terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Canção atrás do caminhão
De lixo
Na ida e na volta
Boca abre e fecha e o cheiro ganha outros ares

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Não
Ela não parece tanto comigo
Eu pareço tanto com ela
Com os medos todos dela
O desaforo dela
Alguma força que ela tem
E uma beleza marcante

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O vazio é um convívio irrecusável.

As coisas parecem andar
Saltitantes pela simplicidade
A grama
A lama
Balaustrada
rio vermelho
Corridinhas
Ora cão
Cidadão
Reunião
Em lamari, alá, rico, chico, merlin, pagu
Lacan e Juno
Pandora

Fresca
Brisa
Entre a pista, o verde, o mar

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O sertão é o melhor lugar
Quando vem a nuvem preta
Da amargura à paixão
Basta andar descalço
na hora em que a sombra some
A alma vai bem no meio
Do ser
Meio sedento e insaciável
Contido no desejo
Vê coisas sem forma cor
Textura de areia passando
Pelos dedos
A cegar o olho
Fecha a boca
E abre as asas
Respira no fundo sertão
Chama a lua vermelha
O outro dia virá
Na seca
Rota pertinente ao amor

domingo, 10 de dezembro de 2017

É vital a companhia de um cão
Vital a presença das plantas
O vento de passagem cortando a massa de ar quente da janela
É vital ver o mar
Virando cinza
Com a vitalidade da chuva vindoura
Vital haver nuvens carregadas escurecendo o dia
É vital um passeio em família
Uma visita
é vital
Ser visita
Saber notícias
É vital tantas vozes

É mortífero quando parece ser sentido amor
Quando o amor é sem sentido

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Um acidente com muitos mortos. Junto ao meio-fio, mortos ou agonizantes. Nunca vi isso antes... Parecem mortos de guerra, empilhados. Nenhum som. Som de dor ou de respiração, nenhum. A espera pela ambulância é de mais de uma hora, então quem poderia sobreviver, estava morto. O caminho se faz em direção a uma amizade de longas datas. Um laboratório com muitos computadores numa penumbra. Saímos pra almoçar mas nesse tempo há uma consulta psicológica agendada e um ex-namorado é insistente em acompanhar o trajeto ainda que seja tratado com indiferença. A sessão acontece e, ao final, antes de sair, é observada a porta entreaberta e o sentimento de que tudo fora escutado lá fora. Não, não, é garantido pela psicóloga - há muito barulho, parece ter sido realmente impossível. Depois a profissional é uma amiga, o ambiente  fica familiar, a filha dela chega e não me cumprimenta. Vou buscar o meu cachorro. Ele faz cocô na rua e ainda há dúvidas se recolher ou não. Um armazém está bem defronte, um saco é disponibilizado e a coleta feita, ainda que com pouco amor pelo cão. Agora a direção é a casa de uma tia. Familiares encontram-se de férias em Guarajuba e eu  trabalho. A sobrinha surge do mar à areia em minha direção com os cabelos esvoaçantes parecidos com a menina que eu gerei. Um tio ja morto aparece vivo e me cumprimenta de maneira diferente da habitual, passo a saber que a sua memória está lesionada. Vejo o mar à frente. De camisa preta e calcinha, sinto a liberdade pra um mergulho antes de ir trabalhar, um mergulho só. O faço. A água é turva, extremamente salgada. Saio convicta de que a água do mar do lugar onde moro é melhor.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A água deveria apagar o fogo
A chuva quando vem pode acabar com o incêndio na mata
Há fogo que surge do nada
Na seca
E um pingo d'água resolve
Fogo surge, gota apaga
Fogo surge, gota apaga
Gotas de água salgada todo santo dia, são Pedro
Gotículas dos zoio de labareda, são José

Um peixe cru enrolado na alga, maçaricado, por favor.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

EXcertos

A coisa é o seu oposto. O oposto da verdade não é a mentira, é a palavra. A palavra reta, analítica. Nisso há o amor, por conseguinte, o ódio. Tão verdadeiros quanto a palavra. Então eu amo (odeio) (verdade) (palavra). Faço uso de um expandidor de mentes. A palavra é uma mentira, representa algo que não está ali. E eu vi a negativa. Essa prática como pesquisa é sei lá o quê. Porque sei que lá em algum lugar saberá. Lá depois de essas palavras que eu escrevo terem saído do meu corpo. É incrível e certo.
Atiro-me à criança. Criança é trabalho. Houve trabalho. É como um cão. Mas a criança piscava os olhos pra mim, repetidas vezes. Pisquei os meus pra ela e soltei-lhe um beijo.
Há quem diga que é questão paterna. Os pedaços e sonhos tentam juntar pedacinhos , enfiando cenas com cola falhada. Nem consegue colar. Porque não cola. Dorme cedo, bem cedo, logo chegará um novo dia. Lide com pedaços, coisas inteiras são quebradiças.
E vai chegando dezembro. Vai chegando dezembro e muita memória. Vai chegando dezembro e eu queria cantar parabéns com todos desde que ele surgiu. Se já sou chorona e tudo é motivo pra choro, eu choro. Acho que encontrei Juno. Ainda não sei. Parece que sim.  Meu dimon é um cão. Um cão.
Parei pra amar. É uma delícia. Onda do mar macia em barra do gil. Mar que salva a alma do dia. Parei e amei. Pensei e falei, que a vida doi. Depois levantei e andei. Anuviei, o amor nunca cicatriza. Nunca cicatriza. Cicatriza o amor. Cicatriza. Eu quero essa costura perpassando poros. Mucosas e células mortas brotando da minha cabeça. Que coisa sexual de tanto cabelo nessa cabeça.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Na mania

Rodar a baiana, vou rodar. Pergunto o que é que eles querem? Não, não querem, eles exigem e eu acredito que isso é amor. Isso é babaquice. Muitos babacas. E babacas que se disfarçam. Tem medo? Por mim. Se caguem de medo e brochem de medo. Desgraças. Desgraça pouca. O olho não bate na mira nunca! Míope é assim. Tem que chegar muito perto pra ver. Ao redor, fica tudo anuviado. Desgraças. Um colchão pra deitar é o bastante. Uma noite é o bastante. Virão mais noites e outras más noites também virão. Essa deve ser a doença. O corpo todo, inteiro, pena em esperar. Pra quê falar da sua vida? Desgraça muita. Sinal de quê? Desgraças. Vão-se para sempre. É favor. Agora é a arte da indiferença. Sucumbência. Morte. Até lá.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Quero contar! Mariana conta um, é um, é Ana! Viva Mariana, viva Mariana. Mariana conta dois, Mariana conta dois. É dois, é um, é Ana! Viva, Mariana, viva, Mariana. É um mar de alegria, essa inconstante correnteza, que nesse momento paira no continuar fazendo pois a coisa virá.  A conta vai até quatro ou cinco, além dos demais. É segredo contado. É segredo cantado. É segredo encantado!