sábado, 6 de abril de 2013

Dose de remédio

Momento de dor e angústia. Daqueles momentos inexplicáveis, quando uma imagem mal feita, excêntrica, nojenta, faz alterar na pessoa o que há de mais ruim e assustador. Será possível? Uma imagem? Mexer te tal modo com a minha química encefálica e me causar tamanho sentimento? Escrevo para fugir do medo, do desespero de tentar colocar nomes nos buracos, cada um com o seu bicho. O choro já passou mas o sono não chegou. A agonia mediastínica não cessa, creio que a escrita possa me ajudar. Salvar-me - essa é a intenção de quem deixou Deus e seus derivados naufragar. Tem preço alto a salvação.

Já disse que quero música no meu velório, meu corpo presente por 48 horas. Esta é uma obra poética e confessional, e por isso eu digo o que quero. Doi muito querer o que eu quero. Uma humaninade humana. Meu desespero deve ser a vontade de me tornar selvagem novamente, pois desconheço qualquer coisa mais desumana do que a própria humanidade. Vaidade, luxúria, soberba. Contato zero com a natureza. Tudo é para serventia. Nem tudo. O que jaz na minha cabeça jamais, é meu. Ofereço a quem eu quiser e declarar ou insinuar precisão. Coisa de ser psicóloga e psicanalista. As marcas vão cicatrizando, e nesse lugar as células sensitivas já não funcionam mais. Portanto, um ansiolítico neste momento não me faria mal. Suporto tantas noites sem ele, um de quando em vez seria uma aspirina. Porque minha dor de cabeça é no meu peito, meu grito é no meu choro, e meu remédio é trabalhar.

E a danada nada de passar.

Talvez seja uma parte de mim tentando se desvencilhar, definitivamente. Então, fica o que nesses buracos? Só os bichos asquerosos, só imagem terrível? Vou pichá-los, acidificá-los, efervercê-los e liquidá-los. Tapar e conservar só um buraco, empurrar o bicho e paralisar ele. Preencher e preparar um mamilo no lugar para saciar essa minha vontade de fumar, essa doença que teima em se manifestar e me aterrorizar.

É preciso finalizar. A conversa muito se estendeu. Amanhã cedo testarei meus neurônios, edificando os meus desejos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segundos Saberes (para o seu comentário)