Às vezes o beijo é só um passo na dança
Passada
Da boca
De quem
coreografa
A transa, uma coreografia inteira.
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Se o sonho
Sonhador
Eu entrei no avião e você disse que me ama também
E sente saudades
Aeromoça, quero sair
Quero voltar
Infelizmente essa porta depois de fechada por causa do sistema de compressão não pode
Abrir
Compreensão
Quero transar com ele
Beijá-lo
Masturbá-lo
Passear minhas mãos por seu corpo
Passear minhas narinas por sua pele
Meus dedos nos seus cabelos, minhas unhas no couro
Eu quero ir ao cinema
Conversar sobre um assunto
Ficar em silêncio
Dividir um cigarro
Ver paisagens e cantar alto
Rir alto
Cenas possíveis
Dentro desse avião
Atravessando o mar
Sonhador
Eu entrei no avião e você disse que me ama também
E sente saudades
Aeromoça, quero sair
Quero voltar
Infelizmente essa porta depois de fechada por causa do sistema de compressão não pode
Abrir
Compreensão
Quero transar com ele
Beijá-lo
Masturbá-lo
Passear minhas mãos por seu corpo
Passear minhas narinas por sua pele
Meus dedos nos seus cabelos, minhas unhas no couro
Eu quero ir ao cinema
Conversar sobre um assunto
Ficar em silêncio
Dividir um cigarro
Ver paisagens e cantar alto
Rir alto
Cenas possíveis
Dentro desse avião
Atravessando o mar
domingo, 6 de dezembro de 2015
Trinca no amor
Na Bombambulante
Uma trinca no amor
Canta, canta
Adesiva
Ficará intacta
Imperceptível
Uma cicatriz
Na caminhada.
Uma trinca no amor
Canta, canta
Adesiva
Ficará intacta
Imperceptível
Uma cicatriz
Na caminhada.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
O CHÁ
Quebra pedra
Maré baixa
O corpo preso
Quebra pedra
Da janela
O som atrasa
Quebra pedra
Maré subindo
O corpo preso
Quebra pedra
Amarra
Fio azul
Abandona a pedra
O corpo preso
A pedra
O fio azul
Maré cheia
Da janela
Meio fio
Maré cheia
O corpo preso
Espera
O giro da terra
Maré baixa
Quebra pedra
Quebra pedra
Apanha
Areia
Mais areia
Maré baixa
Corpo solto
Fio azul
Da janela
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Há violência no silêncio?
É na presença. Escolham. Presente! Bebam o chá, se
trouxeram suas canecas, ótimo. Eu trouxe a minha de bem longe, paguei
mais caro que o ingresso do espetáculo. Tudo bem, aqui tem canecas, todo
o dinheiro é revertido na realização do espetáculo. Fui só eu e minha
caneca e bebemos chá! Uma aguinha. Que delicadeza. Água de fruta,
cítrica.
Decidam. O que vem por aí?
Havia gente de todas as idades. Uns se reencontrando, outros encontros. A luz apagou e as lanternas celulares logo acenderam.
Estou aqui, viu? Papai está aqui. Com a luz na cara, na casa.
Na cortina-porta algo-luz vai e vem. Um balanço preso ao
teto. Que nada. Um cordão com uma lâmpada na ponta, pra lá e pra cá
depois da cortina aberta. A dança já começou. Um círculo motor corpóreo,
respirando. Uma santa chega dançando. Haja força nessa mulher! As
meninas, os meninos, o bebê, olhando. O breu do aposento fechado. Quem
decidiu chorar? Tudo fechado, obedientes paralisados tratando fobias.
Papai está aqui, viu? Faltou luz na casa.
Quem decidiu deixar a porta que bate fechada? Abram, as
meninas estão lá, gritando! Lá, no fundo do corredor, escutam? Elas
abrem as bocas encadeadas. Parecem espantadas, doídas. Têm força essas
mulheres. Empurram a multidão intocável, rosnam. Quem decidiu ficar no
corredor? Saiam!
Papai levanta, levanta: a filha do rei, Leão. Papai, Simba
no meio da manada de guinús. Elas passam, guinús. Papai, você decidiu
ter medo delas? Por que me levanta assim acima da manada? Choro.
Há violência nesse silêncio de nenhuma palavra para o bebê.
Papai nada tem de rei, Leão. Papai decide ter medo e faz chorar o
choro dele - quem ainda não é eu, pode cair no meio da manada.
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