sábado, 19 de março de 2016

1, 2, 3 - CRi Ação

Eu sonhei com um bebê, acho que era m-eu. E com cachorros que viviam dentro do condomínio numa cela do subsolo. Cachorros dos vizinhos. Grandes e de raça. O prédio era o novo prédio da empresa na qual eu trabalho.
Sonhei com uma criança cheia de manchas roxas na cara. Ela estava no mesmo ambiente que eu. Um homem, jovem, a chamava quando percebeu que eu a observava. Observava as suas manchas, como hematomas. Talvez uma agressão. Esse homem ( talvez eu estivesse agachada na cena, pque o enxerguei de baixo pra cima) também apresentava as mesmas marcas roxas pela face e pescoço. Penso que pelos braços também. Ele recolhe a criança, a distanciando de mim.

Nem sei como começar a narrar o conteúdo manifesto desse sonho. A punição, de não sei o que, eram palmadas na bunda. Um determinado número de palmadas na bunda. Eu agora estou sentindo vontade de chorar. Palmadas em público. Eu tinha que levantar a roupa, colocar a calcinha pro lado e receber um determinado número de palmadas. Cem palmadas. Antes mesmo de começar a punição, aquilo já era sentindo como se tivesse ocorrido: ardor, dor, ferida, eu não vou conseguir vestir roupa. Eu estava debruçada no carro. Ugo estava no carro da frente, do lado de fora, em pé do lado do carona, de modo que eu só enxergava do ombro dele pra cima. Os braços dele estavam sobre o teto do carro. E eu olhava pra ele, acusando ele, ele olhava pra mim com aborrecimento e impaciência, mas ao mesmo tempo cheio de amor, como se perguntasse "por que você me acusa? Vc esqueceu o que vivemos?" eu , me preparando pras palmadas e retrucando em direção a ele. Estou chorando. Antes da cena, eu estava num ambiente familiar, minha mae colocava pra fora da casa dela uma criatura (me veio, uma menina, mas pelas atitudes) que insistia em dizer que eu tinha um relacionamento amoroso com Ugo. Minha mae sabia que sim, todos saibam que sim, mas, me defenderam. Ela não tinha o direito de estar no meu ambiente familiar me acusando de coisas que não diziam respeito a vida dela, mas a minha. Essa menina estava, de algum forma, presenciando a cena das palmadas na rua.

Ugo estava no carro de trás.

Sinto que estou me desmanchando.

Sonhei com VC a noite inteira. Um sonho em duas partes. A primeira eu ia te visitar numa casa onde vc passava alguns dias, regularmente, e eu chegava com Nailton lá, pra trabalhar. No quarto do casal dono da casa ficava duas camas de casal, com as cabeceiras encostadas uma na outra, de modo que os casais dormiam no mesmo quarto, mas em posições opostas. Nailton insistia em brincar de me paquerar e você ficava sério, porém concentrado no trabalho. Eu te perguntava se a sua seriedade tinha a ver comigo, e Vc me devolvia a pergunta. Voce estava casado e sua esposa chegava ao mesmo tempo em que eu descobria que o casal que hospedava vcs eram pessoas conhecidas minhas desde a infância - uma pessoa que trabalhou na casa de minha avó e conviveu com a maioria dos netos dela. O nome do sogro dela era igual ao seu. Eu me movimentava pra ir embora, aí você dizia, muito mal humorado, mas tentando fazer o clima ficar bom : "vou ali pegar o violao pq daqui a pouco vamos sentar e fazer um som ", como se essa fosse a única solução pra noite transcorrer naquele momento.
A segunda parte do sonho era num estúdio. Um estúdio que era a casa de Lulu Santos, eu acho. Muito bagunçado o local. Variava entre a casa de Lulu Santos, a casa de minha avó materna (onde eu vivi minhas experiências infantis e adolescentes com a música, onde eu aprendi a colocar acordes no violão e cantar acompanhada) e a casa do meu amigo ator. Estava lá eu, você e Nadja, algo com o estusiasmo daquele dia de gravação aqui em casa. Vcs mexiam nos equipamentos pra lá e pra cá, e eu ficava numa posição meio passiva, pq não sabia o q fazer pra ajudar. A gente tinha 3 horas pra ensaiar e o tempo estava sendo consumido por esses ajustes dos equipamentos. Voce, ia lá, mexia do que tinha que mexer, e vinha pra mim, beijando, cheirando, pq percebia a minha expressão de angústia, por conta do tempo passando e eu calada sem fazer o meu trabalho que era cantar. Eu ia pra cozinha da casa, arrumar. Lavar pratos. Era um lugar com pouca luz. Você vinha sempre, por trás, procurando o meu corpo, me abraçando, me beijando, se enroscando. Tirava seu pênis e fazia aquelas coisas q vc costuma fazer. Eu pedia pra se conter, tinha gente no ambiente. E dizia " vamos terminar o q tem pra fazer e depois vamos descansar um pouco no quarto". Nessas idas e vindas suas aparecia um bebê em meu colo, cheiroso, todo vestidinho, com cerca de 4-5 meses [esse é exatamente o tempo em que começamos a ensaiar juntos!] e eu o colocava em seus braços dizendo "tome, segure aqui seu filho enquanto eu termino de arrumar as coisas". Você sorria pra mim, estendia os braços e pegava o neném, dizendo: " venha, meu filho".

"(...) afirma J. Guillaumin, sonho é um dos motores da criação" (citação de Denise Morel, no livro q estou lendo). Freud diz que o sonho é a via régia do inconsciente. Pública em 1900 um livro chamado "A interpretação dos Sonhos", e a psicanálise é basicamente inaugurada aí.