sábado, 30 de setembro de 2017

Um passeio sobre uma folha gigante dentro de um rio com antiga paixão. Passeio amigável. O caminho se faz numa natureza pós guerra. Há corpos de animais mortos, já decompostos, cujos corpos de animais vivos passam por cima. A vegetação está seca, destruída, porém algum verde é avistado. A folha caminha suavemente sobre o rio e às vezes ouso em pôr a mão na água escura. Então eu digo: tenho medo de jacaré, de cobras surgirem e abocanharem essa folha frágil em que eu me deito, acompanhada por alguém que me trouxe a alegria de cantar e, durante o passeio, transmite mesma segurança quando juntos no palco. Muito silêncio, mirando as margens do rio, vejo cobras, lagartos caminhando na paisagem deserta. O passeio acaba. Eu pergunto: que dia vamos novamente?
Minha doença é a minha memória.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Uma poesia aos críticos de poesia

Limpei a mesa
Limpei a mesa, guardei as roupas
Pendurei casacos
Lavei as roupas
Limpei a mesa, varri a casa
Varri a casa, lavei a louça, desinfetei as frutas
Fiz uma vitamina de frutas
Estendi as roupas brancas
Devolvi as cortinas às janelas
Bebi uma vitamina de frutas
Banhei-me
Olhei-me no espelho
Deitei na cama
Acendi o cigarro.




quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Mais lixo teórico

As palavras sempre souberam esperar. Portanto o amor sempre soube esperar. Mesmo quando esse tempo não existe. Ai. Eu morro nessa inexistência.

Agora mesmo, um cachorro arfando, eu escutei. Parece um cachorro grande. Uma cadela. Cadelas fazem guarda pessoal melhor que os cachorros.

O que eu quero dizer com isso? Que temo o manicômio, a interdição, aquela tal da castração que alguns psicanalistas dizem que a psicanálise faz a resolução. Se a teoria freudiana é basicamente a pulsão, isso que ele disse que existe e a gente não apalpa porque é uma força situada entre o somático e o psíquico, eu sou um surto psicanalítico.
Coelhos. Coelhos dorminhocos e mansos. Talvez seis coelhos. Todos juntinhos no meu colo, branquinhos, calmos.
Comi um.
Conversa vai, conversa vem. Em paz. Alguns se mexem dormindo. Outros despertam vagarosamente e se locomovem em meus braços.
Comi o segundo.
Aviso: comi o segundo. Ninguém viu. Os que ficam continuam calmos. Branquinhos e mansos, um sono de muita paz e fofura. Veja que fofura esse bicho. Impossível comer os demais. É bom pegá-los no colo. Sei que roem tudo, tudo o que encontram pela frente. Mas diante de tamanha fofura...
Sem gritos, agora eu os disseco. Pelo abdómen, com uma faca amolada, a pele é talhada e, dispensada a faca, puxada inteira com as mãos hábeis nesse serviço. Eu me recuso a comer carne de coelhos. A dúvida é se fui eu mesma quem os matei ou me foi dado apenas o serviço de retirar as suas peles. Sinto a presença da matriarca em pleno incentivo. Eu já prestes a  romper os abdómens  dos coelhos e retirar-lhes as tripas, haja vista que a matriarca adora meninico. Tudo o que eu quis, por ela nunca foi incentivado, porque eu, com faca, com mãos, com tudo, haveria de abrir a barriga de coelhos mansos?

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Urros na vizinhança e, em meio a muitos estímulos, o vazio
Aquele que suicida
Vazio
Depois de tanta alegria atravessada por tantas dificuldades
 Vazio
É suposto o oco do canal por onde passa toda criança
Depois da passagem
Choro
É suposta a dor porque
Choro
Cegueira
Murmúrios
Silêncio
Em vida
Morte

E aquela dor no peito depois de ser o buraco?
E aquela intuição de um menino ainda dentro do buraco?
Dor no peito é memoria
Menino no buraco da memoria é menina na terra enfiada
O que aconteceu, meu deus?
Urros inúteis
Lágrimas invisíveis
Silêncio
E morte.



segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O ar parece farpar a cada passo na cidade
Tropeços nos calcanhares na feira
Desculpas
Seta pra esquerda
Licença
Medo do próximo passo
em músicas petrificadas já conhecidas pelos pés
Pés de aço são precisos
Trituradeiras
Passo mal, muito mal
Pouca coisa alivia
Muita coisa irrita
Ideias recentes são esquecidas
E a garota da vitrine pergunta o que é seguir
O que é seguir?
A filha, as contas, a gasolina e a munição da coreia do norte
E a Amazonia a salvo
A prisão e a indignação da professora doutora baiana
Quer seguir?
Muitas farpas no ar
Pés de aço no chão
Escuta-se música portuguesa e que lá essa pele preta é branca
O sonho é com uma ladeira
Mirada de uma outra ladeira
A ladeira que sobe no meio do matagal
Está a mulher mais linda do mundo.

Eu voltando à defesa civil e uma casa em edificacão. Cimento, poeira, entulhos, tudo muito cinza. E pessoas comiam por ali, trabalhavam sobre papeis por ali, naquele caos cinza. Eu conhecia a maioria das pessoas. Ficava alegre por reencontrá-las, mas aquilo tudo era muito bagunçado pra mim. Meu nariz irritava, minha garganta também. Meus olhos abriam com dificuldade. Passava tropeçando de um lugar pra outro em meio às pedras. Eu teria que ter paciência e ficar contente no encontro com aquelas pessoas, não tinha jeito.
Ela é um genio
um gênio
Muito inteligente
uma intelectual
Esperem ou se arrependerão
Se fecharem a tampa antes
Não poderão despedir-se

Depois da depressão
Qual o caminho que vocês farão?

Não há depois da depressão.
Um gênio não tem créditos
Não tem cura.

sábado, 23 de setembro de 2017

Como se reparam gritos uterinos?
Faz-me  chão de giz
Me foi negado o grande quadro negro
À Negra foi negado
Àquela que não tem nariz mas ventas
Ao menos respira
em falta de ar na prisão
Faz-me chão de giz
Depois eu apago
Esse quadro grande
Que eu enchi de linhas
Quaisquer
Atensionalmente autorizada
E nessa hora de gritos uterinos



Ficou o sal na boca
Depois da língua na língua, lábios nos lábios
Língua nos lábios
E o sal
Em meu peito há muito

A vida é depois da morte.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Bom mesmo é estar na rede e a boca sustentar por si só o sorriso de paz depois dos ouvidos receberem voz. Voz que entende a piada. Voz que entende a maré. Voz do meu sotaque. Voz do meu amor.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O dia do esquecimento será escolhido
E serão escolhidos os esquecidos
Nunca mais haverá vaidade
Ou sentimento de sorte
Palavras bonitas
Serão apagadas
Memórias da pele
Registros da voz e da visão
Confiança e atenção
A criança vive a reeducação
Entre os bêbados e loucos


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Isso que está dentro de mim, que emana, que tenho chamado de amor, não é amor. É um pedido de socorro.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A mulatinha
Cabritinha
Macaquita
Seu amor
Partirá
A mulatinha
Cabritinha
Macaquita
Do seu coração


Porque acha que sou mulher diferente das outras?


Prove.

domingo, 17 de setembro de 2017

Não existe, não existe
Se escreveram o quanto isso doi sentir, existe
Eu escuto alguns cantos doloridos
Chorosos e indignados com isso
Não existe, não existe
de tão longe
O peito fica escancarado
Pronto pra correr ao oceano
Em correnteza de lágrimas
Rio existe
Inundação disso
Medo disso
Quero isso
Não existe.

sábado, 16 de setembro de 2017

Quando ela chorar
Dê-lhe um chá
Diga-lhe: vai passar
Quando ela chorar de soluçar
Dê-lhe um chá, diga-lhe vai passar
Matenha a distância
É importante
Muita coisa vai passar
Quando ela chorar
Se, por acaso, lhe pedir desculpas
Conforte-a e fique no mesmo lugar
Segure-se
Tape os ouvidos
Quando pertinente
Muita coisa vai passar
Um grito soluçado
Roupa rasgada
Pratos quebrados
Muito cuidado
Nunca retire os talheres das mãos dela
Cuidado com ela
Quando ela chorar é pra lhe proteger
Acredite
E fique
Dê-lhe o chá
Observe
Vai passar

I just can't stop loving you.

