segunda-feira, 31 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 176

CENA: Muita tosse

O MENINA BAIANA: Quando o cigarro é encontrado pronto fica muito mais fácil e rápido o movimento. Tenho que ter ele pronto até dezembro mas estou duvidando dele. Fui à vitrine cheia de excitação e nada. Um vazio grande, como se eu tivesse que inventar angústia? Eu não sei. Quando ela vem é tão intensa. Eu sinto vontade de matar. Acabei de rumar, esqueletei o novo setlist e o sinto mais denso. Waltinho não entrou nesse ainda. Eu não quero mais dizer que a gente vai levando no cambalacho. Gosto da de Lula, dentro da minha cabeça tem um pensamento só. Tô vendo que há água e amor e axé, extra é o protesto, gita é a oração, é tão bom é o caminho nessa minha tropicália. Amor de baiano, amor de baiana, a favor do transumano.

domingo, 30 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 175

CENA: Muitas frases

O MENINA BAIANA: Gente que não vacila na fala. Um vício. Busco orgasmos itinerantes. É lindo ele. Tão lindo. Na sua auto-centração, no seu sumiço, por dialogar no léxico do meu hospício, é lindo. Será muito amado, já disse. Digo logo. Existem coisas muito urgentes e ele me viu. Não sei se viu a única mulher pedindo que salve as pretas, se viu mais um homem como tantos outros e ele mesmo naquele chão bordado. É um lugar de ciclos, é água, quentura, ebulição. Preciso preencher um buraco assim: Priez pour ma façon d'être, mère. Meu corpo ocioso e incensado sempre pede outro corpo e imagina quem pode ter. Ninguém.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 172

CENA: Para trabalhar


O MENINA BAIANA: Está tudo passando. Eles estão indo como bons marujos que são. Ontem mesmo outro marinheiro - o meu cheiro, o meu olhar, o meu dançar. A vontade de bater por não poder pegar veio com um forte aperto na bochecha. Eles sempre têm vontade de bater, mesmo dançando ele me disse que não sabe o que era, mas que olhar pra mim lhe traz a vontade de me bater. A televisão toca Janis Joplin. Summertime. Deixo que me digam da vontade de beijar. Eu sei que o que desejam mesmo é bater. Até aquele que atravessou o mar, em cujos sonhos eu já aparecia. A minha companhia é apenas um fetiche. Uma vontade. Vontade dá e passa, também me disseram. Queria passar algumas horas olhando profundamente pra os olhos de alguém que não me pede beijos antes de pedir pra segurar a minha mão e passear comigo.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 171

CENA: Dança na cidade


O MENINA BAIANA: Por que não eu. Sem dúvidas. Rastros de divã, a negativa e muita consciência. É o tal do fortalecimento do eu, sem dúvidas. Se for uma dúvida a cada ano, estou com direito a mais dúvidas por ano. Ela me disse pra evitar cores escuras às segundas-feiras. O preto tem me atraído bastante. A casa da mãe também. O amor bate à porta da casa quando é amor. Às vezes penso que basta a matemática. Agora tenho certeza que sim. A matemática dos corpos pela cidade. A pulsão é apenas o um do binário rítmico. Ela vai. Quando há tentativa de retê-la, é suicídio. O outro um é o mundo todo. Toca em algum ponto. Ninguém pra reclamar do meu cigarro! Ninguém pra me dizer: só entre eu e você. Ninguém. Alguém está vindo me dizer que vai custar quase nada, basta desejar e chamar gente. Gente do rio vermelho. Ah! Meu rio Vermelho! Nossa senhora do desejo, minha santa Muerte! É você, minha santa fé, quando me tem em seus braços e me traz menino baiano do rio Vermelho. Hoje é ele. Amanhã eu não sei. Sei que ele existe e me pergunta por que o menina baiana. Eu digo tudo, tudo está na rede, girando em moinhos sobre a água. Mundo imagens, sons e desejo. Se é groove que falta, já senti. Senti pureza de pele soteropolitana. A nossa pele de ébano. Lavada, com asas concluindo a secagem em sua última gota pronta pra voar. É chamado, diferente de favor. É por ela. É amor.

terça-feira, 25 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 170

CENA: Mariposa


O MENINA BAIANA: Os caminhos se estreitam e a televisão ligada preenche a minha mente incansável. Talvez eu seja uma pessoa chata. Vou buscar: Doces e Bárbaros – Um Estudo sobre Construções de Identidades Baianas, de Carlos Barros, Uma Crítica Cultural do Pagode Baiano – Música que se Ouve, se Dança e se Observa, de Ari Lima, Os Belos, O Transito e A Fronteira – Um Estudo Socioantropológico sobre O Discurso Autorreferente do Ilê Aiyê, de Carlos Aílton Conceição Silva. Estou chamando de fetiches baianos, brasileiros, o que viram antes da cantora: escrava Isaura, Gabriela, Sônia Braga, Daniela Mercury. Marisa Monte apareceu na cama no meio dos corpos encaixados. Até hoje eu rio. Escuto que sou um delírio do amor e que a menor distância é sempre o amor. Nada mais justa a canção quando eu posso me aquecer na minha cama e me sentir protegida pelo lençol e som. Se você escuta pouco as músicas e me mostrou isso, realmente não precisa escutar muita coisa. É amor puro. Por isso pode ir, meu presente na alma está marcado. O que tem de ser tem muita força. Que seja agora. Eu te amo. É outro dia que nasce. Bom dia.

o Menina baiana - claquete 169

CENA: Com terra


TERRA: Deusa cantora, forte delicada flor raio trovão.

O MENINA BAIANA: Pensei em você. Ia chamar, acredita?

TERRA: No agora, na sua cabeça corpo imaginário, o que vê fazendo com em cantar? esses lugares do "profissional artista"? Super outra coisa que não tem nome?

