sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Luz e ar

Pela primeira vez, em dois anos, faço a viagem ao trabalho num carro com as janelas abertas. O dia amanheceu com sol, sem a chuva que me deprime quando penso em sair de casa para trabalhar. Hoje choveu quando eu saí, minha camisa branca de sexta-feira respingou. Entrei no carro, peguei umlivro como de costume e, de repente, sinto o vento no meu rosto! Por segundos não entendo - de onde vem isso? Ah! As janelas estão abertas! Agradeço ao motorista? Será que ele foi sensível a minha tosse alérgica e preferiu não ligar o ar condicionado? O sol no meu rosto! Sorrio, fecho o livro e os olhos para sentir melhor. Tento reconhecer a estrada corriqueira, não parece a mesma. Claro! Estou sentindo o vento no meu cabelo, bem de leve, delicado, pois as janelas não estão escancaradas, estão abertas para ventilar, para arejar. Talvez o motorista suspeitou de uma gripe e ficou receoso de se contaminar! Rssrsrsrs.

Não consegui cochilar como faço normalmente. Dormir para quê? Não quero fugir desse prazer, dessa sensação que não sei quando experimentarei novamente até ter o meu próprio veículo.

Sonhei com gato novamente. No sonho ele entrava pela minha janela e eu o expulsava carinhosamente, enquanto ele atravessava a minha casa até sair. Eu debruçada na janela, o via num paredão alto e o cumprimentava, do meu jeito só, de tentar uma comunicação com os animais. O gato aparecia agora na frente da casa e deparava com um rato, pequeno e branco. O felino rosnava para mim, como se eu fosse ameaça para o seu almoço. Pisava em cima do rato e o paralisava. Eu pensei: "coitado do ratinho...mas é assim mesmo... o que posso fazer? Gato come ratos!" Então a presa conseguia dar alguns passos e fingia-se de morta. Não lembro a continuidade do sonho. Sei que o gato não me causava medo, nem qualquer outro tipo de sentimento ruim. O gato era um gato no meu sonho, gostava de ratos, de subir em lugares altos, de adentrar lugares que ele bem quisesse com toda a sua natureza segura e independente, como se soubesse com certeza o que lhe causaria mal.

Na minha escrita flutuante, associando sonhos, fatos, impressões, minhas leituras, lembranças e sentimentos, eu interpreto e vivo, vivo e interpreto. Vivo e trabalho. Vivo e amo.

Hoje é sexta-feira, tem caruru e samba a noite inteira. Verei Polinho e meu gordo, minha casa, minha família inteira.

Gato caçando rato

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

18/08/2010 às 13:10 

Juíza que deu a guarda de Joanna ao pai lamenta morte

Agência Estado
A juíza Cláudia Nascimento Vieira, da 1ª Vara de Família de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, lamentou em nota divulgada ontem o falecimento da menina Joanna Cardoso Marcenal Marins e disse que se a violência contra a vítima for confirmada "será uma surpresa". Cláudia foi a responsável por conceder ao pai a guarda da criança, de cinco anos, cuja morte pode ter sido causada por maus-tratos.

A magistrada alegou que "até o momento, não havia prova disto nos autos do processo que tramita neste Juízo de Família" e acrescentou que a internação da criança "não guarda relação com o processo onde se discutia sua guarda e visitação". No entanto, ela reconheceu que uma notícia de maus-tratos em 2007 resultou na suspensão das visitas do pai, o técnico-judiciário André Rodrigues Marins, por nove meses. Segundo a juíza, um estudo psicológico teria atestado a inexistência da violência e restabelecido a visitação paterna.

Desde 2007, o pai da vítima disputava a guarda de Joanna com a mãe, a médica Cristiane Marcenal. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), neste período foram realizados um estudo social e dois estudos psicológicos sobre o caso, com a participação de três psicólogos diferentes.

A juíza defendeu sua decisão e afirmou que estudos psicológicos realizados no processo de Joanna concluíram pela necessidade de "restabelecer com urgência o convívio da criança com o pai" e "sem a interferência da mãe". A magistrada acrescentou que durante todo o tempo de tramitação do processo, o pai encontrou dificuldades para exercer a visitação, "diante dos obstáculos criados pela genitora". Segundo a magistrada, isto culminou na reversão da guarda provisória.

Joanna morreu na sexta-feira vítima de parada cardíaca em um hospital em Botafogo, na zona sul do Rio, após ficar 26 dias em coma. Antes da última internação, ela passou por duas clínicas. Na Rio Mar, na Barra da Tijuca (zona oeste), a criança foi atendida por um falso médico, o estudante de medicina Alex Sandro da Cunha Silva, de 33 anos, que receitou anticonvulsivos e liberou a criança desacordada. Ele está foragido e a ex-coordenadora do Setor de Pediatria da Rio Mar Sarita Fernandes Pereira foi presa.


