sábado, 24 de dezembro de 2016
Uma coisa angustiante. Coração acelerado e despertar sobressaltado. Ora era minha cadela Tootsie ora uma criança, minha filha. Eu chegava na casa de minha avó materna e meu tio estava recolhido com a cadela. Ela estava prenhe e vomitava, perdendo as forças de tanto vomitar. Não sabíamos se era um trabalho de parto. Fezes começavam a sair e por segundos achávamos que era secreção do parto. Não,não,são fezes. Depois ela começava a expelir fraldas descartáveis, fraldas que meu tio havia enfiado na sua boca garganta a dentro e eu indignada reclamava o motivo dele ter feito aquilo com a cadela. Pelas características já não era mais Tootsie - a cadela era cor de bronze e continuava a expelir fraldas. Uma delas na saída ganhava a forma de um elefante de brinquedo. Eu decidia levá-la ao veterinário. Era sábado à tarde e eu já estava com ela nos braços na casa de meus pais, mais precisamente na porta que liga a cozinha à sala. Ela sorria pra mim, fraca. Era uma criança em meu colo. Frágil. Cabelos ralos. Eu perguntava a minha mãe: ligo pra quem? Hilton não trabalha mais a essa hora... De repente eu constatava um afundamento na moleira. Um buraco enorme. Eu imediatamente pensava que era uma consequência dos esforços que havia feito. Meu tio chegava perto e afastava os cabelos dela pra trás, exclamando o susto com a respiração. Estava aberto, podíamos ver o cérebro. Era muito urgente levar essa criança ao médico.
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
sábado, 26 de novembro de 2016
UMA BREVE ANÁLISE INSTITUCIONAL
Vou falar da instituição
psicanalítica. Falar sobre o que eu vivi nessa instituição chamada Confraria
dos Saberes, fundada no bairro de Ondina em Salvador no ano de 2006 pelos
psicanalistas Maria da Conceição Nobre e
Eduardo Sande, egressos do Colégio de Psicanálise da Bahia. Trata-se de uma composição
de análise institucional sobre a formação do psicanalista no Brasil..
De que vale um diploma de
formação psicanalítica e a exigência do nível superior para o exercício do
ofício?
A biografia de uma das mais importantes
psicanalistas pós-freudianas, Melanie Klein (1882-1960), informa que ela “chegou a estudar arte e história na
Universidade de Viena, mas não chegou a graduar-se”. Fez análise com
Ferenczi, discípulo direto de Freud e fundou sua escola de psicanalise em
Londres. Caminhando no que eu tenho construído como a minha linha freudiana do
tempo aparece, após Klein, o psicanalista argentino com formação kleiniana, Emilio
Rodrigué. Residindo na Bahia, escreveu a biografia de Freud em três volumes
publicada aqui no Brasil pela editora Escuta em 1995 – Sigmund Freud, O Século
da Psicanálise (1895-1995), contribuindo à psicanalise local na formação de
muitos psicanalistas, tal como Maria da Conceição Nobre, sua analisanda e minha
analista.
Eu, graduanda em psicologia, sou
uma psicanalista?
A história da psicanalise
apresenta na biografia de importantes psicanalistas, o rompimento com a
instituição psicanalítica, aliado a fatores que geram esse rompimento – a repetição
destes casos merece ser destacada. Muitas vezes é um rompimento no campo teórico, como
assistimos na famosa história de Freud e Jung ou de Freud e Ferenczi, o
primeiro deserdado e este último diagnosticado como psicótico. Eu costumo dizer
que Jung é um psicanalista e que Ferenczi, além de psicanalista é o verdadeiro
príncipe herdeiro. Os mais
contemporâneos Jacques Lacan e Françoise Dolto também não escaparam da
repetição, ambos rejeitados pela IPA (International Psychoanalytical Association).
O caminho na psicanálise é de
cada um.