O MENINA BAIANA: Eu acho que não sou artista. Ou os outros é que não o são... Não sei mais de nada. Senti quando vi: não tenho pra onde fugir, está tudo em mim. É a liberdade em exercício, eu presumo. Talvez o não ser artista faça parte do processo de ser artista. Será?

TERRA: Ah! Acho que tem algo por aí sim. A busca do que é importante mesmo, da desacomodação...

O MENINA BAIANA: Eu continuo amando todos! [Gargalhadas]. Eu gosto de viver o amor, seja lá quem for. Pode ser meu bicho de estimação ou um mulherão, é tudo amor. Sexo é de outra ordem, deixo que pensem que sabem do meu corpo. Mas só eu sei. Eu insisto nos machos ainda. Mesmo sendo mais homem que eles, embora eu não saiba muito essa diferença. Mas se há a diferença de pinto e buceta, então tô considerando essa. Já pensei que eu fosse lésbica, depois percebi que essa questão de ser ou não ser é dispensável. Vou vivendo os encontros. O que desejo mesmo é alguém que tenha olhos de enxergar, ouvidos de escutar, corpo pra roçar e gozar, e muito desejo de compartilhar a solidão. Bom que é um caminho de encontro e como em todo encontro, haverá sempre uma vazão.


domingo, 23 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 167

CENA: Você é nosso convidado


O MENINA BAIANA: [uma leitura] "CONVITE
Mariana cantará no aniversário de Amanda! (Se tiver lugar na fila rsrs)
Terça-feira, no Sarau do Espaço de Cultura Casa da Mãe, Rio Vermelho.
[Pausa]
Teve conversa sobre morte. Sempre tem. Quando eu faltar, eu disse. É isso mesmo quando eu faltar. Independente. A bolsa é minha. Ponto. Escutamos Gal por quase quatro horas. Engoli meu choro várias vezes. Muita emoção. Senti o corpo dela vindo em direção ao meu pra me abraçar. Eu decidi continuar o meu movimento. Nó no peito e corpo sem abraço. Quando a onda vem o tempo tem me tido a ponto de colocar rapidamente as narinas pra fora da água. Ele falou de si! É tão bom entender o outro assim. Quando ficar independente você vai querer que fique dependente? Eu não. A coisa é entre a bossa nova - eu ouso -, a tropicália e axé music. Me escuto ainda afetada na voz. Uma afetação fora da interpretação. Sinto saudades dele. Penso em um vestido solto como esse. Quero poder abrir minhas pernas e sentir o ar. Eu o amo tanto, mas preciso guardar em segredo.

o Menina baiana - claquete 166

CENA: Pau na mesa

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Adorei. Apaixonante!

O MENINA BAIANA: Obrigada pelo retorno.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Essa música é sua?

O MENINA BAIANA: Sua opinião é importante pra essa pesquisa. A autoria não, porém sou a primeira a cantar ela. Talvez seja minha. Por que achou que fosse minha? Tem resposta? Recebi essa pergunta de algumas pessoas, acredite.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Porque a harmonia, a sintonia, a melodia, soaram como se fossem suas, diante do que você já mostrou.

O MENINA BAIANA: Perfeito! O meu discurso está alinhado com a música. É muito bom ter dados!

AQUELE QUE É RECONHECIDO: De quem é essa música?

O MENINA BAIANA: Walfran Trindade. Um novo compositor. Preciso trabalhar. Ela vai ficar mais bonita. Se eu duvidar dela, já era! É um desafio. Quero colocar mais instrumentos. Levar às rádios comunitárias. Não sei como mas tô indo. Às vezes acho que não terei forças porque não depende só de mim. Mas quero falar, cantar a cidade, pro povo se enxergar. Estão ficando cegos, olhando pra partes do corpo e não pro corpo na cidade. E é tudo uma coisa só. Não adianta a "novinha" ir até o chão se nem sabe em que chão tá.

sábado, 22 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 164

CENA: Luzes apagadas e água do mar transparente


O MENINA BAIANA: As peças que quebram a minha cabeça são minhas. Já te disse que quero paz. O que chamam de arte? Por que me diz que falo como uma artista? Sei lá o que é ser artista! Eu quero criar e expandir minha mente, eu quero oxigenar meu cérebro e parar de temer os buraquinhos juntinhos colados que ainda de longe, bem de longe, apertam o meu peito. Buracos. Buraquinhos não. Buraquinhos é coisa de quem domestica os buracos. Vou dispensá-los. Pode custar bem caro. Dizia Ubaldo: dinheiro pouco eu tenho muito. Quero verdade. Se ela não existe, só vou saber se continuar buscando. O nome é cancha, e não canja. O nome é palinha, não palhinha. O nome é apresentação.

o Menina baiana - claquete 163

CENA: Construindo pudor


O MENINA BAIANA: Vamos lá! Atensionalmente pra esse choro passar. Ora se não é o movimento que me faz chorar. Quanto mar, Santa Fé! Nossa Senhora do Desejo, minha Santa Muerte! A quem recorrer? Acho que sou eu uma mentira. Começou. Descendo a escala nesse solfejo em fado. "O teu fado é o mundo inteiro" e eu cá, a chorar. Llorona. "Não quero que tu sofras, pequenina". Chorona. Olhos de brilho penetrante em mim. Minha alma perambulando por aí é perigo constante. Mas the heart asks pleasure first. Se eu não tomasse as dores de Caetano teria escutado transa. Teria soltado o meu inglês em Londres sem nem saber quando usar Will e Would. Eles são tão sabidos. Preciso de cem mil reais. Um site, produção de disco com doze faixas no casa das máquinas, tiragem de mil exemplares, um show de lançamento em local com capacidade para duzentas pessoas em Salvador e mídia. Em média. Eles sabem que eu me entrego muito. Vi gente chorando. Ouvi gente contando de suas premonições - vai acontecer. Há poluição sonora no rio vermelho.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 162

Deixe-me ver. Pernas envolvidas no sofá. Tem lágrimas. Toma ar, fecha os olhos, sorri. Abre os olhos, sorri, tem lágrimas. Escuto que o melhor amor do mundo é o amor de baiano. Escuto que o melhor amor do mundo é o amor de baiana. Escuto: amor.


