quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

 Não quero nem ouvir falar desse morto que de vez em quando aparece pra me perturbar. Quem quiser que acredite haver uma suprema genialidade. Posso ver o morto em seu legado, nomes de praças, prédios, teatro, passaram a ter o nome do morto que chorava em vida por não ter um tostão pra pagar as suas contas de luz elétrica. Foi tanta canalhice em vida mas na morte há quem nunca saiba do que foi capaz. Hoje mesmo pedi: "me deixe, morto!" na vida que o pensamento teima em lhe dar. Abusos sem limite, não tinha hora pra dormir, poucas horas pra acordar, se exibia com seu texto repetido sobre a inconstância só pra justificar o quão escorregadio, mentiroso, preconceituoso era o morto. Pedia meu cérebro e eu quase dei de tão louca pois em vida me privava do meu sono ao me chamar a qualquer hora pedindo socorro, um remédio, uma solução pra acabar com seu sofrimento. A sua morte não só lhe aliviou como a mim também. Eu já sentia sem saber explicar que sua vida seria breve. Agora é silenciar a vida do morto em mim. 

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