Esta sou eu na terça-feira de sarau na casa da mãe. Lá tem sido um palco pra o andamento da minha prática como pesquisa. Esse registro foi feito pelo meu amigo e ator Ricardo Stewart, e é um material muito importante. Nele eu estou observando o movimento de Papi, o Pescador, figura assídua nos saraus. A música fora escolhida por ele. "Todo mundo vai cantar". Nós não dispúnhamos de retorno, fator que dificulta um pouco no desempenho. Mas Papi parece comigo: a gente lava a alma cantando e tocando ali. Essa semana me perguntaram qual tratamento psicológico estou fazendo e eu digo, os saraus têm esse efeito. No movimento atensional, ......... Eu vou me dispor a cantar e tocar um instrumento que toco com dificuldades.
Ah! Ele voltará, duvida?
É o moinho girando
São os ventos do mundo
Por que ficar?
Ah! Ficar é diferente de esperar
É estar ou não estar
Encontro e despedida
Abraço apertado e cílios enxarcados de mar
Enquanto isso as últimas play input
Is there a time
Cordas de aço
My head under water
Músicas clássicas são interpretáveis
Por isso vêm hoje a mim
Por mais que ele feche os olhos
É machista
Don't you cry
Change the world
Há uma voz vindo ao meu encontro

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Romance

O relógio criou a espera
Não bastou o sol
Não bastou a lua
Há lua também de dia
Não bastaria

A maré também poderia
Na volta que faz o dia
Fazer lento tic tac
Quando você surge
E faz saltar o meu coração

E o fuso que leva
Essa geografia
Enquanto o relógio trabalha a minha agonia
Até raiar o dia
Sentir vibrar o despertador
E sua voz perguntando se aqui estou.
Os gatinhos em minha direção, quando me alcançam, escalam o meu corpo, envolvem o meu pescoço e sinto surpresa, buscando cada olhar, dirimindo suspeitas de más intensões. Olho da janela pra ver a maré. Está baixa e é transparente. Busco meu biquíni bicolor, alguém me olha com desejo e se mantém ao meu lado na arrumação à praia. "O que temos feito - Amor, ao sabor do vento e da maré", assim é a vida ao que me parece.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Só agora olhei pra ver o mar
Enchente
Ondinhas sobre as pedras
Essa janela pouco abre
O vento derruba tudo
E me entope
E meus olhos ardem
Salgados

Armadilha é esse sentimento oceânico, isso que rola os dados empenados.

Não fujas de mim

Eu, recém chegada, andando pelas ruas de Portugal acompanhada amorosamente. Ar feliz e sorridente. Senti a umidade das pedras e das casas, ruelas  arrumadas e sombreadas. O assunto é o que vamos fazer? Vamos, ao mercado. Tiro o casaco. Vamos comer algo. Preciso conhecer o hotel. Vamos caminhar um pouco pelas ruas sem compromissos, depois tudo se ajeita.  Até que um taxi encosta no meio-fio, e perco a companhia, que adentra no carro, onde já está uma idosa e uma criança aguardando.  Nenhum deles me dão os olhares. A companhia se vai em silêncio e sem olhar. Vi a morte. Olho em volta e começa a escurecer neste ponto de ônibus, de carga e descarga. Um dos homens me assedia sexualmente e eu, paralisada, causo irritação até que recebo um tapa na cara. Começo a chorar e me rumar pra outro lugar, buscando onde me hospedar, desnorteada, criando vagarosamente estratégias pra sobreviver. São locais escuros, com suas políticas grotescas. Encontro uma amizade de longas datas em um desses lugares e ela me ajuda minimamente a me organizar, pois também está desorganizada e o tempo é sempre curto.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O mundo é machista. O contemporâneo é a camada mais exposta do mundo. Quem vê o machismo é contemporâneo.

