segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Por isso vá

É difícil porque eu não sou tão leve para você me carregar. Eu não sou tão doce para você deliciar e nem sou tão boa para merecer o que vem de você.
Levanto tanta poeira no meu caminhar, ando só e é impossível de acompanhar o meu descompasso.
Isso dói e você precisa saber que o meu querer não é o bastante. Isso mexe comigo, inquieta, desassossega e eu machuco você.
Por favor, não se aproxime. Tenho limites. Muitas vezes minha razão se esvai e eu sou perigo constante nesse instante.
Por isso vá e não olhe para trás, não se arrependa, não tenha pena.
Vivo assim incapaz de viver em paz.
Não me suporto, não me sustento, morro a cada minuto em que vivo e não me conformo com isso.

domingo, 25 de setembro de 2011

A pior das angústias

Apresento-me a este branco. Meus olhos enxergam a ausência das cores a cada passo que tento dar, como num palco de teatro, onde lá sou só eu e minha fala, minha interpretação. Quem já subiu ao palco sabe que um passo à frente no breu pode ser uma queda fatal. Por isso atraso o passo, por isso olho para baixo, por isso apresento-me ao branco. A luz foca o meu rosto, e por ora enxergo faces além do breu em um ocaso deprimente. Mas rejeito as cores, apago meus reflexos e o som me salva. Nem sei qual o caminho. Escolho a crise do fechar os olhos e deixar que qualquer interferência tome conta de mim. Parada na marcação do tablado, eu releio minhas palavras afetadas, com voz falhada, rouca, sem poder chorar para dizer a verdade daquilo que escrevi. Assim complico a vida da plateia, pouco concentrada em palavras e desejante de um espetáculo catártico.

Não vou falar da loucura, não vou falar da infância, não vou falar em nome de raça, nem religião, nem indignação óbvia. Vou falar da pior das angústias, a de ser presa de mim sem caçador.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Papel de Carta

É possível retirar pessoas da nossa vida? Tenho cá minhas dúvidas. Andei fazendo faxina no meu facebook e solicitei ao meu marido que realizasse a mesma ação no dele. Pessoas que não fazem parte da minha vida efetivamente ou que somente mantêm uma relação profissional devem permanecer na minha rede virtual. Eu decidi que não. Ainda não trabalho e nem lucro com a divulgação da minha intimidade. Tem aquelas pessoas que eu pouco vejo, mas o carinho ainda existe. Tem aquelas que eu pouco vejo e não merecem mais o carinho. Tem aquelas que eu pouco vejo e nem tem sequer carinho. Tem aquelas as quais quero atingir com as palavras publicadas, aquelas pessoas de opiniões interessantes e ligadas na informação. Tem as pessoas amadas, pessoas a quem desejo que sempre leiam minhas publicações... Exclui algumas da rede, mas não dá para excluir da vida.

Sabe aquele texto de Chaplin "Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."? É bem por aí, um dos textos que estão num caderninho de coleções de frases que tenho desde que comecei a imitar os bons hábitos de minha irmã mais velha. Eu copiava as frases dela, depois passei a capturar as frases alheias sozinha, depois passei a eu mesma escrever as minhas frases. Tenho esse caderninho até hoje. Na capa há uma montagem escrito "Frases" e dentro eu percebo a evolução (para pior, é óbvio!) da minha caligrafia com o passar do meu tempo de vida. Lembrei agora que ela também tinha uma coleção linda de papéis de carta, mas essa eu não consegui copiar porque, pensando bem agora, o que há de interessante em colecionar papéis enfeitados e sem nada escrito? Ela estimava a coleção, uma pasta espessa, papéis lindos e sem sinais de amassos. Nem sem o que aconteceu com eles...

