sábado, 30 de abril de 2011

Coisas que escrevi para ela

Quem foi que disse que não se pode sonhar acordado


e não se pode tocar as estrlas, saltar até saturno, comer a lua cheia

E quem disse que o mar termina ali,

que não se deve contar os grãos de areia e dormir na praia sobre as folhas de bananeiras

Que no seu quarto não se risca as paredes

Que o jogo se transforma em tapete

O chão vira água, a toalha vira onda

Dona aranha dança, a lagartixa sobe branquela

A casa fica repleta de música só com a voz dela

Quem foi que disse que mãe é mãe, filha é filha

E que tudo não passa de uma brincadeira de bonecas

Ah! Meu amor, amorzinho, amorzão...

Eu deixei o seu pintor entrar e olha o que ele fez!

Agora eu sou marrom e seu cabelo é loiro

E perto de você o resto parece muito pouco

Me ensina a parodiar, me ensina a simplificar

Me faz gozar de outro lugar


O dia parece não ter fim, o mundo é capaz de dar zilhões de voltas

Olhe! A casa anda, os carros falam, os monstros riem, e plantinha chora

A velha já era! Agora, a casa é nova

E lá vem seu pintor...

- Faça o favor, pode entrar – eu digo

Pode pintar: laranja, azul, amarelo, verde, grená

Quem foi que disse que o mundo é todo arco-íris?

Ah! Já sei! Foi Clarice!








Amarelinha...

Quem é você, pequenina?

Meus olhos teimam enxergar

Pegue meu seio, chupe meu leite

Me deixe vazia

Preciso de um limpador pra desembaçar



Gordinha, bem feitinha...

Você é minha, pequenina?

Custo acreditar

Orelhas, nuca, mãos, fronte

Deite no meu colo, ouça a minha música

Lhe prometo, vai passar



Estou me enchendo do que nem sei explicar



Espertinha... Tá ficando moreninha!

Sou sua, pequenina?

Sinto clarear

A voz me chama, o choro convoca

Busco a velha fotografia

Vôo daqui levando pra lá



É você? Minha filhinha?

Demorei acostumar com essa ideia de mainha

Agora pode acreditar

Já que sou sua, pequenina

E estou cheia do amor que por toda a minha vida vou lhe dar.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Carta guardada

Salvador, 06 de junho de 1997.




D.Marlene,



Quero encontrar a Sra. em pleno gozo de saúde, junto à D. Lurdes e Vagner e os demais parentes e amigos.


Vou contar-lhe como aconteceu o motivo da minha doença:


Era um dia de terça-feira em que os aposentados faziam uma manifestação na Praça da Piedade. Eu amanheci o dia falando.Mais tarde, eu procurei a fala e não encontrei. Fiquei sem falar. Aí D. Dulce começou a chorar e eu também. Mesmo assim fui à Praça da Piedade. Chegando lá, não suportando a reação da moléstia, me dirigi à casa de minha filha Edna. Ela fez um suco de maracujá e me deu um comprimido Adalat. Ela me levou em casa e depois Rosinha me internou no Hospital Salvador, onde ela trabalha.


Passei cinco dias lá. Como já estava melhor, tive alta e fui para casa. Como receita, o médico passou para eu tomar um comprimido, Oxigen. Tudo bem. Fui melhorando aos poucos.


Pensando que já estava bom, fui à Aracaju ver minha irmã, a minha cunhada e os demais parentes. Depois de 15 dias, tive a segunda crise – piorei. D. Dulce foi me buscar urgente junto com Rita e o esposo. Daí começou tudo de novo. Entrei em tratamento e hoje estou falando melhor do que antes.


Ainda continua o sistema nervoso alterado, não posso atender telefone porque falo muito pouco e fico nervoso, como a Sra. notou. Hoje eu sou um homem que não fala direito, não escuto e não vejo. Praticamente eu sou um homem acabado.


Espero que Deus resolva a minha situação.


Dulcinéa e meus filhos, genros, netos e bisnetos vão bem de saúde, graças a Deus. Rosinha está trabalhando no hospital no qual fui internado. Ela tirou o curso de instrumentadora, trabalha com os melhores médicos ortopedistas: Dr. Hélio e Dr. Roberto Aleluia.


Mariana, a neta que faz minha cartas, está estudando na Escola Técnica fazendo Edificações junto com o primo Roquinho, filho de Edinha. O marido dela [Edinha] é professor da escola acima citada.


Espero que Vagner esteja bem nos estudos. Esse é o meu desejo para que mais tarde a Sra. possa dar um passeio aqui em Salvador depois que ele vencer o curso. Estarei aqui as suas ordens, conte com o amigo de sempre. Diga a Vagner que continuo torcendo pelo Palmeiras.


