quinta-feira, 29 de abril de 2010

Eu com essa dor

Eu com essa dor
Eu com esse amor
Não sei pra quem dar, já não sei o que é amar

Eu com esse horror
Eu com esse ardor
Choro ao pensar, tanto caminhei e aqui chegar

É a vida levando e trazendo
É a vida se refazendo
Sou eu nascendo de novo
De dentro daquele velho novo
Até a alma eu quis dar

É o mundo dando suas voltas
É deus escrevendo suas linhas bem tortas
Fiquei a beber só daquele sujeito
Que me encantou
E me deu tanto medo

E eu com essa dor
E eu com esse horror
Chorando com esse ardor
Agora sozinha
Mas com esse amor

Nas minhas costas o peso não cabe
Aprumo a postura, peso, faço maquiagem
Mulher diferente um dia, quem sabe
Esse nêgo não teve respeito
Agora já é tarde

terça-feira, 27 de abril de 2010

O que se faz por amor?

O que se faz por amor?
O que se faz por amar?

Não se deixa descentralizar
Se come para depois arrotar
Não deixa o chão de passear
Se olha no espelho e vê a cara de si mesmo
Primeiro

O que se faz por amor, me digam!
O que se faz por amar?

Não se engana, se ama
As coisas não devem ficar fora do lugar
Porque a paixão e muito encantamento
Tendem a paralisar
Atormentar
Depreciar

O amor faz apreciar
Transformar, limitar
Resignar jamais! Nem voltar atrás
Pode até deixar um fogão para cozinhar, comer e arrotar
Mas comida na mão não se dá por amar


Então eu faço por amor
Por amar
Talvez cuidar
Nunca grudar, colar
Acabei de falar
Estou invisível para aprender
O que se faz por amor e o que se faz por amar

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Volta ao Luto

Back to Black
Composição: Amy Winehouse / Mark Ronson

He left no time to regret
Kept his dick wet with his same old safe bet
Me and my head high
And my tears dry, get on without my guy
You went back to what you knew
So far removed from all that we went through
And I tread a troubled track
My odds are stacked, I'll go back to black

We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
I go back to us

I love you much
It's not enough, you love blow and I love puff
And life is like a pipe
And I'm a tiny penny rolling up the walls inside

We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to
We only said goodbye with words
I died a hundred times
You go back to her
And I go back to

Black, black, black, black
Black, black, black...
I go back to
I go back to




Vou tentando colocar palavras, músicas e composições, agora nada é meu.

domingo, 25 de abril de 2010

Felicidade

(Antônio Almeida e João de Barro)

Para que tanta ambição
Tanta vaidade
Procurar uma estrela perdida
Quase sempre o que nos dá felicidade
São as coisas mais simples da vida
Felicidade é uma casinha simplezinha
Com gerânios em flor na janela
Uma rede de malha branquinha
E nós dois a sonhar
Dentro dela
Ai,ai,ai
Isto é tão pouco, minha nega
Ai, ai, ai
Mas pra mim chega
Ai,ai,ai
Isto é tão pouco, minha nega
Ai, ai, ai
Mas pra mim chega

sábado, 24 de abril de 2010

Andei ouvindovari adas músicas durante toda essa semana, mas não sabia qual escolheria para colocar aqui. Coincidentemente, das conversas amigas surpreendentemente sensíveis e inteligentes, veio Vanessa da Mata, participante sonora de uma história importante que se acabou.

O que eu sinto, enxergo, e ouço nesse exato momento sobre essa tal história. Um brinde à Vanessa da Mata, que fez a trilha sonora dessa história, porém anda um tanto aquém do que eu conheci na sua primeira visita à Salvador, no Teatro Jorge Amado, numa noite tão amada por mim...Talvez seja mesmo um fim.

BAÚ - Composição de Vanessa da Mata

Sabe de uma coisa Seu,
Vou lhe jogar no meu baú,
Vivo e mágico,
Com as coisas boas que tem lá,

Os meus desenhos herméticos
As palavras de Da Lai Lama
Quem sabe você adora
Quem sabe se transformará

Meu bauzinho de memória
Os meus livrinhos de receita
Quem sabe se sensibiliza
Quem sabe se transformará

Vamos seguindo acordando cedo
Você só reclama não age
Você fica dormindo à tarde
E tudo vai dando nos nervos

Vamos seguindo acordando cedo
Você só reclama não age
Você fica dormindo à tarde
Sabe de uma coisa Seu
Vou lhe jogar no meu baú
Vivo e mágico
Com as coisas boas que tem lá