A instituição psicanalítica é um agrupamento
de psicanalistas, que “estudam e discutem
casos clínicos, pensam sobre a teoria, produzem trabalhos clínicos e teóricos e
vivem no divã o método que pretendem utilizar” (SALEME, 2008, p. 103), formando
novos psicanalistas - pessoas em análise que se dispõem a estudar a teoria e
desenvolver a prática. Freud diz que um
psicanalista é aquele que faz análise e estuda a teoria. Eu também costumo dizer:
a teoria é o chão da análise, é ela quem dá os calços para que o analisando se
reconheça em seu processo, cujo trabalho consiste na flutuação do discurso
atraindo novos significantes para a alteração do caminho de desejo do sujeito. Concordo
com SALEME (2008, p.119): “O analista só pode compreender os conceitos
psicanalíticos se puder reconhecê-los em si próprios”. Portanto o saber da
teoria psicanalítica está intrinsicamente aliado à análise, e não há teoria
psicanalítica sem a clínica psicanalítica.
No Brasil. hoje existem instituições
psicanalíticas emitindo diploma de formação de psicanalista. Um papel assinado
por uma instituição psicanalítica reconhecendo a existência de um psicanalista
é o que faz um psicanalista?
Um
psicanalista no Brasil precisa somente ter nível superior para exercer o
ofício, conforme a Classificação Brasileira de Ocupações, emitida pelo Ministério
do Trabalho (2010). O Projeto de Lei Nº 3.944/2000, de autoria de Eber Silva, versa
em seu capítulo IV que quem fiscalizará e registrará as entidades serão os Conselhos
Federal e Estadual de Medicina. O Projeto de Lei foi rejeitado por unanimidade
pela Comissão de Seguridade Social e Família nesse mesmo ano e está arquivado.
O artigo de BALEEIRO apresenta um apanhado da mobilização nacional, desvelando
que há um interesse da Sociedade Psicanalítica Ortodoxa do Brasil (uma
sociedade civil de direito privado) em ser pioneira na regulamentação da
psicanálise. Segundo a autora:
“De qualquer maneira os grupos que atuam
em psicanálise começaram a se incomodar.
Nos parece que o projeto retira ursos
das cavernas, mexe com vaidades, une facções,
promove discussões.” (BALEEIRO, 2001)
Eu, diplomada em nível médio
profissionalizante desde 2000, sou uma psicanalista.
Passei a ser membro da Confraria
dos Saberes em 2006. Fiz análise com Maria da Conceição Nobre e por ela fui
convidada a ingressar no grupo. Leituras, roda de discussões, eventos
filosóficos, estatuto de formação de psicanalise, atendimentos, testagens de
inovações técnicas tal qual dispositivo nomeado como “mundofreudiano”, apresentação
de casos clínicos, coordenação de grupos de estudos – fui instituída
psicanalista por mim e pelos meus pares dentro de uma organização.
Porém a normopatia esteve lá. Este
termo foi encontrado em minha leitura do livro de Maria Helena Saleme, cujo
título é “a normopatia na formação do analista”, publicado em São Paulo pela
editora Escuta, em 2008, com prefácio de Joel Birman. Ao trazer sobre as repetições sintomáticas
dentro da instituição psicanalítica, esclareceu-me sobre os entraves vividos na
minha formação até a minha saída da organização em 2015, com condução às reflexões
sobre a instituição – a hipótese da autora “é
de que as formações psicanalíticas inserem o analista em formação em uma
montagem perversa que transforma a criatividade em normopatia” (p.105)
Quando da criatividade, não
atende mais à instituição o formando. A autora traz que a alteridade é posta de
lado dentro da instituição pelo jogo de poder, impedindo a criação, o que me
leva a supor que isso se refere não somente ao “enrijecimento da teoria psicanalítica e o advento das instituições
psicanalíticas” (p.103), mas também a questões de extimidade (conteúdos do setting analítico que vazam para o
ambiente externo) e contratransferência (manifestação do inconsciente na
análise) na instituição, haja vista que os psicanalistas em formação geralmente
são atendidos por psicanalistas do próprio grupo. Então há um convívio. Eu o
vivi até por sete anos dentro da instituição.
“A psicanálise não é uma questão de ensino e sim de ‘transmissão’. A
transmissão da psicanálise se passa pela identificação com a postura ética de
outros analistas. A teoria está escrita, alguém pode conhecer todos os livros
escritos sobre o assunto e não será, por isso, um psicanalista. A psicanálise
possui uma ética e uma liberdade de pensar que se contamina e é transmitida na
convivência com o psicanalista quando ele mostra como ouve e como se posiciona
frente às questões. A transmissão se dá no contágio. É por isso que o aumento
de regulamentos e de critérios burocráticos não traz garantia nenhuma. Ao contrário
(...) transmite algo diverso do que se poderia chamar psicanálise.” (SALEME, 2008, p. 103)
Atravessar as questões de uma
instituição psicanalítica requer um debruçamento sobre o que é um psicanalista,
passando pelo entendimento de que um psicanalista se faz psicanalista no divã, no
encontro com o seu desejo, manifestando a sua singularidade, a sua arte, a sua
política, perfazendo caminho pelo chão da teoria freudiana.
“Justamente porque a falta-a-ser, que coloca o sujeito em movimento de
transformação no decurso da própria análise, muito provavelmente, o colocará
assumindo possíveis autorias reflexivas e técnicas a partir de suas flutuações,
abrindo “chãos” tão singulares quanto seu próprio percurso como analisante, ou
seja, novas perspectivas teóricas e testagens práticas, como ocorreu com os já
citados Jung e Ferenczi. Sendo assim, a psicanálise estaria muito mais para
apoiar a falta-a-ser do sujeito, pela via de sua criatividade, do que seu
encerramento, comum aos processos institucionalizantes, os quais tantas vezes
tem ocorrido, a efeito do enrijecimento normopático.” (EDUARDO ROSA, 2016)1
Entendo que essa análise coloca a
própria psicanálise em questão.
1 Eduardo Augusto Rosa
Santana, psicanalista e artista da dança, contemporâneo na formação
psicanalítica na Confraria dos Saberes, doutorando em Artes Cênicas pela Universidade
Federal da Bahia/Middlesex University London, com a tese sobre o surgimento do
Movimento Atensional, em correspondência via aplicativo de mensagem instantânea
em 27/11/2016.
Referências:
SALEME, Maria Helena. A normopatia na formação do analista. São
Paulo: Escuta, 2008.
FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: IMAGO, 2006.
BRASIL, Ministério do Trabalho e
Emprego. Classificação Brasileira de
Ocupações: CBP, 3ª ed. Brasília: MET, SPPE, 2010.
BALEEIRO, Maria Clarice. Sobre a regulamentação da psicanálise.
Trabalho apresentado na XIII Jornada do Círculo Psicanalítico da Bahia,
novembro de 2001.
Biografia de Melanie Klein
encontrada em: http://febrapsi.org.br/biografias/melanie-klein/
domingo, 20 de novembro de 2016
segunda-feira, 25 de julho de 2016
domingo, 12 de junho de 2016
Eu a encontrava deitada de barriga p cima na rede com meu pai, e ia
direto beijar o peitoral dela, bem no lugar onde tinha uma marca branca.
Ela tinha poucas marcas brancas, só essa no peitoral e nas quatro patas
anelando a região das unhas. Meu pai se queixava falando com alguém que
estava em pé, próximo à rede e cuja conversa era interrompida com a
minha chegada em direção à Piaf: "Mariana fala com o cachorro mas não
fala comigo". Eu fazia de conta que não escutava e continuava
a abraçar, beijar, cheirar ela, toda. Muita saudade. Então a carregava e
logo ela estava no chão correndo. A casa era de praia, como a família
costumava se reunir. Minha felicidade era o encontro com Piaf. Significa
pássaro em francês. Ela fazia tudo o que um cachorro faz, até as fezes
eu observava, estavam saudáveis, inteiriças e oleosas, saíam sem
dificuldades. Fazia na rua, no asfalto, alguém vinha recolher antes de
eu decidir se recolhia ou não. Logo era o mar, maré cheia mas calma,
chegando no muro que era o passeio da calçada, uma piscina de mar. Eu
hesitava em me jogar, não sei nadar, mas num outro momento, o fazia. A
água estava morna, calma, e eu brincava de nadar até à beira,
mergulhando e nadando por baixo da água, colocando o braço esticado na
frente pra não bater a cabeça na chegada porque nadava de olhos
fechados.
sábado, 19 de março de 2016
1, 2, 3 - CRi Ação
Eu sonhei com um bebê, acho que era m-eu. E com cachorros que viviam dentro do condomínio numa cela do subsolo. Cachorros dos vizinhos. Grandes e de raça. O prédio era o novo prédio da empresa na qual eu trabalho.
Sonhei com uma criança cheia de manchas roxas na cara. Ela estava no mesmo ambiente que eu. Um homem, jovem, a chamava quando percebeu que eu a observava. Observava as suas manchas, como hematomas. Talvez uma agressão. Esse homem ( talvez eu estivesse agachada na cena, pque o enxerguei de baixo pra cima) também apresentava as mesmas marcas roxas pela face e pescoço. Penso que pelos braços também. Ele recolhe a criança, a distanciando de mim.
Nem sei como começar a narrar o conteúdo manifesto desse sonho. A punição, de não sei o que, eram palmadas na bunda. Um determinado número de palmadas na bunda. Eu agora estou sentindo vontade de chorar. Palmadas em público. Eu tinha que levantar a roupa, colocar a calcinha pro lado e receber um determinado número de palmadas. Cem palmadas. Antes mesmo de começar a punição, aquilo já era sentindo como se tivesse ocorrido: ardor, dor, ferida, eu não vou conseguir vestir roupa. Eu estava debruçada no carro. Ugo estava no carro da frente, do lado de fora, em pé do lado do carona, de modo que eu só enxergava do ombro dele pra cima. Os braços dele estavam sobre o teto do carro. E eu olhava pra ele, acusando ele, ele olhava pra mim com aborrecimento e impaciência, mas ao mesmo tempo cheio de amor, como se perguntasse "por que você me acusa? Vc esqueceu o que vivemos?" eu , me preparando pras palmadas e retrucando em direção a ele. Estou chorando. Antes da cena, eu estava num ambiente familiar, minha mae colocava pra fora da casa dela uma criatura (me veio, uma menina, mas pelas atitudes) que insistia em dizer que eu tinha um relacionamento amoroso com Ugo. Minha mae sabia que sim, todos saibam que sim, mas, me defenderam. Ela não tinha o direito de estar no meu ambiente familiar me acusando de coisas que não diziam respeito a vida dela, mas a minha. Essa menina estava, de algum forma, presenciando a cena das palmadas na rua.
Ugo estava no carro de trás.
Sinto que estou me desmanchando.
Sonhei com VC a noite inteira. Um sonho em duas partes. A primeira eu ia te visitar numa casa onde vc passava alguns dias, regularmente, e eu chegava com Nailton lá, pra trabalhar. No quarto do casal dono da casa ficava duas camas de casal, com as cabeceiras encostadas uma na outra, de modo que os casais dormiam no mesmo quarto, mas em posições opostas. Nailton insistia em brincar de me paquerar e você ficava sério, porém concentrado no trabalho. Eu te perguntava se a sua seriedade tinha a ver comigo, e Vc me devolvia a pergunta. Voce estava casado e sua esposa chegava ao mesmo tempo em que eu descobria que o casal que hospedava vcs eram pessoas conhecidas minhas desde a infância - uma pessoa que trabalhou na casa de minha avó e conviveu com a maioria dos netos dela. O nome do sogro dela era igual ao seu. Eu me movimentava pra ir embora, aí você dizia, muito mal humorado, mas tentando fazer o clima ficar bom : "vou ali pegar o violao pq daqui a pouco vamos sentar e fazer um som ", como se essa fosse a única solução pra noite transcorrer naquele momento.
A segunda parte do sonho era num estúdio. Um estúdio que era a casa de Lulu Santos, eu acho. Muito bagunçado o local. Variava entre a casa de Lulu Santos, a casa de minha avó materna (onde eu vivi minhas experiências infantis e adolescentes com a música, onde eu aprendi a colocar acordes no violão e cantar acompanhada) e a casa do meu amigo ator. Estava lá eu, você e Nadja, algo com o estusiasmo daquele dia de gravação aqui em casa. Vcs mexiam nos equipamentos pra lá e pra cá, e eu ficava numa posição meio passiva, pq não sabia o q fazer pra ajudar. A gente tinha 3 horas pra ensaiar e o tempo estava sendo consumido por esses ajustes dos equipamentos. Voce, ia lá, mexia do que tinha que mexer, e vinha pra mim, beijando, cheirando, pq percebia a minha expressão de angústia, por conta do tempo passando e eu calada sem fazer o meu trabalho que era cantar. Eu ia pra cozinha da casa, arrumar. Lavar pratos. Era um lugar com pouca luz. Você vinha sempre, por trás, procurando o meu corpo, me abraçando, me beijando, se enroscando. Tirava seu pênis e fazia aquelas coisas q vc costuma fazer. Eu pedia pra se conter, tinha gente no ambiente. E dizia " vamos terminar o q tem pra fazer e depois vamos descansar um pouco no quarto". Nessas idas e vindas suas aparecia um bebê em meu colo, cheiroso, todo vestidinho, com cerca de 4-5 meses [esse é exatamente o tempo em que começamos a ensaiar juntos!] e eu o colocava em seus braços dizendo "tome, segure aqui seu filho enquanto eu termino de arrumar as coisas". Você sorria pra mim, estendia os braços e pegava o neném, dizendo: " venha, meu filho".
"(...) afirma J. Guillaumin, sonho é um dos motores da criação" (citação de Denise Morel, no livro q estou lendo). Freud diz que o sonho é a via régia do inconsciente. Pública em 1900 um livro chamado "A interpretação dos Sonhos", e a psicanálise é basicamente inaugurada aí.
Sonhei com uma criança cheia de manchas roxas na cara. Ela estava no mesmo ambiente que eu. Um homem, jovem, a chamava quando percebeu que eu a observava. Observava as suas manchas, como hematomas. Talvez uma agressão. Esse homem ( talvez eu estivesse agachada na cena, pque o enxerguei de baixo pra cima) também apresentava as mesmas marcas roxas pela face e pescoço. Penso que pelos braços também. Ele recolhe a criança, a distanciando de mim.
Nem sei como começar a narrar o conteúdo manifesto desse sonho. A punição, de não sei o que, eram palmadas na bunda. Um determinado número de palmadas na bunda. Eu agora estou sentindo vontade de chorar. Palmadas em público. Eu tinha que levantar a roupa, colocar a calcinha pro lado e receber um determinado número de palmadas. Cem palmadas. Antes mesmo de começar a punição, aquilo já era sentindo como se tivesse ocorrido: ardor, dor, ferida, eu não vou conseguir vestir roupa. Eu estava debruçada no carro. Ugo estava no carro da frente, do lado de fora, em pé do lado do carona, de modo que eu só enxergava do ombro dele pra cima. Os braços dele estavam sobre o teto do carro. E eu olhava pra ele, acusando ele, ele olhava pra mim com aborrecimento e impaciência, mas ao mesmo tempo cheio de amor, como se perguntasse "por que você me acusa? Vc esqueceu o que vivemos?" eu , me preparando pras palmadas e retrucando em direção a ele. Estou chorando. Antes da cena, eu estava num ambiente familiar, minha mae colocava pra fora da casa dela uma criatura (me veio, uma menina, mas pelas atitudes) que insistia em dizer que eu tinha um relacionamento amoroso com Ugo. Minha mae sabia que sim, todos saibam que sim, mas, me defenderam. Ela não tinha o direito de estar no meu ambiente familiar me acusando de coisas que não diziam respeito a vida dela, mas a minha. Essa menina estava, de algum forma, presenciando a cena das palmadas na rua.
Ugo estava no carro de trás.
Sinto que estou me desmanchando.
Sonhei com VC a noite inteira. Um sonho em duas partes. A primeira eu ia te visitar numa casa onde vc passava alguns dias, regularmente, e eu chegava com Nailton lá, pra trabalhar. No quarto do casal dono da casa ficava duas camas de casal, com as cabeceiras encostadas uma na outra, de modo que os casais dormiam no mesmo quarto, mas em posições opostas. Nailton insistia em brincar de me paquerar e você ficava sério, porém concentrado no trabalho. Eu te perguntava se a sua seriedade tinha a ver comigo, e Vc me devolvia a pergunta. Voce estava casado e sua esposa chegava ao mesmo tempo em que eu descobria que o casal que hospedava vcs eram pessoas conhecidas minhas desde a infância - uma pessoa que trabalhou na casa de minha avó e conviveu com a maioria dos netos dela. O nome do sogro dela era igual ao seu. Eu me movimentava pra ir embora, aí você dizia, muito mal humorado, mas tentando fazer o clima ficar bom : "vou ali pegar o violao pq daqui a pouco vamos sentar e fazer um som ", como se essa fosse a única solução pra noite transcorrer naquele momento.