Sempre contanto com a boa vontade da neta Mariana para fazer as minhas cartas.


Sem mais, lembranças de todos os componentes da família.

[João Teles Magalhães]



Arrumando minhas papelarias, reecontrei o rascunho desta carta que guardei por ato falho, talvez devido ao grande afeto presente naquele momento. Sempre rasguei sob suas vistas todos os rascunhos das cartas que para ele redigi, depois de passá-las a limpo e envelopá-las, e não sei por qual motivo inconsciente essa não foi rasgada. Ele morreu em 2001, na madrugada do dia 19 de fevereiro. Minha mãe permaneceu no hospital (o mesmo citado na carta) sozinha, porque era o seu dia no rodízio. Meu desejo foi ficar, mas no outro dia eu teria que me apresentar no meu primeiro emprego. E assim o fiz, mesmo depois de atender ao telefonema às 3 ou 4 horas da manhã com a notícia derradeira. Meu avô foi um homem trabalhador, cheio de energia para servir aos outros, e eu não seria diferente disso. Tive a sorte de ser neta de João Pindoba.

Não gosto muito de alegar isso, até porque ele nunca me falou, mas as recordações não deixam outra conclusão – eu era a sua neta preferida, como diziam as minhas irmãs. Inusitadamente, ele chegada à casa de minha mãe e batia à porta no seu ritmo-código, pois, segundo o mesmo, era para não termos dúvidas de que era ele e não abrir a porta para estranhos caso minha mãe não estivesse em casa. As meninas ficavam no "jogo de empurra" para ver quem iria servir o seu café com biscoitos. Eu bem que dava a oportunidade a elas, mas elas nunca aceitavam, então eu fazia, com muito prazer. Elas diziam: "Peça a sua neta, ela não é a sua neta preferida??" Ele ria, como resposta, só isso, mais nada.

Eu choro, eu choro com essa saudade que ele me deixou. Meu avô me ensinou a andar de bicicleta, a caminhar pela feira de São Joaquim sem aquela lama sujar meus pés... Tive somente a intenção de dividir com os leitores deste blog as palavras de um homem que se julgou acabado, por perder sua comunicação com o mundo. Não tinha a intenção de transcorrer na minha escrita. Mas falar dele sera conteúdo em mim para sempre.

Aos meus onze anos viajamos juntos para Sergipe, onde nasceu. A hospedagem foi na casa da sua irmã, minha querida tia Detinha, viva até hoje, pessoa que sempre que nos encontramos tenho necessidade de ouvir aquele sotaque característico contando as histórias dela e que também foram parte dele. Ele dançava e cantava o tempo inteiro. Sorria muito, mas também tinha os seus "calunduns"! Aqui não tem espaço para as minhas recordações...!

Nessa viagem à Sergipe passeamos por Laranjeiras, por Carmópolis com um amigo seu cujo nome não me recordo (sei que acabava com um som "ael", natanael, otoniel, não sei). Lembro que ele era negro, daqueles negros preto, e muito cheio de classe, calmo e educado. Pisei no chão da casa onde ele nasceu nessa nossa viagem. Um lugar já baldio, mas um conhecido ele encontrou lá, dono de um boteco, onde tomei Fanta, de laranja, pois naquela época não existia de uva!rsrsrs Em Laranjeiras, terra natal de minha avó, passeamos a cidade inteira, entrando em tantas casas que eu nem sei. Numa delas ele me ofereceu licor! Imagine...

Eu não enxergava preconceitos em suas atitudes, era um homem bastante popular e querido, comunicativo. Numa determinada época era ele quem levava a mim e minhas irmãs à escola, no seu Panorama amarelo, com cheiro de gasolina e barulho de amortecedores gastos.

Não consigo continuar, finalizarei por aqui porque o choro da saudade teima em não se conter.

domingo, 24 de abril de 2011

La mala leche para los "puretas"

[Um dia desses, elaborando...]

Estou lendo sobre quem e o que mais tem me interessado durante os últimos anos da minha vida – a psicanálise e o seu criador, Sigmund Freud. Troco a televisão por uma leitura, uma escrita, uma música, pela vida alheia. A televisão traz muitas observações prontas e isso não me atrai. Então, em pleno final de casamento, em plena crise financeira, penso que não me resta muito coisa a doer neste mundo a não ser as dores que a velhice trará ao meu corpo que, chegando aos trinta anos já tem apresentado sinais de uma máquina gradativamente falhando, engordando, desmetabolizando.


Assim como esta aqui na qual escrevo, cujo carregamento da bateria tem me causado uma certa irritação por não está sendo processado perfeitamente impossibilitando minhas produções.