É fim, marinheiro
É fim

O barco bateu na baleia
E quase afundou
O marinheiro disse que
está tudo certo:
Provavelmente ela será encontrada
Morta
Em algum lugar.



domingo, 10 de setembro de 2017

Quanto mais eu mais você
Diferente de acreditar
Sabemos ser mais nossos eus
Árvores cruas
Madeiras nobres
Quanto mais eu mais você
Enceirados de amor
Puro
Existe
Em liberdade e coragem
Boca justa de perfume
Voz exata penteia
Cílios úmidos
Quanto mais eu
{Choro}
Mais você
{Sorrio}


Como é que faz
Assim
Chora, chora
Ser dependente de almas canibais
Uma doença grave
De difícil cura
Está tudo perdido nesse muito dentro de mim
Pessoas amedrontam
Mesmo com oculos escuros
Elas petrificam o meu ser
Assim
Chora, chora
Enfraquecida chama da vela da vida
Quando decidir apagar?

sábado, 9 de setembro de 2017

É uma devoção. A vida toda tentando encontrar com algo que está dentro de si a vida toda. É muito sério. É muito lindo sentido como algo de verdade máxima, do encontro com o amor puro.
É propulsora. Uma incrível mecânica do mundo. Então eu li "era o silêncio. Depois a canção. E não tem mais nada. Isso já é tudo"
É um transe. A carne sempre treme antes. Essa mesma carne trata de se organizar antes da passagem.
É mensagem.
Desculpe, estou muito atrasado.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Veja bem
Eu não bebia
Dentro dele havia
Bebida
Era pra ele dançar
Ou circular
Ou ir ao banheiro
Quem nunca
Cantou em copo
De vidro
Retorno natural
Significante
Metáfora sintomática
Lerão para mim
Um delicadeza para memória
Um querer bem de lembranças

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Eram deusas de pedras, furiosas, surgiam quebrando muros onde estavam adormecidas lá dentro, onde ninguém imaginava que existissem. No portal de pedra, muito alto no meio de um bosque cujo caminho dava tanto pra praia quanto pra um campo aberto, surgia uma tempestade de insetos, uma onda escura, arrastando tudo pela frente, inclusive pessoas, pessoas conhecidas. Algum evento familiar acontecia. Uma mesa de almoço de uma determinada família, posta na beira da praia, acontecia e eu, que não fora convidada, aproximei-me para cumprimentar os presentes. Algumas palavras minhas foram encaradas como inconvenientes, alguém me fazia sinal pra parar de falar. Com um papel em uma das mãos e uma bolsinha com meus documentos pessoais na outra, vi a onda do mar aproximando-se antes de todos. Não deu tempo, ela veio inundando tudo. Comida, celulares, pratos, peixe frito em postas - tudo desfez-se. Depois do recuo da onda, peguei meu celular que estava sobre a mesa e o abri pra tentar fazê-lo funcionar, já descrente. O alívio me vinha quando percebi que o papel em minhas mãos estava intacto. Eu seguia. Era uma apresentação em meio a confusão de deusas de pedras furiosas caminhantes e errantes, tempestade de insetos, praia, campo, e eu fora convidada a cantar. Minha voz, sensível aos acontecimentos, eu sentia fraca, mas sabia: o que eu cantar dará certo, a cantora já foi criada. Um copo de vidro é deixado  em minhas mãos como responsabilidade. Entro no palco sentindo-me fraca, voz fraca. Começo a cantar e de repente me dou conta que estou no palco da concha acústica e um público de convidados, casa cheia!, canta junto comigo, canta alto, grita, e eu me sinto acolhida e feliz, enxergando muitas falhas no canto, sabendo que depois dali será o mesmo desamparo de antes dali.
Algumas palavras na caixa
Quem sabe, as últimas palavras
Performance
Agradecimento
Havendo um índice econômico para palavras
Eis que conheço a matemática
Do desejo
Pés descalços
Fora da caixa cheia de palavras
Assim
Inúteis
Estas palavras que escrevo
Espelhadas imagens enquanto se arruma
O caminho
De palavras
Com o amor e a sua pureza
A esvaziar-se.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Morder a fruta e sentir o caldo escorrer dos labios até o pescoço e além
O que temos aqui?
Quero tudo - corpo e alma
O que temos é intenso e lindo
Selvagem, tribal, animal, espiritual, carnal, pleno
Explica...
Toda a minha boca sedenta
Faço apenas o que pedem os instintos
Quero devorar
Tudo - corpo, alma, coração, o seu olhar
Assim é complicado porque me enlouquece