Os meus desenhos herméticos
As palavras de Da Lai Lama
Quem sabe você adora
Quem sabe se transformará

Meu bauzinho de memória
Os meus livrinhos de receita
Quem sabe se sensibiliza
Quem sabe se transformará

Vamos seguindo acordando cedo
Você só reclama não age
Você fica dormindo à tarde
E tudo vai dando nos nervos

Vamos seguindo acordando cedo
Você só reclama não age
Você fica dormindo à tarde
E tudo vai dando nos nervos

Não corre atrás das suas coisas
Vive aqui choramingando
Todos já foram embora
Você só sabe reclamar

A voz doce de João
Amansará sua revolta
A comida de Dona Vantina
Quem sabe se transformará

Rancoroso com raiva de tudo
Do fulano com seu carro novo
Não vê que ele trabalhou muito
Você pode se esforçar

Pois vamos seguindo acordando cedo
Você só reclama não age
Você fica dormindo à tarde
E tudo vai dando nos nervos

Vamos seguindo acordando cedo
Você só reclama não age
Você fica dormindo à tarde
E tudo vai dando nos nervos

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Atitudes

Mudar, criar, montar, gerar, compor, musicar, tocar, praticar, exercitar, arrumar, analisar, planejar, recortar, colar, escrever, (às vezes)chorar, mas telefonar, agradecer, abraçar, ajudar, estudar, trabalhar, caminhar, colorir, todo dia viver e amar

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sem lenços

Voltei a escrever, porque talvez seja o meu remédio mesmo. Maria da Conceição Nobre é a minha analista. Pessoa a quem dedico minha paixão e amor transeferencial. Ela não permite divulgação da sua imagem, mas creio que pouco do seu currículo profissional eu, como sua primeira analisante analista posso escrever aqui. Turismóloga, psicóloga, psicanalista, decoradora e (ela ainda não assume!) cantora. Acredito que costuma visitar este blogg, cujos textos eu escrevo sob a sua "prescrição". Talvez o meu remédio. Estudo psicanálise com ela desde 2005 na Confraria dos Saberes.

Talvez ela saiba, com o seu suposto saber e experiência, que... Não lembro mais o que ia escrever.

Falar sobre a minha análise e minha analista requer muito investimento da minha mente. Vou procurar um texto antigo, que escrevi para o curso Freud Percursos de Discursos no momento que havia de escrita e leitura de textos chamado Mundofreudiano. Colocarei aqui e brevemente retornarei.

25 de julho de 2007.
Lembrei dos meus velhos escritos, não tão velhos, os que escrevi no início do mundofreudiano, quando achava que seria difícil escrever. Escrevi, escrevi, escrevi, apaixonadamente, entregue à emoção. Hoje estou escrevendo como no início do meu mundofreudiano, é para isso que serve o dispositivo, é para isso que eu duas vezes na semana deito no divã do consultório de minha analista, para falar e organizar os meus pensamentos.
Minha escrita vem de um incômodo já comentado em análise: até onde vai a transferência. Tenho quatro anos de análise, aniversariando este mês de julho, e há um ano e meio participo de alguns eventos juntamente com a minha analista. Transferência muito bem estabelecida, do contrário não estaria dando continuidade a minha análise. Dentro do MEU percurso, descubro o interesse pela psicanálise, sua função, seus efeitos. Vejo beleza nisso. Decido traçar o meu caminho profissional com o meu desejo. Com a análise estou aprendendo a ser desejante e não desejável, tornei-me adulta, saí da casa de meus pais, saí de uma crise depressiva, passei a acreditar que sou mãe, certifiquei-me dos tabus – transar com um hoje e outro amanhã não é ser galinha ou falta de amor próprio, hoje reconheço a minha liberdade. Enfim, faço análise para aprender a sustentar o meu desejo, encarar essa certificação da morte, não me frustrar com um não, e agora, principalmente, porque sei que quero ser psicanalista. Assim, como minha analista. É, assim como ela. Escrevo agora em nome da minha paixão transferencial mais do que natural e em nome do que tenho aprendido com a pessoa, o ser humano, cidadã, mãe, mulher, profissional parceira da ética, que é Conceição. Escrevo mesmo sujeita a cortes, já que estou aprendendo a trabalhar sem afeto. Aqui é o mundofreudiano, por isso vou continuar. Acho colocar a psicanálise num lugar muito medíocre quando se acredita que o discurso do analisando é o do seu analista, mesmo fora do divã! Quem é que deita lá e fala, fala, fala, fala??? Ou não fala para o silêncio falar?... Quem é que decide faltar à sessão, ou dar continuidade à análise? Levantei questões já respondidas por mim, mas vou deixar registrado: É O ANALISANDO. Não pensei que estando rodeada de psicanalistas eu às vezes sentir-me-ia até menos ouvida por estar desenvolvendo um trabalho juntamente com a minha analista e demais envolvido num comitê – trabalho este que diz respeito a minha formação psicanalítica!
Enfim, estou envolvida com a Confraria dos Saberes hoje porque acredito nela, mas não estou mais apaixonada por ela. Penso pertencer a um espaço onde eu possa tecer qualquer comentário com pessoas que ouçam o meu discurso e não fiquem preocupadas com a relação entre minha analista e eu – relação tal, que por sinal, vai muito bem obrigada.




Um dia sem adeus

Hoje foi um dia sem adeus, mas com um seja feliz. Que bonito, né? Misto de amor, raiva, angústia, depressão, incompetência, frustração. Amor reune tudo de bom, mas tantos são os outros sentimentos. Medo, esqueci do medo. Como pude esquecer do medo? Barulhinhos no teto, água pingando em algum lugar, tic tic das unhas da minha cadela, quarto vazio da minha criança. Medo, medo... Tenho a impressão de ter alguém caminhando pela casa, fechando as portas, guarda-roupas. Eco na sala depois de um espirro solitário. Ou quase solitário, porque tenho uma cadela! Ela consegue concentrar um vocabulário meu de 165 palavras! - disse o programa da televisão com base em pesquisas científicas. Então ela entende: ai, meu deus! quanta dor! foi embora! se preocupe não...

Texto sem rascunho, vida impetuosa como já dizia a mamãe. Para casar - dois. Para separar - um.

Todos os sons parecem estar dentro da minha casa... Mas meu projeto é de música, então o que há de errado nisso? Alô, som? Venha virar música projetada...

domingo, 11 de abril de 2010

QUATRO

Viver, ser feliz
Amar, realizar
É o sonho do cinema
A liberdade para agir
Só quero ir e vir
Estampando meu sorriso com ele, com ela e com quem há de vir
A paz invadindo meu coração
Muitas vezes como o susto da paixão
Saber destinguir
Barco velejado sem pressa
Unindo detalhes rearrumáveis
Capazes de me distrair
Enquanto escrevo flutuando
Nesse papel enfeitado
Esqueço daquele pobre coitado
Que por tanta meia volta
Quase deixou de partir.

Vinte e nove tempos idos

Placa verde, placa vermelha, placa amarela
Alguém disse pare?
Parei, parei, pari
De novo, parei, parei, pari
E nasci
Descolando dela
Quase não mamei

Alguém chamou meu nome?
Chamei, chamei, chamei
Chamei e chorei
Chorei, chorei, chorei e chamei
Alguém ai?
Ninguém aí, nem aqui, nem em qualquer lugar
Agora aqui bem dentro de mim
Alguém aqui descobrindo as custas de viver
E a indignação de ser obrigado a morrer.

SETE


(Pode ser uma tradução de música da lingua inglesa norte americana para a língua portuguesa! Para a arte da psicanálise)

Por causa dela minha vida mudou
Por causa dela meu mundo girou
Fiquei apaixonada, com sonhos irados
Palavras sem contenção, escapam pela minha voz

Tudo que penso traz ela
Tudo que faço com ela sempre tem um bom final e fico feliz
Já não sei viver sem te ler, traduzir e escrever você

Primeiro encontro acordado
Pensei como você
Não estamos onde todos estão
Conseguimos ver mais adiante
Só eu e você
Ver o que ainda não viram

Então tudo que penso traz ela
Tudo que faço com ela sempre tem um bom final e fico feliz
Já não vivo sem lhe tocar, vivenciar e sentir você

Agora meus pés seguem
Pegadas de mim mesma
Sem olhar muio para trás
Não tem amuleto, nem muleta, nem bússola
Só eu e você
Andar os passos com nossas pegadas
Tudo o que penso passa por ela
Tudo que sonho é junto com ela e sempre tem um bom final e fico feliz
Já não vivo sem olhar, estudar e viver você.

NOVE

Ponta dos dedos no casco da minha cabeça
Unha das mãos limpando os detalhes da minha orelha
Sinto na cara, pele limpa sem sujeira
Mãos nos cabelos entre os dedos
Uma lamparina acesa
Cadê o gênio? Cadê o gênio?
Vou atritar por uns minutos
De que adianta crânio, casco e meu cabelo duro?
Lá vem fumaça saindo pela orelha
Nas minhas narinas vai ter festa a noite inteira
Mas cadê o gênio? Cadê o gênio?
Apareça, apareça
Todos os dedos passeando pela minha cabeça
Sonhando acordado, puro delírio enluarado
Então, cadê o gênio? Cadê o gênio?
Os três segredos da lamparina...
Quero saber só o caminho
da realização dos meus desejos.