O MENINA BAIANA: Sinto alegria e saudade de algumas horas da minha vida. Sinto fortes lembranças. Escolheram ir. Eu também estou indo. Nunca imaginei que olhar a linha do horizonte do mar iria me trazer tantas saudades. Quero puxar essa linha pra mim, com barco à vela e tudo junto, pra mim. Toda entrega tem um preço. Estou chorando a saudade. E me pergunto como pode saudade haver quando o que houve foram poucas horas de vida. Isso é coisa do tempo me provando que ele vale nada! Eu não posso mais me entregar a ninguém, absolutamente. Só é possível cantar, mesmo que eu ainda nem saiba onde. Pensar em ir pra matar um sentimento ou alimentar um sentimento? Ele consegue dizer que me ama porque parte. A vida é um absurdo. Absurdo demais pra mim.
Virou o dia pra muitos dias
O que será de mim no que resta de fantasia?
Águia no ar em correnteza
Aquelas asas que se arrastavam pelo chão
Acotovelavam-se junto a ele
Cegas de olhos fechados
Paradas em tamanho esforço
Aquelas asas pretas
Densas
Testemunhando o alvoroço de tantas aves Na cara
Cheirando o vento de tantas aves passando
E dizendo adeus
Adeus
Adeus
Meu amor...
É nas nuvens que lhe jogo
Águia no ar eu sou
Desejo

quinta-feira, 20 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 161

CENA: Antes

O MENINA BAIANA: É o axé. Sem ele livremente pelo corpo todo não vai rolar. Ele me disse pra cantar sorrindo. Eu sinto tanta saudade dele. Eu aprendi tantas coisas. Agora é hora de assumir a direção e viver os novos encontros. Veio gente com muito axé na história. Gente de abrigos carnavais, gente de Brown. Tenho medo de descobrir que a cantora criada não tem o axé. Se for verdade esse presente, se ele puder ser vivido com saúde, o medo sumirá. Eu o amo tanto. Os sentimentos logo irão. Eles sabem o motivo, ele disse que virá alguém. A danada da cigana quase acertou. Sou tonta mesmo, às vezes, muito mais tonta só. Sem futuro, porque homens impossíveis. Pra que os deixo vir? Sem ter nem pra quê, é sempre assim. E vão. Todo amor é marinheiro. Todo amor é fruta mordida. Todo amor que houver nessa vida é absurdo da vida. Um absurdo com noção de absurdo, senão não é amor. Você já foi à baía? [gargalhadas] É tão bom quando entrar na roda é pra cantar. É tão bom receber o presente. Até sete horas toca o sino da igreja, tão alto, não sei pra quê. Lugar santo não precisa saber das horas. É tanto sim e não que tô tendo tanto sim que tô tendo medo do não. É tanto não por mim que tá tendo tanto sim que tô tendo medo do não.

ESTAROLA: Medo?

O MENINA BAIANA: Começo inventar mais coisas. Ore por esse meu jeito. Vou cantar daqui a pouco, o timbre vai chegar aqui em casa. Pediu pra ser algo meu e dele. Segredo. Ele ainda não conhece a bomba ambulante. Vou apresentar. Ela tomou um chá e está ótima hoje.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

É o ar
Dos seus pulmões saem
Filtros verdes
E eu respiro
O mesmo ar
A vida é essa besteira
De um corpo às vezes unido a outro
Entre mentes
Depois memórias na pele
E imagens acústicas
Parece pouco
Habita muitos
E muito dura
Chega ate a desfalecer

o Menina baiana - claquete 160

CENA: O amor marinheiro  é o verdadeiro amor


O MENINA BAIANA: Vou encaminhar uns áudios com músicas de uma outra apresentação. O que não gostar, aceito as críticas. Embora eu já me veja evoluindo no canto.

SER DE LÁ DO SERTÃO: Nem sempre corre perfeito. Mas mesmo assim adoro.

O MENINA BAIANA: Vou trabalhar bastante pra cantar tão forte e suavemente quanto uma cantora de fado. Será um fado à baiana!

SER DE LA DO SERTÃO: Ser artista com qualidade é um trabalho muito cansativo.

O MENINA BAIANA: Mais ou menos assim. Estou com sorte! Cautelosa e com sorte. Está tudo muito sincero. Você escutou os áudios?

SER DE LÁ DO SERTÃO: Ainda não.

O MENINA BAIANA: Não precisa! [Gargalhadas]

SER DE LÁ DO SERTÃO: Por quê?

O MENINA BAIANA: Porque está ruim. Essa sou eu decidindo por você [gargalhadas] faça o que desejar! São seus os arquivos. Quando a gente emana amor, o amor vem. Vem de qualquer parte. Em qualquer milímetro. Estou recebendo muito amor. E, chorona que sou, tenho chorado de alegria. Estou muito certa da solidão. Ela é uma presença, uma companheira inseparável. Tenho entendido que eu já não preciso saber mais sobre a vida, basta viver pra cantar da melhor maneira possível. É certo, bem certo o lugar de meus pais.

SER DE LÁ DO SERTÃO: Choro de alegria é uma unção.

O MENINA BAIANA: Eles estão em lugar nenhum e em todo lugar. E assim eu posso seguir livre. Quero viver pra lhe abraçar. Você é um grande amor. Bons sonhos.

o Menina baiana - claquete 159

CENA: Há os que andam no mar.


O MENINA BAIANA: Emocionada escutando Madredeus, "Haja o que houver" [pausa e olha] O que você me traz por existir é muito importante pra mim. O que é de concreto que você não pode me dar? O seu corpo quando ele me desejar? Eu queria tanto o seu corpo nesse meu desejo de tê-lo em mim... Cheirar a sua boca, escutar o seu gemido de prazer, sentir a sua respiração ofegante e depois relaxada..  olhar nos seus olhos, me aninhar em seus braços... Isso é viver de memórias concretas? Isso é o meu imaginário dilatando minhas memórias? Quantas boas memórias. Amor. Eu não sei por quanto tempo lembrarei de tudo sem que uma lágrima corra dos meus olhos. Vai ao Mar! Eu estou em cada gota desse oceano que lhe levará, esse mesmo oceano que um dia lhe trouxe. Vai ao Mar,  Amor. Meu remédio é cantar.

[Pausa. Silêncio.]

ESTAROLA: Estás aí?

O MENINA BAIANA: Estou.

ESTAROLA: Estou a ouvir-te cantar. Meu rouxinol. Emocionas-me.

O MENINA BAIANA: Eu não preciso entender mais nada do que é a vida.

ESTAROLA: Meu AMOR.

O MENINA BAIANA: É o amor que está em mim.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 157

CENA: Pássaro de prata

O MENINA BAIANA: Quero simbiose e só me resta ela e algum animal que eu traga pra minha casa. Traga. Pra gente se tragar. É assim. O além disso é fantasia. Pura fantasia. Não vê? Tem alguém deitado aqui? Tem mais alguém observando o sinal preto na borda da minha axila e dizendo o quanto ele é atraente? Já foi. Muita paciência com o barulho dessas ondas de maré cheia no inverno. Está tudo fechado. Eu entendi minhas desconfianças e me entendo em algum choro. São as cicatrizes, perímetro muito sensível de pele alma. Agressor com submissa e cria invejosa com suquinho de morango. É morte certa. Corpo cicatriz e mais suquinho de morango, um dia me pediram, eu não quis dar. Parti pra outra, suco de morango jorrando da boca, eu não quis denunciar. Parti pra outra, suquinho de morango pelos dedos eu não consegui segurar e manchou meus lençóis e impregnou as minhas narinas de gosto de ferro. Mexe na cicatriz. Não há cura. Há canto. Eu me protejo assim.

sábado, 15 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 156

CENA: Está tudo bem se você nem me conhece mais

O MENINA BAIANA: Coisa inédita. Voltei pra casa e escutei absolutamente nada além do que trouxe na minha mente. Elas estão lindas na minha mente. Amor, sorte, bicicleta. Uma mansidão eu sinto. Curiosidade eu tolero. É tão bom quando a gente se entrega à beleza. Eu uivei, falseteei, assoviei - tanta coisa vem desse imenso prazer. Agora escuto uma voz de muito longe dizendo pra mim "eu te amo, meu amor. A música é uma amante". Me derreto em seus braços, meu amor. Paixão pra vida inteira. Quem quiser me acompanhar será amado. Muito amado.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 155

CENA: Amor de Baiano

O MENINA BAIANA: Vou gravar três músicas amanhã. Duas inéditas e uma não inédita. Músicas de trabalho. Música pra abrir os trabalhos. "Versos bonitos construí pra ti. Falei da flor e do espinho. Eu quis te traduzir como uma canção que eu nunca tivesse escutado, como uma obra perfeita feita por Jorge Amado. Às vezes lhe comparo com a calmaria do mar , um vento silencioso, um Caimmy a bocejar, mas você é agitada até no modo de falar, é um trio na calçada, Armandinho Dodô e Osmar. É tão bom caetanear e usar versos do Gil pra um dia te falar do meu amor de todo meu carinho. Bethânia e Gal, igual a ti, camaleoa. E os Novos Baianos continuam numa boa. Então vem, não fique a esperar, pra gente se feliz, basta você me amar, então vem, faça parte dos meus planos, é que o melhor amor do mundo, é o amor de baiano. Então vem, não fique a esperar, pra gente ser feliz basta você me amar .Então vem, coração jamais se engana, é que o melhor amor do mundo é o amor de baiana". O que está acontecendo é que eu vou sem a produção toda, cabelo, unhas, make e figurino. Eu vou. Vou me escutar e me ver depois. É de uma alegria enorme o que me move. A alegria propriamente dita e, como uma criança aprendendo a lidar com tamanha alegria, às vezes se desconcerta. Grita. Gritei hoje. Xinguei hoje. É uma muito louca a que aparece. Porém, há fatores desencadeadores. Só não sei se são escolhidos, se sempre haverá um. Na vida haverá um. Um bocado! Agora é viver a alegria, refletir, traduzir, interpretar e emanar. Me sinto presenteada pelos que estão trabalhando comigo. Eu ia falar sobre o inesperado. Mas isso não existe, justamente porque é inesperado. Eu vou falar de desejo, simples desejo. Vem.
Você foi a tempo
De eu não rosnar
mostrar meus dentes
Um sorriso pra você
Mil sorrisos e ação
E sossego pra mim e pra você
Trabalho bom
Uma equipe, como você sabe fazer
Diz-me coisas bunitas
Você sabe sobre a solidão
Diz-me coisas bunitas
Marcaste minha audição
Pode segurar a minha mão pelo rio Vermelho
Eu sou livre para sempre

quinta-feira, 13 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 154

O MENINA BAIANA: Sinto que algo vai mal no meu corpo por dentro. A dor aponta do lado esquerdo e insiste. o Menina baiana: ensaios (música + trechos)/ show / livro / teatro. Aprender inglês com Caetano , mágoa de Londres. Eu fui à Londres já em pesquisa, estudamos A Negativa juntos, na cama. Eu gosto tanto de ficar com assim com você. Lembro de uma irritação diante da minha falta de palavras sobre a leitura. É assim mesmo. Eu volto à ela e me emociono. Camus é profundamente mais revoltado que eu. Rebuscadamente contemplativo. Eu ainda não sei porque a data treze de julho foi escolhida pra ser comemorado o dia da cantora e do cantor. Agora tem que escrever assim. Eu entendo, é um direito de escolha que a palavra dá. Porém... Olhe bem para o transgeracional. Eu transgeracionei, eu transgeraciono, tu transgeraniocionas, ele ou ela transgeracionam. Estou lendo.

TRANSGERACIONADOR: Entendi que são lembranças, marcas transmitidas de geração a geração, mas de forma inconsciente.

O MENINA BAIANA: São transmitidas porque são inconscientes. Logo na introdução ela fala de uma "malha grupal do psiquismo". Simbólico, imaginário e "eixo da transmissão psíquica geracional" - são elementos do inconsciente. Lacan fala de simbólico e imaginário e real.

 TRANSGERACIONADOR: Esse Lacan me mata.

O MENINA BAIANA: Ele facilita a morte! Os textos são "vinhetas analíticas". A psicanálise se atualizando. Porém não vejo assunto muito atual, tudo é sintoma, estão chamando de geracional porque tem a ver com os traumas recorrentes que vão à clínica. O mal-estar. É um prazer que nunca irá deixar de me acompanhar, cada passada de olho em algum livro, ela vem pra mim. Mas não sei se volto à academia. Depois que descobri que existe o título de doutor honoris causa, aí é que não vou mesmo. Meu título eu mesma tô tratando de me dar! Isso é uma pérola!

terça-feira, 11 de julho de 2017

Por trás
Se o corpo

Bonito corpo

Quantas vezes

Cada vez que você
Concentrada em você

Seria eu

Sereia eu
Eu não digo a ninguém
Amo-te
Banha-me

Se por trás
Todos os sinais
Um
Dois
Você

Dá-me amor
Abre a boca
Eu entro
Com cuidado
Marcar
O corpo
Chora

o Menina baiana - claquete 152

CENA: Marinheiro só


O MENINA BAIANA: Tristeza na música trabalha a favor da obra. Fazer queixa na rede de que a arte é vista mas não traz dinheiro é o que eu chamo de desperdiçar palavras. Eu sou marinheira. Todos eles vão... Meus dedos estão sem controle. Eu não vou tomar nada. Já já passa. Sim. É um ciclo como todo vírus. Só não vai sair de mim, infelizmente. Deveriam criar uma vacina logo. Pode ajudar a reduzir a manifestação. Sei lá. São só momentos, é só o presente. O resto é memória e alguma ilusão. A vida dá e tira, dá e tira. Há os melhores, claro! Sem prática não se faz um bom marinheiro! Fico pensando, será que marinheiro chora quando se despede de cada porto? Talvez chore o mesmo choro de despedida em outro lugar e o que sente não passa de repetição. O corpo precisa ser narcisado pra continuar. Entendi quando escutei várias vezes "você é o meu alento". Sou incapaz pra eles. Mesmo me declarando capaz. Vou tratar de cantar. Eu me declarei capaz. Estão me dando licença pra eu passar bem cantando. A minha sorte tem sido a mais difícil de encontrar dentro, toda dentro. Minha sorte é que eu pedi um e vieram dois. Eles me convenceram de que eu estarei sempre acompanhada. Sinto o amor nesse nosso entendimento, uma alavanca fazendo seus primeiros ruídos de engrenagem.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Sereísmo

Me jogo e nem sei  jogar
Me jogo no mar e nem sei nadar
Ó Mar! Me ajude a nadar quando estiver silencioso
Eu sou um dado rolando, encrespando o corpo na areia até você me triscar
E me levar
Pra bem dentro
Ó Mar! De tanto, me trouxe mais um pouco
E eu cuidei de amar
Ó Mar! Sabendo que já ia me levar

Leva eu, leva eu, leva?

Seu sal é o que me brota
E aquele sem perfume que me trouxeste é com quem eu queria mesmo ficar
Ó Mar! Me trouxeste quem soube ler minhas ondas
Ainda na maré cheia tratou de me levar
Escrevi Deus existe
Ó Mar! Desdenhei de sua força além de mim
É você quem move a minha terra de pisar
Afunda meus pés e eu tenho que sair do lugar
Pra não me afogar
Volto ao meu rio vermelho
Pra nunca mais sair de lá
Eu canto
Ó, Mar! ... Me trouxeste um marinheiro
Me levaste um amor inteiro
Pra nunca mais voltar



domingo, 9 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 151

CENA: Despacito.

O MENINA BAIANA: Cartaz. Um filho. Uma carteira de cigarro. A cama. A correspondência do banco. O cachorro. Ou apenas: eu fico perto porque te admiro muito. Pedaços de arame com pedras, apenas. Eu fico perto porque acho você uma pessoa especial que eu admiro muito. A maré em dois, dias. Não mais que isso. Engole seco e nunca esquecerá. "Olhos de brilho penetrante que vão fundo no que olham, mas não no próprio fundo." Jaquinho me viu ontem. Fiquei feliz. Também ontem viram, na dificuldade extrema em encontrar o tom certo, na dificuldade extrema em erguer o olhar fundo e cantar, viram alguma delas. Eles são muito sabidos, sabem de todas elas. É o que chega mais perto da realização de desejo deles, ao que me parece. Escutei: minha Vanessa. Eu sempre sinto algo de devorador. Eu deixo. Ainda tenho dúvidas sobre a saúde desse sentimento. Alguns quando vêm, passam a mão em mim e eu acho isso desconfortável. Quero entender como lidar e me sentir menos invadida. Eu senti a moleza no corpo depois da exposição. A moleza da paz. Deixei de lutar contra ela e me entreguei. Talvez seja a fórmula. Uma menina puderam ver. Está voltando. Vejo barquinhos brancos no mar, cada um com a cruz em suas velas. Algo de errado está acontecendo. São muitos. Alguns acompanhados de alguém da família. Eu pergunto por você e assim você está. Eu passo ao seu lado e toco apressadamente no seu ombro pra você me ver. Você me vê mas não se manifesta - tem alguém ao seu lado e seu  braço descansa no ombro dessa pessoa. Percebo que está machucado. Muitos também o estão. Eu adianto os meus passos porque quero estar em suas vistas, mas não olho pra trás. Sigo com a certeza de que você não vai falar comigo nunca mais. Eu persisto. Vou ao hospital. Fugimos juntos de lá. O ponto de encontro é no barco. Felinos enormes são adestrados pelas forças armadas a lhe farejar e eles vêm diretamente pros meus pés e eu sei, estou com o seu cheiro em meu corpo todo. Subo num andaime metálico tentando fugir desses animais enormes farejantes. Vão me atacar com certeza, eu não correrei mais que eles nunca. Então eu me entrego e um deles vem e me envolve no chão. Sinto minha cabeça dentro da boca quente dele enquanto meu corpo está imobilizado pelo corpo todo dele. Corpo quente. Aguardo mordidas fatais mas não acontecem. Eu consigo retirar a minha cabeça abrindo a boca dele com minhas mãos. Começo a cuspir na boca dele, talvez isso funcione. Ele sentir outro cheiro que não o seu. Busco salivar. Cuspo. Beijo ele com toda a saliva que consigo produzir. Ele vai ficando confuso e eu consigo sair. Corro ao ponto de encontro. Você está ferido, meu amor. Sua perna direita, próximo ao quadril, tem uma ferida aberta profunda. E vejo que sente dores. Mas vejo também um homem forte e resistente agindo rapidamente em fuga. Eu posso confiar em você. Eu me sinto muito segura ao seu lado, trabalhando junto a você. Algo acontece e eu lhe perco no caminho. Continuo em busca e o encontro a salvo na casa de uma velha maruja, sob seus cuidados numa cabana à beira da contenção de pedras que dá pro mar.

sábado, 8 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 150

CENA: Meu sol


O MENINA BAIANA: Talvez na casa da mãe, também um casarão. Lugar forte. Fortuito. Recebi até recomendação de Juraci Tavares. Quer ler? Escrava Isaura, Gabriela, Sônia Braga apareceram  e, de outro lugar na sua cabeça, eu não poderia ser senão da  Bahia. Leia. Ela um dia me disse que não precisa sair de casa pra encontrar um amor. Algum português veio às terras brasileiras e se apaixonou por uma mulher aqui. O que vivemos foi um encontro na rede que é o mundo e ela é tecida em movimentos circulares em espiral. Então alguém já passou por isso, alguém já pisou onde a gente pisou juntos. Eu e minha mania de querer entender as coisas da vida... Pra te falar que o meu corpo estava pronto pra te receber naquele dia. Como um encontro marcado. Não ia ser outra pessoa se não tivesse sido você. Eu ia voltar pra minha casa. Mas você disse que ia embora no dia seguinte e que ia ficar vinte dias sem sexo! Foi tudo muito. Tudo deu certo. Eu nunca vou esquecer de você retirando meu óculos pra beijar meus olhos no meio da sala da casa da mãe. Nunca. Eu fiz as pazes com o mundo. De tão possível que ele é,  acaba sendo impossível.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 148

CENA: Última vida submarina


O MENINA BAIANA: Agora veio Gretchen! Fui comparada a ela, pire aí! Eu gostei. Ela está nos jornais essa semana! O melhor é saber a diferença entre eu e ela. Somos mulheres de ação. Estou metendo a mão na massa. Metendo com gosto. Massa gostosa de meter a mão. Uma massa tesuda. Cheguei a me desconcertar e interromper a gravação. Eu escuto vozes dizendo "fique tranquila, vai acontecer". Isso é muito louco. E ele me disse: essa é vencedora. Muito linda. Eu tenho fé em todas que vou cantar. Fé. É isso. Veja: "a única coisa que conta, sabe, é a vontade de felicidade, uma espécie de enorme consciência sempre presente". Camus. Meu namorado atual. O homem revoltado e a morte feliz. "Só posso desfrutar a felicidade no combate tenaz e violento que ela trava com o seu oposto." Camus.

o Menina baiana - claquete 145

CENA: Última vida


O MENINA BAIANA: Mire no mirror. Veja como és linda. Minha pele toda tocando o seu corpo. No mirror. Por trás. Sinta. Não teremos um relacionamento, certo? Amor. Um movimento político. Eu até quis falar mais, mas não falei. Não pude. O silêncio é imperativo. A maré me diz: vai acontecer. O vento me diz: está acontecendo. Sou vela boa de navegar! Eu sou! Eu sou quando me esvazio, eu sou. Quando eu canto. E agora? É a última vida. Agora será mais lindo ainda porque eu sou uma cantora. Não tem jeito de não ser mais. Ela me habita. Eu habito ela. E agora vai acontecer muito mais. Ele disse: talento, sorte e trabalho. É tudo um só lugar. É pra aliviar a dor do mundo, minha santa Fé. É lindo Giovani cantando "u ui".

quinta-feira, 6 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 146

O MENINA BAIANA: Tan tan, pandeiro, reco reco, cavaquinho, violao, ovo percussivo. Triângulo. Sim, estou mais silenciosa. Que bom que você sente. É um estado. Concorda? Você é muito sabido. Que bom ter a sua companhia nesse caminho que foi tão barulhento até poucos instantes. Estamos certos de que o meu silêncio faz bem. Você nomeou de silêncio. Eu venho apenas entendendo a economia das palavras. O desperdício é um jorro inútil. Ninguém vai lidar com um lixo de palavras, nem tem obrigação, mesmo quando estamos juntos, nessa relação que perdura. Está tudo bem, tudo bem. Não me surpreendo. Pode ser quantos você quiser. Vou abrindo a minha consciência enquanto nos acompanhamos. Temos pouco trabalho agora e assim é que estou sentindo mesmo o amor entre nós. A paz esvazia a mente. O amor faz prosseguir. O tempo é o senhor de um e de outro.

Carta Aberta - depois de Reinventando Stemak

Carta Aberta

Duto, eu tenho que morrer primeiro que você. Então, por favor, tente correr menos risco. Muito obrigada por Stemak, Oiticica, Pindorama, Seijas. Bausch. Duto. Foi encontro revolucionário hoje estar com minha mãe, minha tia Rita, e chegar lá encontrar Júlia, minha primeira de 18 anos. Eu lá falando de som e silêncio pra elas na minha tentativa de dizer: eis a música.  O conjunto das peças é lindo. Parece uma Bienal o caminho que ele faz. Ele é mesmo o pai de Edbrass! Kkkkk estavam tocando um instrumento que eu tenho quase certeza que é o que Ed toca. Eu ainda não assisti a uma apresentação de Edbrass presencialmente, mas já sabe, basta acompanhar e ele mostra alguma coisa. Pqp! Vou te mandar as fotos. Teve audiovisual com minidocumentário sobre ele e uma coisa muito louca porque em determinadas horas eu não sabia se o som era eletrônico ou não. Vou procurar saber... Podem ter misturado. Não li o folder todo. Falei de Thiago hoje com você e o reencontrei lá na saída! Como eu te disse, pessoas não sustentaram assistir e foram embora gradativamente. Era um inquietação pública. Haviam músicos espalhados em três pontos no meio do teatro, como uma segunda camada de orquestra. Lindo demais. Lindo demais ver músicos, musicistas executando aquilo. Aquilo! A primeira peça intimida logo. Irrita, indaga e, quem não visitou algo sobre ele, custa mesmo ficar. Eu fechei os olhos pra entrar. Entrei. Cérebro a todo vapor! Meus óculos estão ruins, então eu escutei mais do que enxerguei. Teve intervalo! Lembrei de você assistindo Pina em Wuppertal, eu dizia que nunca ia aguentar tantas horas na cadeira de um teatro. Duaa horas rs Isbela eu vi de longe. O secretário da cultura do estado estava lá, fizeram fotinhas. Excelente pesquisa, excelente roteiro de execução. Só teve aquele porém, do revolucionário que cuidava de um passarinho na gaiola. Esse não era o sintoma dele! Kkkk! Eu desejei assistir a uma orquestra dentro ds um teatro depois daquela experiência na Concha. E olhe com quem descabacei! Pessoas que reinventaram Stemak! Ver as folhas da partitura sendo passadas e escutar o que eu escutei, parece um filme  de Lynch! Já venho enxergando a música erudita tem um tempo, e te digo, o que eu vivi é o que tem de mais erudito.  
 Eu te amo. 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 147

CENA: Todo Menina baiana

O MENINA BAIANA: Já estou cheio de saudades. A partida está adiada por tempo indeterminado. Quem sabe, talvez ainda volte a sair hoje... Esperança... Nossa! Vamos ver o que acontece. Reza. Sim. Vou rezar! Se Deus existe, ele está me provando. Provando que existe. Só saímos amanhã. Deus existe. Não consigo escutar bem. Já posso sair. Estou ansioso por te ver de novo. Já cá estou. O trânsito está intenso. Eu espero. Não tem problema. Estou no mesmo local onde me deixaste. Estava o Arco-Iris pintado por Deus sobre a Barca, naquele momento. Não chovia e o sol não brilhava no firmamento. Choviam meus olhos. Brilhavas, meu sol, no meu coração... meu alento. A nossa cama tem o seu cheiro. Obrigada pelo presente de Deus que você é. Estás aí? Estou. Hoje ainda vou poder sair. É pouco. Mas comparado com a eternidade, seria sempre de menos. É possível, não é pouco. Sim, eu irei. Meu amor. Talvez seja prudente trazeres um livro, para ler, se tiveres que esperar um pouco. Tudo bem. Meu Sol. Perguntei se posso ir de vestido. Vou te beijar mais uma vez. Estás aí? Podes. Claro que sim. Lembrei de nós dois aqui. Não tragas salto alto. Não uso salto. Que bom... Adorei dar-te banho. Gosto de cuidar da minha Rainha. Sim. Eu amo você. Amo-te. MUITO. Não chore. Custa muito ir. Estamos conectados. SEMPRE. A vida nos conectou. Minha Delícia Bahiana. Na cama, no beijo, no abraço, no olhar, nas palavras. Estou na rede pensando em você. Meu coração um tanto apertado, também vem o choro, mas nada é maior do que a felicidade ao seu lado. Sinto o seu cheiro e o seu beijo comigo. Muito obrigada por tudo. E eu sinto o teu gosto doce. Beijos, muitos beijos. Não vou. Até já. Siga em paz, meu amor. Nossa praia. Ao fundo. Lindo. Praia do Porto da Barra. Já estou cheio de saudades. És PERFEITA. Sou um ser humano, imperfeito. Te ofereci o meu melhor. Apenas isso. Vou cantar, essa será a minha busca. Estarei em dificuldades com certeza agora, porque dois de você no mundo talvez não exista. És única. Simplesmente perfeita. Eu vi a tua alma. O teu lado mau é lindo. Nunca fui tão completamente amada por alguém. Canta com amor verdadeiro. Não há. Mas há mais homens que sabem amar e que reconhecem facilmente uma Mulher de verdade. Hás-de gostar de um desses... mas nunca nos esqueceremos um do outro. Quero que o choro passe. E que as lembranças substituam. Vai passar. Vê as fotos que deixei. Têm muito AMOR... Amor marinheiro. Você está no meu corpo todo. Isso vai demorar a passar. Seu cheiro está no quarto. AMO-TE. Vou aprendendo a fotografar até o dia de nos encontrarmos de novo. Estão muito bem. Sua arte é outra. Sou uma realidade. Marcaste o meu coração. Sim, mas agora eu só posso sonhar. Podes recordar. Podes vir. Podes contactar-me... Sim, meu Sonho Real. Sou teu fã número um. Se existir outra vida, quero voltar e vivê-la ao seu lado, sendo amada por você. Minha Mulher de Sonho. É impossível não te amar. Porque agora sei o que eu realmente desejo. É isso que quero lembrar. Não gosto de me ver em fotografias, mas me vejo muito feliz em nossas fotografias. Você tirou as minhas dúvidas. Estou aqui. Sim... És o meu alento. Estarei aqui. Verdade? Vê? Não vejo. Creio que sim. Mas não tenho a certeza. Estou na janela. Mas creio que se vai ver. Mas muito ao longe. Acho que estou vendo! É ele? No canto. Não consigo ter certeza. Acho que não é, porque a impressão que tenho é a de que não se move. Nem eu... E meu óculos não tá muito bom, você sabe! É ele!! É você. Meu Deus... É voce indo bem na minha frente. Nesse mar que eu vejo todo santo dia. Rumo à terra de meus antepassados também. É amor. Amor puro. Ele se confunde com as nuvens. As velas alvas como algodão. Quando chegar a hora do pôr do sol eu já não o verei mais da minha janela. "Meu amor é marinheiro e mora no alto mar, coração que nasceu livre não se pode acorrentar"... É você... Eu te vejo bem da minha janela. Sou sim. O vento está forte. Eu sou muito chorona. Eu sinto daqui da minha janela. Bom pra navegar. Está sim. Enquanto te vejo. Sinto frio. Sinto SAUDADE. E eu te amo. Salvador... e minha salvadora. E é muito bom poder dizer isso a você. Estarei aqui. Estarás aqui. Na minha alma. "Seu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for"... Você consegue me ouvir? Consigo sim, meu rouxinol. Você sabe quem eu sou. Como isso é possível eu não sei. Eu sei que você sabe. Leio a tua alma no teu olhar. Quero lhe proteger de todo o mal. Você sabe do meu coração. Eu não sei evitar meu coração. Isso basta. Eu sofro com restrições. Estou apenas lhe dizendo que vou lhe acompanhando. Compreendo. Mas não me peça pra restringir o que sinto. Eu mesma o faço. Sei o meu lugar. O teu lugar é no meu coração. No rio vermelho, apenas eu enxergo essa navegação nesse mar. Agora você está bem em frente a minha janela. Eu tenho certeza disso.Vens cá no meu coração. Venha aqui no meu corpo inteiro. Eu não sei nadar nesse mar, é muito maior que eu. És muito maior que tu própria. A tua arte vai transportar-te através do oceano até à Europa. Está escrito. Quero ver no caminho para aliviar a saudade... A noite já está a caminho. E você me disse que as luzes não acendem. Estarei com você em pensamentos. Existe um compositor baiano chamado Mateus Aleluia que mora aqui e que tem lindas canções. Um dia ele disse que logo em frente das nossas janelas está a África. Olhe que sabido ele é! Um navio agora sai pra lá e ele não está vendo. Adoraria ver um poema meu declamado por ti em público. Posso tentar. E antes vou contar a minha história com o autor. A atriz que existe em mim é uma cantora. Sou melhor cantando, eu acho! Estamos a afastar-nos e está a escurecer. Está quase imperceptível agora. "Até já".  Estou relendo mensagens, revendo fotografias..  fecho os olhos e escuto a sua voz e relembro dos seus olhos pra mim. Tudo tão lindo... Serão muitos dias sem notícias suas, eu sei. Será o mundo inteiro a distância entre nossos corpos. Será talvez a vida inteira essa distância que foi tão curta  e tão inteira. Que seja o mundo e a vida inteira de amor pra você, é o que desejo.

sábado, 1 de julho de 2017

o Menina baiana - claquete 143

CENA: Onde dormem os navios?


O MENINA BAIANA: "Sociólogo francês Michel Maffesoli prevê a era dos afetos".

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Alô alô marciano.

O MENINA BAIANA: Alô! Um sonho que já vai acabar. Muito lindo. Essa vida é muito louca. Alguém que narcisa a gente é muito bom. Me senti amada dos pés à cabeça, por dentro e por fora até o último fio de cabelo. Um sonho... Chego a me emocionar. Mas não sei se quero alimentar isso.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Viajar faz bem.

O MENINA BAIANA: É mesmo.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Se arrume! Vá aproveitar as duas horas que lhes restam, "qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso da loucura"

O MENINA BAIANA: Estou indo ficar bem bonita!

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Bonita você já é!

O MENINA BAIANA: Você que é bonito e me vê bonita. Sinto paz e é muito bom.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Penso que a gente tem que viver para tornar menos difícil a vida de outros que sentem parecido.

O MENINA BAIANA: Sim, concordo.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: É uma delícia sentir isso que você está sentindo.

O MENINA BAIANA: Nunca senti isso na vida.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Será que o amor nos salva da angústia?

O MENINA BAIANA: Acho que salva. O encontro das almas salva.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Seu coração está tão vivo quanto você! Nós sabemos que os motivos ultrapassam nossa compreensão. Foi como tinha de ser!

O MENINA BAIANA: Eu sou muito chorona.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Você não se impede de sentir, só isso.

O MENINA BAIANA: Eu não consigo, isso eu nunca conseguirei.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Vendo tua satisfação com o encontro do amor, vejo claramente a mim. E hoje, parte dessa angústia que sinto, vem da morte do amor.

O MENINA BAIANA: Vira outro. Virá. Estamos vivos. Suas palavras foram precisas. Nunca senti o amor de maneira tão sóbria, sem a alucinação da paixão. Ele disse que "está escrito" que meu trabalho com a música me levará até a Europa.

AQUELE QUE É RECONHECIDO: Que assim seja!

O MENINA BAIANA: Estou lembrando dos choros de um homem... Homem chorar é difícil. Eu nunca vou esquecer isso. Acho que viver é mesmo saber envelhecer e ter consciência da efemeridade das coisas. Principalmente das coisas boas.