O primeiro dinheiro que recebeu gastou tudo em doces mas lembrou de guardar um bombom para ela. Dias e dias cujos dias nem saberia contar, foram passando, o bombom guardado esperando o dia do próximo encontro chegar. Afinal, teria que pagar para se encontrar e fazer o seu próprio trabalho por via dela. Gesto genuíno, puramente de amor, se realizou.
O bombom foi parar em minhas mãos e eu quis registrar, mas não. É um pagamento e se fez. Justamente no dia depois do outro que foi resolvido a redução da ingestão de doces. A vontade ultrapassa a resolução. A lógica é do inconsciente. Como pensar em quem sabe um doce e ele se materializar nas mãos pequeninas de quem o oferece às minhas mãos.
O corpo banhado de histórias trágicas barra as mãos rasgando a embalagem rosa choque. Pode estar envenenado o bombom. Ele duvida do amor encarnado na transferência que quer envenenar. A boca tira um muito pouco da cobertura e espera passar a saliva pela garganta. Nenhum sinal de mal. Nenhum sinal de morte. E os dentes mordem. A língua adocicada pelo veneno do amor.
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