terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Há violência no silêncio?

É na presença. Escolham. Presente! Bebam o chá, se trouxeram suas canecas, ótimo. Eu trouxe a minha de bem longe, paguei mais caro que o ingresso do espetáculo. Tudo bem, aqui tem canecas, todo o dinheiro é revertido na realização do espetáculo. Fui só eu e minha caneca e bebemos chá! Uma aguinha. Que delicadeza. Água de fruta, cítrica.


Decidam. O que vem por aí?

Havia gente de todas as idades. Uns se reencontrando, outros encontros. A luz apagou e as lanternas celulares logo acenderam.

Estou aqui, viu? Papai está aqui. Com a luz na cara, na casa.

Na cortina-porta algo-luz vai e vem. Um balanço preso ao teto. Que nada. Um cordão com uma lâmpada na ponta, pra lá e pra cá depois da cortina aberta. A dança já começou. Um círculo motor corpóreo, respirando. Uma santa chega dançando. Haja força nessa mulher! As meninas, os meninos, o bebê, olhando. O breu do aposento fechado. Quem decidiu chorar? Tudo fechado, obedientes paralisados tratando fobias.

Papai está aqui, viu? Faltou luz na casa.

Quem decidiu deixar a porta que bate fechada? Abram, as meninas estão lá, gritando! Lá, no fundo do corredor, escutam? Elas abrem as bocas encadeadas. Parecem espantadas, doídas. Têm força essas mulheres. Empurram a multidão intocável, rosnam. Quem decidiu ficar no corredor? Saiam!

Papai levanta, levanta: a filha do rei, Leão. Papai, Simba no meio da manada de guinús. Elas passam, guinús. Papai, você decidiu ter medo delas? Por que me levanta assim acima da manada? Choro.
Há violência nesse silêncio de nenhuma palavra para o bebê. Papai nada tem de  rei, Leão. Papai decide ter medo e faz chorar o choro dele - quem ainda não é eu, pode cair no meio da manada.

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