Neste exato momento a escrita vem como remédio, calmante para a minha alma. Tantas confusões mentais, tanta poesia sem registro vem na minha mente... Na beira do rio da loucura. Nem lago, nem dique, nem praia. O rio é da loucura mesmo, que leva as ideias para a imensidão que é o mar do pensamento. Freud escreveu um livro chamado "Projeto para uma Psicologia Científica" tentando normatizar, fisiologizar o aparelho psíquico. Penso que foi em 1895. Li, ou fingi que li (sabe como é fingir que leu? rsrsrs), exaustivamente este texto e pensei não haver retido nada, pois o sujeito que resolveu dizer que conhecia o texto, na época estudado na Confraria dos Saberes, por pouco não me fez desistir de Freud (será que era esse o objetivo dele??? Se quiserem saber o nome depois eu divulgo! Não o indico a qualquer pessoa como parceria para o exercício da psicanálise!). Então, o livro trata disso, e vai ser maravilhosamente elaborado no clássico freudiano "A Interpretação dos Sonhos", de 1900.

Quero escrever mais sobre isso depois... escreveria hoje até dormir....

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Oxigênio

Faz tempo não decido parar para escrever. Meu blog quase abandonado, porém ainda respirando – de vez em quando entro e o oxigeno com a minha visita. Oxigenar, esse é o nome. Retornei à análise semanalmente, e isso provoca em mim a tal da felicidade. Por estar trabalhando muito na empresa que paga pelo meu trabalho e na análise, lugar onde eu pago para trabalhar, tenho encontrado certos sentidos para viver a meu favor e a favor da minha família edificada, principalmente. A saudade da minha analista tem sido saciada a cada segunda-feira com o trabalho, o encanto pela minha nova colega de trabalho e meus gerentes tem sido alimentado também pelo trabalho. Na minha casa, sinto as coisas tomando seu devido lugar em consequência da motivação do meu marido com o seu novo trabalho e minha filha retornando aos cuidados de uma mãe que não deixa de fazer contato com a psicanálise, que me mostra todo dia que a vida é trabalho.


Estou nesse momento fazendo o exercício psicanalítico do qual não lembro o nome agora, mas que faz referência à nossa retenção inconsciente do que ouvimos com a palavra trabalho. Já escrevi um texto sobre isso no meu blog. TRABALHO, a única palavra que extraio da composição desta é alho, e eu associo ao efeito antibiótico do alho, muito usado na cozinha da minha casa. (A escrita está bem flutuante! Rsrsrs). Cresci com a informação de minha mãe de que sou alérgica à penicilina e quase não precisei de antibióticos na minha vida. Meus dentes nunca tiveram uma cárie sequer até chegar os 30 anos... nem os cabelos brancos, nem os pés inchados de ficar tanto tempo sentada durante a jornada...ah! O danado dos trinta anos! Pelos 30 anos vividos tenho sentido a velhice, e tenho dito que estou velha. Sim, estou velha, porque desde criança eu sou velha! Também já escrevi uma poesia sobre isso. Minhas irmãs e primos conseguem se surpreender com a minha memória de coisas da nossa infância. Eu mesma às vezes não sabia que lembrava de tanta coisa que eles não lembravam, achava que certas recordações eram coletivas, mas não. Então, essa coisa de observar muito a minha volta era involuntário e sem quaisquer intenções, e talvez por isso, eu não soubesse como usar ao meu favor. Aí completam-se três décadas de impressões, registros, experiências e, se o meu eu não pode cindir com tantas falas e cenas registras, esquizofrenizar mesmo, eu decido procurar saber e encontrar o que fazer com tudo isso.

O melhor é descobrir o possível e constatar o impossível. As lagartixas não têm mexido com a minha fobia, nem os ratos. Nem as baratinhas do ônibus! Rsrsrsrs Constatei que elas, as baratinhas do ônibus, só aparecem à noite, com clima propício, que as lagartixas comem aranhas e pequenos insetos e minha casa deve estar limpa sempre. Muito mais dificil é a apariçao de um rato. Na Confraria dos Saberes tem um galo agora, e eu pude ficar observando (eu também apresento uma fobia de aves, pelos bicos, garras e expressões muito inexpressivas!) de longe e tive vontade de chegar bem perto e testar uma aproximação, mas a porta estava trancada. Parece até besteira isso que estou elaborando, mas vivo em psicanálise e sei que não o é. Uma relação com esses bichos é possível, o impossível é saber como a morte irá chegar, mas disso eu não preciso saber.