sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Encontros com Caetano

Eu ganho o meu tempo quando ele aparece. Quem bem me conhece sabe que eu adoro Caetano Veloso, desde criança, quando parei peguei na capa de um disco em vinil "Totalmente Demais Ao Vivo" e com minha irmã mais velha eu acompanhei a leitura de Vaca Profana. Ela dizendo "eu conheço essa música!", cantarolando. Depois desse momento começamos nossa busca por letras, discos nas casas dos familiares, entrevistas, interpretação de letra de música... Encontramos um livro que continha as mais famosas músicas de Caetano com informações de rodapé sobre todas elas! (Agora decidi, definitivamente, nunca mais emprestar meus livros) e sua breve biografia, com fotos dos seus pais e irmãos. Meu pai disse, em um determinado domingo, que iríamos todos passear à tarde pois tinha uma surpresa para mim. Não conseguiu esconder por muito tempo, aos 9 anos eu já lia o jornal e li a notícia: Caetano estaria na Colina do Bonfim para inauguração da recuperação do local pela prefeitura de Lídice da Mata. Assim, acabei com a surpresa! Esbocei uma lágrima – na minha cabeça de criança eu tinha que fazer cair uma lágrima para demonstrar a minha emoção. Tal emoção que eu não senti... Enxerguei naquele momento um ser de carne e osso, muito simpático, e só. Cheguei bem pertinho dele, puxada pelo braço por uma tia que pensou ser eu uma daquelas fãs alucinadas e histéricas. Tsc, tsc... Depois fui à Santo Amaro ver o show. Ele vestido de amarelo e branco olhou para mim, com certeza, eu vi. Um menina de seus 13 ou 14 anos cantando todas as músicas bem pertinho do palco, observando todos os movimentos faciais dele, com uma máquina fotográfica na mão que logo passei para o meu primo e pude curtir o show, na sua voz e no seu violão. Passado algum tempo, eu novamente em Santo Amaro, o encontrei numa festa de Reis e depois num show de Margareth Menezes o qual, surpreendentemente, meu hoje cumpadre cutuca o meu braço e pede para eu olhar para o lado dizendo: "olhe quem está aí". Caetano ao meu lado, assistindo ao show também, muito mais carne e osso, assim como eu. Depois o encontrei no Arraiá da Capitá, aos meus 16 anos, inusitadamente, pois nem sabia quais as atrações do dia. Lindo show.


Hoje passei a tarde assistindo sua aparição na televisão, juntamente com GalCosta. Jô Soares não resistia em instigar as palavras de caetano. Gal monossilábica, sem muito expressão, e ele simplesmente falante, leve, maduro. Ela já não mais satisfazendo ao público com seus agudos marcantes, voz mais grave e tons baixos fez até o meu marido criticar, dizendo que não canta mais como antes. Bem verdade. Ninguém é como antes e o público é cruel. Caetano na sua generosidade, compôs músicas e deu para Gal gravar, mesmo sabendo, com certeza, que não é mais aquela voz maravilhosa de antes, mas é a mesma artista, amiga e cantora sensível com a arte, a colocar a voz em suas canções, pois como toda a gente do signo de leão (isso existindo ou não), é vaidoso e aprefeiçou a sua voz com o passar dos anos. Foi bonito. E o melhor é vê-lo cada vez mais lúcido, inteligentíssimo, tão ele mesmo, assim como eu.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Longe de você

Saiba então que eu não sou eu longe de você


Daqui de dentro tiraram você de mim

e eu não sabia, não senti nem dor, nem frio, nem calor

Só disse "eu te amo, meu amor"

para que no bem dizer fosse recebida

no meu querer ainda sem querer, sem saber

Então longe de você eu não consigo conter

tento escrever, seguro minhas mãos para não telefonar

seguro minhas pernas para não correrem no seu encalço

e te arrancar de onde está

Porque o seu lugar, para mim, é ao meu lado

Quando conversamos, quando nos ensinamos,

quando você inventa um novo jeito de falar

quando você canta o seu inglês sem pestanejar e nem desafinar

Quando você me chama de minha

e eu me assusto, como no tempo que era só mainha.