segunda-feira, 21 de abril de 2025
A inquietude é vida quando ela atiça a criação. O mal-estar também é vida, acredite se quiser. Posso até acreditar mas não me conformo, vivo iludida, buscando um dia a paz de repente se assentar. A escrita já não faz mais efeito se não for para informar uma experiência depois de ler tantos livros e artigos e mostrar que sei para aprovação de quem lê, mesmo sem saber de nada. Estou cansada nesta etapa e receosa sobre as palavras já não mais me salvarem. Estou com muita saudade da praia, do som das ondas, do chão santo de um palco de teatro. Se a reza não tem lugar, como andar rezando? Se eu disser que hoje não caminho pelas pedras, será que é possível acreditar na minha palavra amanhã? Aguardo o esquecimento para apoiar as angústias dos traumas da vida. Aguardo o sol na minha cara impedindo que meus olhos fechem porque nasceu o dia. O dia passando com o cão, com o trabalho, com a higiene, com o urubu no meio do caminho abrindo suas asas pousado no chão da calçada querendo dizer algo que eu entendo como um comando para eu me afastar. Nesse andar para lá e para cá decidindo cada afastamento e cada aproximação desgasta a vida que duvida enquanto cambaleia. A sensação é de não ter forças para aguentar os raios dos próximos dias, mas os exames dizem que vou bem, sem tumores, com o sangue bom, lúcida e só. Por mais que o vento sopre, balance as folhas na sassanha, por mais que cantar desapavore e eu durma, a vida é incurável. Por mais que a boca enlargueça em um sorriso, os dentes mentem, escuros e quebradiços. As queixas engolidas por serem apenas queixas, emperram pedidos de companhia, pois cada um tem a sua vida e, se não se aproximam diariamente, talvez temam a explosão do raciocínio que se acha lógico ou a precariedade da capacidade de se relacionar.
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