Aprendi a escrever lendo Freud e Françoise Dolto. Escrevo o tempo todo em psicanálise. Aprendi a utilizar o computador para escrever porque é o que realmente consegue acompanhar a fluidez dos meus pensamentos. Por essas facilidades digo sim à ciência, quando utilizado à favor da humanidade e do mundo, e digo sim à psicanálise porque me traz essa fluidez sem culpas.
Deixei de acreditar em deus muito cedo e não sabia. Fui educada na coreografia do “em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém” todo dia antes de sair de casa, mirando a imagem do coração de Jesus num lugar central da casa. Então deixei de fazer a coreografia. Acho que tinha cerca de 13 anos, penso que quando comecei a ler independentemente sobre o espiritismo. Tentei encaixar a minha vida em alguma religião, sem sucesso. Não sei muita coisa sobre a história do mundo e nunca estudei a bíblia. Hoje ainda fico receosa de assumir o meu ateísmo para certas comunidades em que vivo, mas estou a passos muito largos de dissolver essa preocupação. Em 1918, Freud escreveu: “achei pouca coisa 'boa' nos seres humanos como um todo. Segundo minha experiência, a maioria deles é escória, não importando se publicamente aderem a esta ou àquela doutrina ética ou qualquer que seja (…). Se vamos falar de ética, sou adepto de um grande ideal do qual a maioria das pessoas com quem tive contato lamentavelmente se afastam” (Freud e Pfister, 1963, pp. 61-62). Algo soa como egocentrismo, como aliás as pessoas costumam enxergar outras pessoas que encaram os fatos da vida como eles são, a vida como ela é, o destino, sem divindades.

Resolvi encarar a minha vida com minhas angústias, minhas falhas, falhas ao dizer ou fazer coisas e sentir o arrependimento logo depois. A teoria psicanalítica me instiga, e há um certo prazer nisso. Freud muitas vezes me traz um sofrimento por explicar (e eu entender) e permanecer estática sem saber o que fazer com o meu saber. Suspendi o meu trabalho de análise e minha vida não está boa. Mas me falta dinheiro e coragem e investir energia nesse trabalho. Penso demais, e se pensar é existir, eu existo demais! Sofro por não acreditar em deus, porque não há o que me conforte em certas horas. Aí tenho que parar em mim mesma e tentar ficar sã. Falta coragem também para me matar, mas não deixo de desejar essa morte que não chega pra me livrar dessa vida onde eu não posso ser sincera, onde eu não posso dizer o que penso em nome de uma falsa moral que se estabeleceu desde os primórdios dessa podre civilização. Ninguém é o que realmente aparece. Como diz Caetano Veloso: “ de perto ninguém é normal”. Então, por que não assumir essa anormalidade?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Amor

 
Foto: Mariana Magalhães
 Composição : João Ricardo - João Apolinário


Leve, como leve pluma

Muito leve, leve pousa

Muito leve, leve pousa
Na simples e suave coisa

Suave coisa nenhuma

Suave coisa nenhuma

Sombra, silêncio ou espuma

Nuvem azul

Que arrefece

Simples e suave coisa

Suave coisa nenhuma

Que em mim amadurece

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Link com D. Net


Faz uns dias meu pensamento está trabalhando lentamente para o processo de escrita flutuante. São tantas impressões neste mundo no qual ao [eu] vivo, no meu país, na minha cidade, no local onde eu moro... Eu tenho preferido prorrogar a escrita para não embolar as ideias.

Tenho sentido tristeza ao colocar-me a par do noticiário. Minha atualização hoje vem principalmente da internet, onde leio ao menos dois sites de jornal local e dois sites de jornal nacional logo que começo o meu dia de trabalho, diariamente. Aos finais de semana resguardo-me a não ter acesso a essas tantas informações.

Todos os dias também, marco presença nas comunidades virtuais. Sim, vivemos em dois mundos – o virtual e o “real”. Desde o rádio e a invenção da televisão isso vem acontecendo, mais devagar e menos desastrosamente, porém sensivelmente. O mundo chega às nossas casas simples assim, não precisamos nem levantar da cama, só pegar o controle remoto e plim! (Aqui no Brasil é plim!plim! rsrsrs). Agora é quem eu chamo de D. Net, nossa maravilhosa internet. Poderosa também. Mais do que qualquer outro meio de comunicação hoje em dia. A televisão anda perdendo para ela. É um mundo, com imagem e linguagem própria, além de conter tudo o que chamamos real tem, de bom e de ruim, só não tão perfeitos ainda quanto os nossos sonhos inconscientes.

