sábado, 24 de dezembro de 2016

Uma coisa angustiante. Coração acelerado e despertar sobressaltado. Ora era minha cadela Tootsie ora uma criança, minha filha. Eu chegava na casa de minha avó materna e meu tio estava recolhido com a cadela. Ela estava prenhe e vomitava, perdendo as forças de tanto vomitar. Não sabíamos se era um trabalho de parto. Fezes começavam a sair e por segundos achávamos que era secreção do parto. Não,não,são fezes. Depois ela começava a expelir fraldas descartáveis, fraldas que meu tio havia enfiado na sua boca garganta a dentro e eu indignada reclamava o motivo dele ter feito aquilo com a cadela. Pelas características já não era mais Tootsie - a cadela era cor de bronze e continuava a expelir fraldas. Uma delas na saída ganhava a forma de um elefante de brinquedo. Eu decidia levá-la ao veterinário. Era sábado à tarde e eu já estava com ela nos braços na casa de meus pais, mais precisamente na porta que liga a cozinha à sala. Ela sorria pra mim, fraca. Era uma criança em meu colo. Frágil. Cabelos ralos. Eu perguntava a minha mãe: ligo pra quem? Hilton não trabalha mais a essa hora... De repente eu constatava um afundamento na moleira. Um buraco enorme. Eu imediatamente pensava que era uma consequência dos esforços que havia feito. Meu tio chegava perto e afastava os cabelos dela pra trás, exclamando o susto com a respiração. Estava aberto, podíamos ver o cérebro. Era muito urgente levar essa criança ao médico.

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