terça-feira, 31 de outubro de 2017

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Naturalmente eu deitei. Pacto imediato de sigilo e associação livre. Olho de morto. Peixe morto. Bonito. Limpo. É o que eu chamo. Relações limpas. Contador.

Contador! (Meu Deus, duas vezes). É aqui a coisa dessas tantas. É aqui, aí, lá, acolá, entre a terra e o mar. Meu Deus! O nirvana político. Uma decisão.

Que frutífero terreno! Alpercatas macias nos meus pés, leveza do algodão a roçar em minhas costas febris. Dolorido corpo. Eu olho pra ele depois, onde está outra teoria, onde está a psicanálise é onde ela não está. Meu Deus...
Meu Deus do céu. Estou em análise, graças a Deus, você sabe, se eu posso pensar que Deus sou eu. Prenderam um artista performando na rua, sedaram ele e levaram pro "manicômio". Ele foi "solto" por uma psiquiatra. Agora Caetano e Wagner "são" pedófilos. E Edir Macedo tem uma fortuna de bilhões. Três bilhões. Parecia que eu estava arrancando minha pele, porque eu passava as unhas pelo rosto, pescoço, braço. O corpo do analisando precisa ser apontado, o biólogico e comportamental. Basta aprontar " o que é isso?" e fazer um espelho, ou "o que é  isso?" e perguntar sobre esse braço mexendo pra  trás e pra frente. Há diferença entre ir lá hipnotizar e deixar falar o que vem à boca. Não é à mente, é à boca. Qualquer boca. A pulsão é entre o somático e o psíquico. Está na voz.  Porque "onde é o id estará o ego" . Meus olhos fecharam enquanto associava livremente.
Muito tempo de olhos fechados, propósito a um transe. Há um som chato de ar condicionado e falei isso. Isso é psicanálise do sensível. Eu disse, estou sensível a esse som, minha voz eu sinto ter que forçar mais pra falar. Ao mesmo tempo em que isso me fez usar algo do cantar.
Eu sou mesmo uma Monstra.



Pitú

Eu vi e ninguém me disse
No quarto há um quartinho
Bregueços e soluções
Bregueços e invenções
Na beira da cama
A luz apagada
Senta
Enverga
Acende o cigarro
Único cigarro
De todo dia
Nesse começo tardio
Diante da vida humana
Sem sete vidas
Mas sete portas
A janela pro poço
Projeto do filho
Cobertura da sua morada
Festas do seu samba
Espuma de cerveja
Na boca das crianças

Lá vai a menina a girar
Na roda a passar
Os meninos na esquina
Bem na esquina
Fumando um cigarro
Lá vai a menina a girar
Na roda a passar
Para os meninos na esquina
Com batom na ponta do cigarro
O importante é ser feliz.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Eu sou puro segredo?
Eu te conto
Eu te quero

Vou-me embora
Queira ficar

Sou o seu preciso de você
A sua luz
A preterida preferida
Então faltarei
Ficarei
Com o som da sua voz
Porque quando a gente gosta mesmo
Não quer mudar a pessoa.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Eu duvido de olhares condescendentes. Quando a boca abre em local impróprio, quando o caminho desvia pra falar coisa inútil onde o amor é inexistente, onde a ganância é imperativa, onde gente é tratada como cadeira. Eu duvido e congelo. E ele vem com força, o medo aqui dentro de ir lá fora, atravessar a catraca e ter que cerrar meus olhos intolerantes, me atirar entre famigerados e ricos de poder onde não há poder e o amor não existe. Eu mudo minha pele, eu rasgo minha íris, suplico por pálpebras nos ouvidos, tranco minha boca, retardo meu raciocínio, meus pés incham, meus pêlos eriçam, meu pescoço endurece. Paralisa. Falta ar.

Tratamento pra o que não tem cura, não existe tratamento pra parar o que não tem cura.

sábado, 21 de outubro de 2017

Com palavras na cabeça e ouvidos em lágrimas negras eis que surge o dia em que você desejou visitar minha playlist. Uma, duas, três e logo desistiu - muita melancolia, não? Procurava declaradamente por uma agitação dessa cuja boca você deseja no microfone. Lágrimas negras, caem, saem, doem.
Vapor barato.
Sem poupar coração.
Pra mim tudo tanto faz
Quando tudo é repetição
O gozo da fantasia
Pra mim tanto faz ouvir vozes
Chamar atenção
Silenciar um toque
Nem sempre é possível cantar bem alto
É quando vejo tudo colado no gozo fantasmagórico
O terceiro é a maçã no Éden
É tudo aquilo que tanto faz

Uma lágrima escorregadia
Uma bocejo
Um grito quando não gritado
O choro engolido
A viagem custosa
O amor escondido
O livro aberto na página desmarcada
A barca virada
O navio mais lindo do mundo
Cisne branco em alto mar
Tudo isso
Muito mais
Muito mais
As coisas do mundo
Tanto faz.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Sei onde estão as dores do mundo. Estão exatamente sobre as minhas costas. Estão precisamente na região cervical da coluna vertebral. Micro paralisia em dores, rejeitando a química analgésico antinflamatória. E o corpo insubmisso carregando as dores agora. Bem na hora do almoço. Agora. O choro. Quando se vê só dolorido é deprimente. Quando se vê só já o é. Vai acostumando porque ninguém sabe o dia de amanhã. Tomara que sem as dores do mundo, meu mundo.

