse.