terça-feira, 30 de outubro de 2018

As faces se desvelam diante do que não se tem controle
Eu queria ter mais vocabulário pra te dizer mais coisas que eu vejo
Mas ando triste, confusa desorganizada diante do que eu não tenho controle
Eu poderia estar falando do meu medo da morte
Eu poderia estar pedindo que ela se atrase
Que venha no incontrolável vírus
Na enlouquecida bactéria
Que venha naquele músculo cansado
Nas artérias entupidas
No tumor invisível
Numa inflamação furiosa
Na febre que cala a fala
Que atormenta a pele
Que paralisa os quereres
E marca o fim dessa minha contribuição em palavras

O incontrolável vem de você e é de você que vem a minha contagem regressiva
É dos seus ouvidos, dos seus dedos
É?
Foi?
Do seu silêncio vem a minha confusão
Das suas palavras malditas
Dessa sua boca que nem abriu e ficou compartilhando bocas mentirosas e assassinas
Doeu?
Você me confunde e diz que me ama
Vermelho sou eu?
Não sou poeta que decanta palavras
Eu agora quero cuspir a secreção das minhas vias respiratórias
Depois que você me mandou parar de falar
Apontou pro meu corpo e tentou me impedir de continuar a manter meus passos
A garantir meu espaço
Você sim!
Você sim!
Assassino de mim

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segundos Saberes (para o seu comentário)