sábado, 25 de fevereiro de 2017

Ele vem pra você
Vira também um moreno
Um pra casar
Sim! Você irá casar
Esse vem sem problema
E você terá mais um filho
Menino
Bruxa ousada
Cartas na mesa lê de mim
Meu desejo
Entre um índio e Iemanjá
Protege e oscila
Jogue flor pra ela, sabonete pra ela, ela gosta
De branco
Se quiser acenda uma vela
Verde
Às quintas, sete dias
Cânfora e álcool
Alfazema no quarto
Sal grosso na conta

Amanhã vai ser outro dia
Amanhã vai ser outro dia

Tome os banhos
Mentalize

Amanhã vai ser outro dia

domingo, 19 de fevereiro de 2017

O que tem dentro de mim são convicções
Inúteis
Sentimentos também o são
Se eu não sou livre, tendo a imaginar cordas nos pescoços alheios
Se eu me liberto, sinto a corda no meu pescoço, frouxa, mas sinto
Se alguém pisar na corda no meio do caminho? Volto-me ao pisador de modo a afrouxar a corda no meu pescoço, olho no olho dele
Basta olhar no olho dele
E continuar o caminho.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Um cachorro preto, pelo longo. Porte pequeno. Era alegre, mas mordia. Rosnava e se aproximava. Ele tinha que ser contido por grande parte do tempo em casa, de onde entrava e saía gente frequentemente. Alguém entrava com um cachorro. Uma garota meio loira, com uma chapéu parecido com um capacete e vestida com um short jeans cuja etiqueta metálica, atrás, na altura dá cintura, tinha o nome Rocha. Eu acompanhava ela indo pelo corredor, enquanto estava parada agachada na porta de entrada da casa contendo o cachorro pra que ele não mordesse o cachorro dela. Eu acarinhava aquele cachorro mas quase não via os olhos dele. Então o peguei em meu colo e colocando-o de frente pra mim disse pra ele em bom humor e voz doce: coisa linda, você é lindo. Ele não era lindo, eu via uma cara de bruxa nele, bruxa daquelas desenhadas pela Disney, meio índia velha, com queixo grande, cabelos lisos caindo desarrumados pelo rosto. Ela ria, um riso falso, tentando ser simpática, e eu insistia nos elogios.