sexta-feira, 25 de maio de 2018

Aqui tem nada que acomode seus olhos
Esse fechamento perfeito que você espera
Essa imagem previsível
Formatada em significados
Tem nada disso
Há um som alto e meu corpo
Cantando
Preferindo as mãos no volante
Do que
Do que
Do que
Essa coisa que gagueja e chora
E pede pra voltar
E canta
Canta
Canta
Rema
Rema
Prefere as águas
E desce
Fundo
No meio da noite
Contando os dias pra lua cheia de explicações sobre as variáveis
As ondas
As inscrições
Que deixam a memória
Nessa alma polimorfa
Sedenta
Perambulando
Rosnando
Cantando
Por aí

quarta-feira, 23 de maio de 2018

A memoria alimenta a desrazão
A memoria é lenha pra razão
A memoria aparece em lágrimas e tremores assim de repente invade
Um sorriso no meio de tanta gente
Ela sabe a conta exata dos dias que foram esquecidos e quantas respostas deixaram de ser dadas
Imagens mnemicas
Imagens acusticas
Leva o bujão pra qualquer canto
Explode quando bem quer

terça-feira, 22 de maio de 2018

Vamos voltar pra casa. O apetite precisa ser mantido e a comida ser feita pelas próprias mãos. Quando se tem que explicar o amor, já deixou de ser amor. Quem sabe como amar e mudar as coisas? Como amar e assim mudar as coisas? Mudar de movimentar as coisas, de plantar a planta, de calar o indizível desse sentimento e seguir, construindo, alterando. Qual o nome disso senão trabalho?

sábado, 19 de maio de 2018

Os olhos não abriram mas a consciência foi chamada por uma vibração intermitente
Uma digital no ecrã
Uma voz mais que aprazível começa a ecoar
As cegonhas
Os castelos
Os flamingos
As rolhas todas do mundo
Os dispositivos do autocarro
O amigo
Os estudos
A justiça
A igreja
O suicídio
Os cavalos

E eu
E você
E a voz
Minha voz
Sua voz

A pausa
O abastecimento
O perigo
Até já
Os olhos abrem e comungam com a consciência pela luz porque é dia
Muitas digitais no ecrã
Silêncio
Vibração
E jorro

Há segurança diante do inseguro quando há amor e busca.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

A felicidade é o amor bem ali
Na praia seca
No cão escorado
No cigarro já apagado
Na ave
Nas pedras
Caçando
O silêncio
Bem dentro
A quentura do cão
O só estar
Bem ali
Ele chama pro ar
Surge a matilha

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Eu posso ir à tona com você? Posso ir? Um dia eu irei à tona com você? Você vem? Há um engano? Você está mesmo aí? Por favor, seja cauteloso, me queira bem. Quero ir à tona com você. Sei lá. Vamos?
Ceticismo perrônico e budismo. Hoje respingou em mim. Não seria eu se não fossem eles. Há puta. Eu puta.
Hoje eu estudei. Hoje eu estudei e trabalhei. Hoje eu estudei, trabalhei e iniciei uma produção de um evento. Mais um evento. Eu me pergunto agora se tudo isso é a mesma coisa hoje. Pra aquilo ficar em paz. Hoje eu também expus o meu pensamento íntimo e fui advertida do e se a frustração. Há frustração. Há uma metralhadora engatilhada em minhas mãos. Talvez eu esteja infeccionando novamente hoje.

domingo, 13 de maio de 2018

Quando não se apega em um
Um é o todo
Se joga no mundo
De todos
Se a âncora é um todo
Muito gulosa
Gosta de viver

sexta-feira, 11 de maio de 2018

AMO-TE AMO: uma história entre dois pontos no mundo.

No Future

Eu quero escutar um eu te amo. Eu quero dizer um eu te amo pra quem me disser esse um eu te amo. Acontece, mas é segredo. Um delírio do amor. As palavras eu te amo são o delírio por si só. Sozinho. Quieto. Falso. Verdadeiro. Quando a distância entre dois pontos é unida com eu te amo é muito bom. Existe futuro? Eu te amo.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Você diz pra eu observar a minha fala cujo assunto é ela. Recorrentemente ela. Isso mexe comigo, doutor. Os pensamentos craquelam todo santo dia. Os olhos ardem constantemente. Agora lacrimejam. Estou com o posso nada, o leão e a criança. E você? Está tudo muito claro, doutor. O que quer viver sem pensar nela? Eu não vivo sem ela. Tampouco você. Vê? E aquele caminhão que você foi obrigado a ver por baixo e de lá atestar ela? Isso me ajuda a viver, doutor. O correio me entrega livros,  eu penso em promover saúde e realizar projetos, desejo atravessar o oceano Atlântico. Com ela, doutor. Sem ela eu não sou.
Essa agonia sentida enquanto eu respiro o ar imaginariamente escasso, o passeio com o cão de guarda guiado pelo estrangulador, o chamado surdo pra que os olhos cerrem o dia que findou. Vê? É tudo dela. A vida só existe porque ela permite, doutor. Você bem sabe. Está há meses sonhando em subir aos ceus num canarinho. Então me diga, doutor. Quem vai lhe proporcionar essa viagem senão ela?

terça-feira, 8 de maio de 2018

Se ela sempre me olhar assim
E deixar que eu me deite na cama ao seu lado
Deslizando as minhas mãos por todo o seu corpo
Até que o seu sono chegue
Se ela sempre responder as minhas perguntas no dia seguinte
E caminhar pela praia no horário marcado
Devolverei a sua mochila
Vazia
Mochila sem pertences
Vazia
Se ela atravessar o oceano
E voltar sempre
Vazia
Eu abrirei a porta do carro pra ela entrar
Trabalharei dia e noite em mergulhos profundos
Cuidarei dos cães
Criaremos juntos um novo móvel
Se ela sempre
Vazia
Até a morte
Chegar