Preciso de ti.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sereísmo (2)

Não quero ser sereia
Sereias são perigosas
Dúbias
Quero te amar, não te prender
Quero me deitar em seus braços
Meu corpo sobre o seu
Venha, te encontro no Rio Vermelho ou na praia do Porto da Barra?
Não posso ser sereia se não sei nadar

domingo, 3 de setembro de 2017

Coloque a barra, vamos
Barra da saia?
Teça a barra, vamos
Barra de linha?
Um pau é barra
Galho é barra
Braço é barra
Força barra, vamos
De cima pra baixo?
De um lado pro outro?
Me diga: é barra ou balaústre?
É barra, pra atravessar as ancas, garganta, tropeçar na barra, cair na barra, engolir o choro
Usar palavras
Silêncio
Coloque a barra, vamos
Interdite. Acredite.
Nunca houve diferença. Sempre tudo misturado. Brincadeiras misturadas, corpos misturados, mulheres fálicas. Desnecessária a inveja porque nada havia pra isso se manifestar. Talvez o camarão de capote e a crença no casamento - nunca pode acabar. Muitos gritos e ofensas e murros nas paredes e embriaguez. É chegada a hora do lazer. Embriaguez. A hora do samba com aroma de churrasco e cloro. Prato com farofa voando. O breve divórcio. Radinho de pilha estraçalhando. Eu sentada na escada chorando. Por quê? Porque não é possível que aquilo tem nome de felicidade. Onde estará o meu amor? Cheguei a arrumar tudo. Seria muito legal. Seria uma amizade. Será isso? Uma amizade?  Antes de tudo é isso. A coisa mais sincera que pode ser oferecida a alguém.
Aquela que caminha espera nada, ainda que nada seja em forma de vento no caminho

É uma lâmina de água e seixos percorrendo a geografia, irrigando no caminho terra fraca, encharcando chão de amor, essa coisa incompreensível

Aquela que caminha refresca as pontas dos seus dedos e é você e nada, tudo a mesma coisa, nua por aí, transparente para você

Mostra as ancas de sonho, olha através da sua cabeça aquela caminha e deseja um ponto no mundo, um ponto de verdade nesse mundo

sábado, 2 de setembro de 2017

Mãos
Búzios
Navios
barquinhos
Toda festa vem
Fazer minhas contas
Transparente
Leve
No meu pescoço
Papeis espalhados
Lápis feito arames farpam o branco
Na ponta de um raro cigarro
Cala a boca
Se os ouvidos não estão
Para escutar

o Menina baiana - claquete 222

CENA: Final

O MENINA BAIANA: Encontrei mais uma música, chama-se Mar Mirante, de um compositor baiano chamado Ian Lasserre. O tempo é o senhor do destinos, o que estive montando está-se transformando por si só enquanto essa minha busca por músicos que afinem com o meu desejo de cantar. Eu desejo muito o que vi nos seus olhos enquanto miravam os meus. Imaginário expandido quando a metáfora é imperativa. Pouco importa. Poupe os meninas baianas. É tudo muito breve, como em um sonho. Breve e errante. "Eu desando manco, de toda galeria só restou meu pranto, dedico todo dia o meu ego em branco, você pode até me desenhar", "para a alegria e o amor não nasci" pessoa.