Debate

Não bastaram as cordas vocais, bem entoadas
Som grave, concentrado
Postura clássica
De mulher pra mulher
Falando uma linguagem que nem de longe se entendia
Nem eu, nem você
Nem a psicologia, nem a psiquiatria
Psicoatria
Psicotria
Aleotria!
Bastou o tempo de se conhecer
Bastou a sala enfeitada de freud
Bicicletinha de ferro ou de cobre?
Desconfiei que nem era dela...
E acertei!
Receio ter que voltar.

Depois da sessão de análise, veja só....

Vou ensinar, dizer o que eu sei de onde eu sei dizer. Falar para ela, tão pequena ainda, descobrindo os seus saberes. Eu mergulhando na minha subjetividade hoje angústia e sensivelmente acelerada. Filhinho de peixe, escola de mãe, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais, quem puxa aos seus... O que é que há? Sei lá onde? Ser uma onde existem vários.

Trabalhando um dia desses


Passeando pela noite de sábado na capital onde moro, trânsito intenso de carros e pessoas. Eu vi um homem, estirado ao chão, tronco no passeio e pés na pista. Meu marido diz: “Esse é um..” Também vi um rato, corpo inteiro na pista. Então novamente retruca: “Que comparação...” 

Homens morrendo como ratos. Caídos no chão, sangue brotando por orifícios do crânio. Homens estão morrendo como ratos! Talvez um atropelamento, uma rixa entre vizinhos ou, mais provavelmente, dívida com o sistema do tráfico de drogas. Polícia escoltando o corpo, multidão já dissipada, tráfego normal, passei novamente pelo indivíduo estirado ao chão. Senti cheiro de sangue no ar. Não senti o cheiro do rato. Mas rato quando está morto fede... Penso que a vítima da morte estava passando no lugar errado e na hora errada. Talvez fosse uma morte por engano. Mais uma vez: “Que nada...”

Que nada é o agora, o homem deitado lá no chão! Pensei em ter alucinado, pois no primeiro momento o enxerguei enrolado literalmente num pano branco. Eu vi. Depois o lençol na pista. Mais um. Morte sem direito, sabe-se lá por quê. Adolescentes engravidando disparadamente, crianças crescendo sem a representação de um pai, fora da lei. O pai da horda é quem tem uma arma em punho. É o mesmo que manda no comércio paralelo, ilegal e quase institucionalizado do crack, da cocaína, do “pitilho” (cigarro de maconha misturada à pequenas quantidades de crack). Possuo muitas críticas à mídia e ao Estado sobre a criminalização da maconha, cabe para outro discurso. 

Agora, diante dos meus olhos eu vejo cenas que aparecem todo os dias na televisão. Sentimento de COMUNIDADE. Não sei qual a origem dessa palavra. COMUMnidade. Isso acontece hoje em todas as comunidades da minha cidade. É, portanto, algo comum e, tanto para mim como para poucos cidadãos que nela existem, HORRORIZANTE! Seres humanos, homens urbanos, terceira capital mais importante do país, onde tudo começou, e acabou. Então vamos começar de novo? Impossível. Todas as manhãs, quando eu era criança, ouvia no radinho de pilha de meu pai na hora de acordar para ir à escola, sintonizado na rádio mais assistida em transmissão AM na minha cidade: “Vumbora, vumbora, olhe a hora, vumbora, vumbora...” Eu preciso saber a origem da palavra comunidade, as palavras não têm um único sentido! ..................... 

Já passou da hora! A internalização do conceito desta palavra sob a qual vivemos é mais do que preciso, é necessário . Borbulhar a cultura social e política atual, com o nosso trabalho, nossas ações sociais, nossos acessos ao mundo inteiro através da internet, sem esquecer da nossa criatividade e da decência que nos resta, é um exercício desse conceito. Sou simplesmente uma cidadã soteropolitana, apaixonada pela minha cidade, empregada na maior empresa do Brasil e quinta empresa do mundo e, somente por amor, psicanalista -, uma cidadã comum. Estou cansada, enjoada de assistir à mídia local exaltar a ação falida da polícia contra o tráfico de drogas, além de me preocupar bastante com a segurança da minha família. 

Sugiro, definitivamente, transformar, reciclar, limpar. Se não tem lixo pelas ruas, não tem ratos, muito menos ratos mortos.