Comecei a escrever porque estava lendo um artigo sobre a teoria de Vygotsky (psicólogo russo), numa das minhas pesquisas sobre comportamento devido a questões que tenho buscado atravessar com a minha filha de sete anos na escola. De Vygotsky à Lacan (psicanalista francês), de Lacan à Saussure (linguista e filósofo suíço). Nunca imaginei entrar nesse universo de informações, de me importar com o nome de autores ao invés do título dos livros! Kkkkkkkk Mas educar é um desafio mental, intelectual e comportamental, por isso não hesito em recorrer às palavras. Enfim, percebi algo que fazia um link (olhe a palavra virtual no real!) com D. Net e o mundo de carne, osso, pedra, madeira, aço..., o mundo que chamamos de real.

Lacan retirou de Saussure o entendimento de significante e significado, elementos que compõem o signo linguístico. O significante é uma imagem acústica, o significado é o conceito.  Posso exemplificar bem simploriamente: Lendo a frase “Deus é” em voz alta, tem-se também “Deu Zé”. A primeira, como significado, a segunda como significante, imagem acústica.  Essa imagem acústica é o que fica registrado pelo nosso inconsciente, segundo a teoria psicanalítica. Não sei se fui muito clara, não muito boa ao tentar transmitir o meu saber adquirido, mas estou aberta a questionamentos e a aquisição do saber alheio! Rsrsr

Bem, o link com D. Net, com o noticiário atual e com a psicanálise tomou seus caminhos, podendo ser só coisa da minha cabeça, mas que para mim, blogueira, não me custa publicar. O que eu ouço, pode ser o que o outro também ouve, mas não há qualquer meio que possa garantir que o que eu retenho como significante, inconscientemente, seja o mesmo que o outro. É como o bolo de uma tia minha muito querida: ninguém faz igual. Uns gramas a mais de manteiga já alteram todo o sabor do bolo, e vice-versa. Alguém pode nunca contestar que “Deus é”, mas outro prossegue com a certeza de que “Deu Zé”, na cabeça!

Assim vão-se misturando informações, reais, virtuais, e dentro da cabeça de liquidificador de cada sujeito vai resultando sucos [sulcos] vitaminados em prol ou contra a humanidade.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pensar em nada..

Pensar em nada é impossível, porque nada não existe. Na semana passada acontecimentos no meu local de trabalho e no Rio de Janeiro mexeram com a minha pouca normalidade emocional. O tema foi a morte, mas não ela própria e simplesmente dita, mas o caminho até ela.

Vou colocar aqui um vídeo cujo som eu ouvia em LP, e era um dos que minha mãe dizia que o disco iria furar de tando eu ouvir. Quem conhece a banda Titãs, na sua musicalidade original, pode perceber o que Marisa Monte conseguiu fazer com a canção. Não me importava a péssima dicção de Marisa tão criticada pela minha irmã mais velha, nem a péssima qualidade sonora de um LP (afinal, não sabíamos de algo melhor!), o que mais me chamava a atenção era o que de novo ela retirava do velho, o que de atual ela retirava do passado. Hoje não sustento mais a mesma opinião sobre Marisa Monte, continuo ouvindo, querendo saber o que ela está apresentando, mas, por exemplo, nunca paguei para ir a um show, sempre inacessíveis à massa. O seu perfil musical mudou ao longo dos anos, e nunca mais me provocou arrepios, embora eu buscasse.

Enfim, aí está.

domingo, 3 de abril de 2011

Passarim, Tom Jobim

Uma das canções mais lindas de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim...




Passarim

Composição : Antonio Carlos Jobim / Paulo Jobim

Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro partiu mas não pegou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Me diz o que eu faço da paixão?
Que me devora o coração..
Que me devora o coração..
Que me maltrata o coração..
Que me maltrata o coração..
E o mato que é bom, o fogo queimou
Cadê o fogo? A água apagou
E cadê a água? O boi bebeu
Cadê o amor? O gato comeu
E a cinza se espalhou
E a chuva carregou
Cadê meu amor que o vento levou?
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta, então me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
Cadê meu caminho? A água levou
Cadê meu rastro? A chuva apagou
E a minha casa? O rio carregou
E o meu amor me abandonou
Voou, voou, voou
Voou, voou, voou
E passou o tempo e o vento levou
Passarim quis pousar, não deu, voou
Porque o tiro feriu mas não matou
Passarinho, me conta então, me diz:
Por que que eu também não fui feliz?
Cadê meu amor, minha canção?
Que me alegrava o coração..
Que me alegrava o coração..
Que iluminava o coração..
Que iluminava a escuridão..
E a luz da manhã? O dia queimou
Cadê o dia? Envelheceu
E a tarde caiu e o sol morreu
E de repente escureceu
E a lua, então, brilhou
Depois sumiu no breu
E ficou tão frio que amanheceu
(Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar não deu
Voou, voou, voou, voou, voou