terça-feira, 24 de setembro de 2024

 Aconteceu algo muito estranho porque os cães da rua pareciam atordoados. Faço modulação de voz e pergunto olhando para um deles: o que foi? Ele ensaiou vir em minha direção com seu rabo baixo entrando pelas pernas. Desistiu rapidamente. Se eu sinto o cachorro, então ele estava assustado. Outros cães grandes passam e também outros pelo quarteirão. O cão acompanhante fareja mais do que o frequente. Pensei em cadelas no cio. Se eu sinto o cachorro, a respiração e a postura do cão pelo cio seria outra. Pensei na violência contra eles. O cão que me olhou parecia estar perdido, mas e os outros? E o desinteresse do cão na guia nos cães vagando a esmo quando sempre quer chegar perto? Parece que estive na marola que o eco faz no mundo dos acontecimentos. A onda dos cachorros que eu sinto. 

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Eu em Salvador

 Enquanto incendeiam o país, o mar de Salvador remedia o meu dia. Parece até milagre existir uma relação entre o corpo humano, transhumano, e a praia, O cão nada comigo. O país está incendiando mas eu peguei a máquina concertada pela cidade baixa, fui parar na areia. O homem que ficou parado em pé na porta antes de eu abrir, suponho que desejava ser reconhecido como guardador saiu frustrado, pois não disse pra que veio. Só não entendi porque o homem tocou fogo no mato em frente a uma câmera na estrada e depois saiu de moto. Se não fosse o cão esse homem teria dito pra que veio? Outro homem devora um peixe frito todinho pra ele sentado na areia, e eu bem sei o valor disso assim como os pombos que se aglomeraram nos restos mortais da refeição. Eu nadei sem muito esforço na piscina salgada e consegui estabilizar o meu humor, enquanto o país pega fogo. Eu em Salvador.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

 Saí com o cão bem de noite. A rua quase vazia e o cheiro da noite. Gente pra lá e pra cá e eu com o cão na guia de lá pra cá na rua aguardando um carro vermelho chegar. Como podem andar sozinhos assim na meia luz da noite no centro histórico da cidade sem medo eu me pergunto com um cão na guia. E ele avançou quando eu não consegui antecipar a presença do transeunte. Foi chamado de danado  Ele é danado, foi assim.

Uma máquina pode ser seu amigo

 Uma máquina pode ser seu amigo

Uma de costura pode ser aquele tira que a mãe do filho enquanto ela trabalha, a que faz andar suas pernas sem esforços pode ser um ente de importante relacionamento, o barulho discreto enquanto nesse silêncio motorizado os pés nos pedais e mãos na circunferência velejam pela cidade, muitos anos de  companhia atuante, dorme a acorda e a máquina está lá envelhecendo tanto quanto você até a hora de cambiar porque todo cambia.