domingo, 15 de outubro de 2017

Quando a base do gozo é perdida, a coluna dói. Ou os ouvidos doem. Alguma coisa há de doer. Depois passa. Agora está na vida que pediu a deus. Desocupada de mim na vida. Autismo, esquizofrenia, hiperatividade, bipolaridade, transtorno depressivo. Estou trabalhando. Abraço Cabeça e sinto o quão bom partido ele é. Ao longo do meu abraço, alguns insistem em ficar. Quando lembram de mim. Ela quis desocupar-se. Eu digo ela quis, eu quis, nós quisemos, pelo cordão do imaginário, pela viagem das fantasias. Pelo não dito. Pela herança psíquica transgeracional. Cadê? Cadê que me conta? Um dia parece que começou a contar e eu disse que não contasse. Porque eu estava muito em baixo e me faltava condições de escuta. Você entendeu? Agora não, por favor. Mais tarde. Eu poderia dizer. Não soube dizer. Alguém, depois de anos, sussurrou. Como sussurraram durante as festas de aniversário. Olha ela. Deitada. Agora não, isso é pra depois.
Sentir o corpo a docilizar em milímetros. Uma luta contra uma grande força. Um choro contido. Lombar, ranger dos dentes, insônia, perda de apetite, auto-mutilação e conta bancária.
Queixa.
Doce queixa.
O sino da minha aldeia começa todo dia às sete. Ele é holofotado e nesse dia me tira da lama. Um mar fétido, sujo, meus pés fogem desse esgoto mas uma onda vem como um cobertor gigante, eu me agarro à areia seca, colo minha cara no chão, ela vem passando por cima e eu não posso fugir. Deixar vir e torcer pra que nenhum pingo toque no meu corpo entregue ao chão de areia.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

É tao bom é Uma reza feita por um baiano pai do axe. Ele diz (reze comigo): é tao bom quando a gente se entrega à beleza se sente em total realeza com a natureza e o amor. É tão bom quando cicatriza uma ferida abrindo as portas da vida pra um beija-flor te beijar é tão bom quando a gente tem fé e acredita que existe uma vida bonita como quem cultiva uma flor é tão bom nao we desesperar com besteiras nem levar a sério as asneiras que algum see humano tramou é tão bom ir colando os pedaços da vida sentir toda ira incontida que teima em queimar todo o ser e esquecer toda mágoa que molhou os seus olhos saber que no fundo unicórnios pavões e mistérios no ser há é tão bom.



Hoje posso morrer feliz.

domingo, 8 de outubro de 2017

[(tanto faz) + (o vazio)] . m = ok

Oca na roda viva. Olhadela que avista sobre o ombro os que desejaram ir, ir depois do amor. Amor que nunca cicatriza e convoca a seguir lentamente, peixes no fundo do oceano. Bem fundo, onde há pouca luz e é vasto, muito vasto. O encontro com uma correnteza na vastidao. Peixes rodam na profundeza do oceano?
O corte
O dinheiro
O dinheiro faz o corte
O acordo
O corte
O acordo faz o corte
Depois cicatriza
Faz memória na pele do discurso
A fobia
A harmonia
O que não têm cura
O vazio
Tanto faz
Na matemática
Do desejo.


O mundo nos leva a matar porque sabemos da morte. Todo mundo é assassino.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017


  • A previsão é de que o caminho para a morte carregue a febre no final do dia, todo dia, e não se sabe o motivo da noite trazer tanto queimor sob a pele, labaredas pelos olhos a marejar. 

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Silêncio é movimento
Fala do absurdo
Retroage impulsos
por vezes inflama o corpo e há febre
Deixa ele banzeiro
E os olhos se fecham
se flecham certamente
Olhos nos próprios olhos

Silêncio é ajuste
Tremor sob a pele
Alguma dor no peito
Minutos pra uns cigarros
O corpo arrumado pedaço por pedaço
Sabendo muito bem das suas emendas

O silêncio é zoada
Dentro do meu corpo
Em silêncio

Dentro de uma garrafa ao mar

Para não sentir o que estou sentindo, eu tentei me despedir mais cedo. Estou falando de um ritmo e teor de comunicação que foram alterados. Espero que esteja bem. Beijos.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Quero ver o mundo com a morte bem na minha cara
Parapeito
Alto da escada
Montanha
Pára-quedas
Dentro do balão
Eu posso ver o mundo com a morte bem na minha cara
Cheia de vida
Cheia de mentiras
Se não fosse o verde que avisto
Um pássaro voando
Uma viagem à terra de terremotos
Onde me aceitam como visita
Me rejeitam para o amor
Me convidam a entrar na água fria
E sinto meus pés saírem do chão
E a morte bem na minha cara
Debochada
Sorrindo de novo

domingo, 1 de outubro de 2017


  • Há um corpo. Frágil corpo. A febre antecede as bolhas nesse corpo. Doi mente, doi alma, doi coração, de tanta dor no corpo antes das bolhas. Se esse mesmo corpo souber habilmente colocar-se com febre diante do espelho e calar a boca, ficar só esperando a febre ao cair da tarde passar, sentir as bolhas surgirem, e nada falar, absolutamente nada, todos os corpos envoltos serão salvos das bolhas estouradas e inflamadas.