terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Contra a AIDS





Americanos (Caetano Veloso)

Americanos pobres na noite da Louisiana

Turistas ingleses assaltados em Copacabana

Os pivetes ainda pensam que eles eram americanos
Turistas espanhóis presos no Aterro do Flamengo

Por engano

Americanos ricos já não passeiam por Havana

Veados americanos trazem o vírus da AIDS

Para o Rio no carnaval

Veados organizados de São Francisco conseguem

Controlar a propagação do mal

Só um genocida potencial

- de batina, de gravata ou de avental -

Pode fingir que não vê que os veados

- tendo sido o grupo-vítima preferencial -

Estão na situação de liderar o movimento

Para deter a disseminação do HIV

Americanos são muito estatísticos

Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos

Olhos de brilho penetrante que vão fundo

No que olham, mas não no próprio fundo

Os americanos representam boa parte

Da alegria existente neste mundo

Para os americanos branco é branco, preto é preto

(E a mulata não é a tal)

Bicha é bicha, macho é macho,

Mulher é mulher e dinheiro é dinheiro

E assim ganham-se, barganham-se, perdem-se

Concedem-se, conquistam-se direitos

Enquanto aqui embaixo a indefinição é o regime

E dançamos com uma graça cujo segredo

Nem eu mesmo sei

Entre a delícia e a desgraça

Entre o monstruoso e o sublime

Americanos não são americanos

São velhos homens humanos

Chegando, passando, atravessando.

São tipicamente americanos.

Americanos sentem que algo se perdeu

Algo se quebrou, está se quebrando



Hoje é o dia mundial da luta contra a AIDS, início do mês de dezembro tão esperado por minha filha pois é o mês do aniversário dela.

Lembrei de quando realizei os exames no princípio da gravidez e pela primeira vez fiz o teste do HIV. Ouvi relatos de outras pessoas que sentiram a mesma coisa - tensão. Ufa! Negativo. Quem vê cara não vê coração, mas tudo certo então.

Hoje o maior número de pessoas infectadas pelo vírus é heterossexual. Maridos infectam esposas, mães infectam filhos. Enfim, estou nessa luta, porque só depende de atitude.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Escrita livre, associação livre. Livre arbítrio. Então resolvi: escolhas livres. Para escolhas diferentes, sempre há um final e um começo. Para mim a finalização e a inicialização de algo é um processo ainda difícil. Jogo eventualmente meus papéis e arquivos eletrônicos fora quando resolvo fazer faxina, mas com os meus pensamentos não acontece assim, tão facilmente. Minha análise continua.

Percebo que existem pessoas tão hiperativas mentalmente que nem eu, tão ansiosas que nem eu. Perceber algo em comum com os outros me dá um conforto. Numa conversa com amigos, P. declarou que a vida não é fácil, é um leão para matar a cada dia. Isso eu já ouço há tempos, inclusive na voz de outras tantas pessoas. Mas ele nunca tinha falado com tanta.... eu nem sei nem dizer... tanta veemência talvez. Ou eu, como sempre, retardada para entender. Entender que o meu trabalho me dignifica e sustenta a minha vida de mulher, que a criação de um filho não é brincar de boneco, é formar um ser humano capaz e desejante, que existem sim momentos extremamente prazeirosos com pessoas amadas, que eu não tenho que ficar me pre ocupando com a morte porque ela chega de qualquer jeito. Agora é internalizar, a conta gotas, medidas homeopáticas.

Hoje acordei e o dia estava lindo. O celular despertou e coloquei na soneca. O dia continuou lindo, muita luz. Levantei, me arrumei, fui trabalhar. TRABALHAR!! Vida é trabalho, dá trabalho. Sonolenta, muito sonolenta, mas fui trabalhar.

Ontem esqueci o vidro do carro aberto, esqueci da chave de casa dentro do carro, esqueci. Minha cabeça se ocupa muitas vezes de entender todas as minhas impressões. Mas tenho a impressão agora que acontece o início de um prazer.... o prazer de viver.... mas eu como sempre, retardada.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Marianeando

Prometi a ela, não paralisar
Estou certa de que a loucura é algo da decisão do sujeito que se encontra num limiar tão delicado entre ela e a lucidez e sem querer se enxerga louco, enlouquece. Depois, emburrece, porque se nesse estado permanecer por muito tempo, não encontra o caminho de volta.

Tenha sido por milésimos de segundos, já experimentei a loucura. Várias vezes, por sinal. Por sorte ou competência, sempre achei o caminho de volta. Mas parece agora que não sei mais do caminho para encontrá-la. Prefiro assim.

sábado, 7 de novembro de 2009

Início da minha vida

"(...) as mulheres, e, entre estas, as mães, esses seres cuja ação cotidiana, cujos menores gestos e cujas menores palavras têm tamanha importância em casa, para criar ou destruir um ambiente favorável á vida harmoniosa de todos(...)"
(Marguerite Fradeau)


Início da minha vida. Continuação de mim mesma, nesse ser de onde eu saí e me encontro até hoje, de maneira mais elaborada, atualizada. Senão não seria eu, seria ela. Se eu não contestassse nunca, se não criticasse, seria ela, não seria eu. Então eu me encontro, mãe e Mariana. Ou será Mariana e mãe. Sim, Mariana e mãe, a primeira faz a segunda.Primeira postagem, só para registrar.