A segunda parte do sonho era num estúdio. Um estúdio que era a casa de Lulu Santos, eu acho. Muito bagunçado o local. Variava entre a casa de Lulu Santos, a casa de minha avó materna (onde eu vivi minhas experiências infantis e adolescentes com a música, onde eu aprendi a colocar acordes no violão e cantar acompanhada) e a casa do meu amigo ator. Estava lá eu, você e Nadja, algo com o estusiasmo daquele dia de gravação aqui em casa. Vcs mexiam nos equipamentos pra lá e pra cá, e eu ficava numa posição meio passiva, pq não sabia o q fazer pra ajudar. A gente tinha 3 horas pra ensaiar e o tempo estava sendo consumido por esses ajustes dos equipamentos. Voce, ia lá, mexia do que tinha que mexer, e vinha pra mim, beijando, cheirando, pq percebia a minha expressão de angústia, por conta do tempo passando e eu calada sem fazer o meu trabalho que era cantar. Eu ia pra cozinha da casa, arrumar. Lavar pratos. Era um lugar com pouca luz. Você vinha sempre, por trás, procurando o meu corpo, me abraçando, me beijando, se enroscando. Tirava seu pênis e fazia aquelas coisas q vc costuma fazer. Eu pedia pra se conter, tinha gente no ambiente. E dizia " vamos terminar o q tem pra fazer e depois vamos descansar um pouco no quarto". Nessas idas e vindas suas aparecia um bebê em meu colo, cheiroso, todo vestidinho, com cerca de 4-5 meses [esse é exatamente o tempo em que começamos a ensaiar juntos!] e eu o colocava em seus braços dizendo "tome, segure aqui seu filho enquanto eu termino de arrumar as coisas". Você sorria pra mim, estendia os braços e pegava o neném, dizendo: " venha, meu filho".
"(...) afirma J. Guillaumin, sonho é um dos motores da criação" (citação de Denise Morel, no livro q estou lendo). Freud diz que o sonho é a via régia do inconsciente. Pública em 1900 um livro chamado "A interpretação dos Sonhos", e a psicanálise é basicamente inaugurada aí.
domingo, 3 de janeiro de 2016
Um dentista. Um protético. Já fiz sexo com um protético. Ele pega a prótese. Ora é minha prótese, ora pertence a meu pai. É a prótese de meu pai. Tem cárie na prótese? Ele nunca responde as minhas perguntas. Limpa, entra, sai. Seus gestos valem as palavras, então agora eu tenho que sentar. Deitar. Serei examinada. Baixa a calça. Silêncio. Sinto o corpo dele ao meu lado, algo como um estetoscópio descansa sobre as minhas costas. Sinto tesão. Silêncio. Começo a me incomodar, quero levantar. O meu nome sai da boca dele como uma ordem pra eu permanecer. Como minha mãe me chamava a atenção, só chamando o meu nome, sem explicações.
A entrada de um outro protético ou dentista é inusitada. Ele reconhece a ação do outro e olha pra mim insinuando (sem emitir palavras): uma pena... Você não enxerga o que está acontecendo? Imediatamente eu me levanto, vestindo minha calça, e digo (sem palavras): é claro! Isso é abuso! Ele abusa das pacientes! Então o abusador fica imóvel, apenas respirando, sem qualquer expressão de susto ou culpa. O protético desvelador, começa a se arrumar para o trabalho. Suas calças estão folgadas, caindo. Sem palavras, ele me pede pra ajudá-lo, sem palavras eu já estava disposta, antes mesmo de ser solicitada. Por trás dele, levanto a sua calça branca, percebo a sua cueca frouxa num corpo bastante magro. Tarefa cumprida, em agradecimento.
A entrada de um outro protético ou dentista é inusitada. Ele reconhece a ação do outro e olha pra mim insinuando (sem emitir palavras): uma pena... Você não enxerga o que está acontecendo? Imediatamente eu me levanto, vestindo minha calça, e digo (sem palavras): é claro! Isso é abuso! Ele abusa das pacientes! Então o abusador fica imóvel, apenas respirando, sem qualquer expressão de susto ou culpa. O protético desvelador, começa a se arrumar para o trabalho. Suas calças estão folgadas, caindo. Sem palavras, ele me pede pra ajudá-lo, sem palavras eu já estava disposta, antes mesmo de ser solicitada. Por trás dele, levanto a sua calça branca, percebo a sua cueca frouxa num corpo bastante magro. Tarefa cumprida, em agradecimento.
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