Fonte: http://www.atarde.com.br/brasil/noticia.jsf?id=5607790


Abri o jornal e fiquei comovida com esta notícia! O que é isso? Em que lugar estou? Que mundo louco é esse? Só cinco anos a criança, maus tratos, separada da mãe e impedida de vê-la. E essa equipe psicológica e assistencial? E a juíza? 
Talvez edite esta mensagem mais tarde. Por enquanto, estou com essas questões. Reflexões.
 

domingo, 15 de agosto de 2010

Existe o prazer no desejo

Abri meu e-mail do trabalho e li essa mensagem. Surpresa, felicidade, realização. Fiquei entre as 15 poesias selecionadas para o concurso SESI de Poesia, para empregados da indústria! Um reconhecimento público da minha produção!!

Comecei a ligar para os queridos, torcedores ao meu lado - minha filha, Paulo, Conceição (para avisar a Waltinho!), Carol Bárbara, Juliana,Carolina Magalhães, Ana Paula, Sueli. Dividir meu contentamento eufórico, meu toque no real.

Hoje conversando com Paulo, lancei a pergunta: "e se eu ganhar no dia 29?" Ele disse que já esperava minha classificação.. Mas eu não!! Então é possível eu ganhar, começo a pensar... Se já fiquei uma noite sem dormir por causa da classificação-prêmio, imagine com o prêmio propriamente dito! Tenho que pensar que há possibilidade, senão minha poesia não seria classificada, foi isso que Paulo, didática e obviamente, esclareu-me.

Antes do resultado do concurso, dei a poesia classificada de presente para uma amiga, cuja realidade emocional está abalada. Além das nossas extensas conversas, eu pensei que teria um sentido apresentar-lhe uma poesia que fiz num momento não muito fácil para mim. Ela disse que saiu mostrando para as pessoas, que elogiaram, e que um dia sairia da gaiola. Declarou que, de alguma maneira, pensou em Cora Coralina ao ler. É o que eu posso oferecer, minhas palavras.´

Na volta no trabalho na sexta-feira, recebo uma mensagem cujo número não consta na minha relação de contatos do celular, e portanto não sei reconhecer de quem veio: "Mari, obrigado pelas palavras! Bom final de semana! Bjs." Falei algo que não sei, para alguém que eu também não sei, mas de alguma forma teve efeito. Penso que isso é o verdadeiro sentido da palavra bem dita, bem falada. A palavra possui ecos para mim. Não se sabe aonde vai propagar. E a arte da palavra, a poesia?

Aí está a mensagem causadora de uma realização enormemente importante nesta fase da minha vida. Dia 29/08/2010 às 18 horas acontecerá a final do concurso. Existe uma possibilidade para mim, existe um prazer leve, solto, nessa minha maneira boa de desejar.



Prezados Senhores:

É com imensa satisfação que divulgamos o resultado da fase classificatória do XII Concurso SESI de Poesia.
Foram selecionados 15 poemas, que seguem abaixo, e que serão apresentados no palco do Teatro SESI dia 29 de agosto, a partir das 18 h.
Em breve faremos contato para planejamento do evento.


NOME - POESIA
Severino Francisco de Oliveira Costa - Lajedo Prateado
Delson Borges de Araujo - Quero Viver
Alexandre Araújo Nascimento - A Sombra do Que Fui
Cynara Teixeira de Novaes - Hóspedes
Osmundo Batista de Santana - Aventureiros
Benedito Miguel da Silva - Chorei muito de saudade vendo a casa onde morei.
Joedvan Teixeira Alves - Padroeiros
Cosme Custódio da Silva - Sedução
Ailton Silva Aleluia - Introdução

Mariana Magalhães dos Santos - A Gaiola

Léo Cunha Caldeira Mesquita - Nem tudo são laranjas
Vanessa Lago Nery - Incógnita
Marcos Sampaio Vidal - 1/4
Claudemar Antônio S. dos Santos - Exclusão Social
Josinéia Fernandes da Silva - Pelas Ruas da Poesia


Parabéns a todos os classificados!!!!!

Abraços.

Catarina Laborda
Sesi Cultura

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Estou no quarto

Se eu pudesse
o meu quarto bastaria
Minha cama abrigaria meus escritos
meus livros
minhas alegrias
Meu amor, minha orgia
O meu dengo, minha agonia

No meu quarto, não tão grande
às vezes alguém me visitaria
Depoimentos eu faria
Poesias
Uma canção comporia

Esse quarto
mesmo em paredes esconsas eu inventaria
meu mundo
eu sonharia
acordaria
Em falsete eu cantaria

Um estúdio montaria
Meu cachorro no tapete
Quadros nas paredes
Sem guarda roupas, mas uma rede
um espelho
Um sofá
Ou um divã pra eu me deitar