RASCUNHO I
É novembro e ainda há tempo
De esquecer as minhas rugas
Dizer não ao meu desalento
Essa coisa que mexe comigo
Não me abriga
Mas me obriga e eu penso
Que diabos eu faço com o tempo?!
Às vezes sem inspiração sou levada pelas
minhas mãos independentes no espaço
Onde eu me esqueço, onde eu me perco,
E quando passa tudo, eu me acho
Muitas vezes sem palavrões
Não penso, não penso, não penso!
Escrevo, me guardo
Nada falo
Canto, choro
Respiro
Durmo, sonho
Desperto e interpreto
RASCUNHO II
Deve existir o calor da morte
A febre de ir embora
Se há ardor na paixão
Talvez exista certa frieza no amor
A dor que me diga
Qual remédio devo tomar
Nesse calor da febre que me arde
E me faz esfriar para viver
Até encontrar a febre de morrer
Porque há sim
Olhos lacrimejantes
De lágrimas que não escolhem por onde
Narinas, olhos, ventre, todos os vãos
Cabeça quente
Esvaziada
Respiração ofegante
Cansada
Da frieza de viver
Para encontrar
A febre de morrer