quarta-feira, 15 de março de 2017

A cidade dominada por um gorila. A questão era onde se esconder pra que ele passasse e não percebesse a presença nossa. Entre familiares, amigos e toda a população, eu carregava minha cadela pinscher o tempo todo. As casas estavam destruídas, sem telhados, gente correndo, embora um silêncio. Silêncio de matagal, de floresta. Quanto menos barulho mais chance de sobreviver . Eu entrava num quarto escuro, com algumas seteiras. Lembro de minha prima estudar sugestionar algum local. Era corrido decidir. Aqui, vamos ficar aqui, em silêncio. O quarto enchia de gente, eu escutava os passos pesados do gorila se aproximando. A outrs cadela poodle soltou  um latido. A pinscher no meu colo, rosnava como um cão de guarda exímio, obedecia ao meu comando: "schiii, quieta" eu falava no pé dá orelha dela e pensava: se ele é um gorila, já escutou e sentiu o nosso cheiro de medo, já sabe q estamos aqui. Era nesse exato momento em que ele passava pela porta debochando de quem estava escondido no quarto. Não olhava pra dentro. Eu me indignava porque o tamanho dele era de um homem adulto, alto, e estava vestido de paletó e gravata, acompanhado por homens brancos e altos, subordinados a ele, como uma gangue. O gorila dava alguma ordem. Eu entendia que era pra atear fogo no local, ao mesmo tempo em q pensava que se ele me pegasse eu iria me debater até morrer. Quando eu olhava pras janelas, antes avistadas como alternativa de saída do quarto, elas estavam bloqueadas por entulhos, móveis etc. Não havia saída a não ser pela porta. Assim, permanecemos em silêncio até entendermos que a ameaça havia ido embora. Saí pela porta do quarto com a cadela no colo,  sentia com isso que estava sendo protegida por ela e que também lhe dava proteção. Era muito certo esse sentimento. Deparava com um campo enorme, com muros, gente correndo, eu dava a volta e entrava num local com piso em cerâmica e sentia água vindo pelos meus pés. Era algo como uma enchente, eu via antecipadamente e alertava os outros. Rapidamente estava de passagem por uma loja de departamentos (todos os locais eram abandonados) e pegava na prateleira uma boia, convocando minhas irmãs e primos a pegarem pra seus filhos. Eu pegava uma que era uma calca boia e uma camisa boia. Correndo, enchia a calça enquanto a água vinha subindo o nível. A cadela ainda estava comigo, eu enchia a calça e vestia, a água já estava levando tudo. Chamava meus familiares pra se segurarem em mim, eu estava segura naquele mar porque a calça me manteve estável. Eu dava a camisa pra minha prima encher e se proteger. É uma prima que mora fora do país. Eu me perdia da cadela quando chegava na terra. Eu assoviava, assoviava e ela nunca aparecia. Eu perguntava a todos pelo caminho se tinham visto ela, meu coração doía com a falta. Mas eu tinha que continuar andando. Um grupo rival do gorila, composto de humanos, surgira e essa foi uma alternativa pra que todos se sentissem seguros de algum jeito, mesmo sabendo que a batalha era entre eles, e era pra continuar se salvando quem pudesse. Eu continuava procurando minha cadela. Assoviava dentro de um local que respondia, coincidentemente ou não , com um "TOC TOC TOC". Eu insistia assoviando pra tentar descobrir de onde vinha o som, se ela estava presa sob os escombros. Eu imaginava ela magra demais e sem forças pra chorar e me mandar sinais, pra arranhar e me fazer ter certeza que era ela. Eu não tive certeza que era ela. Continuava a procurar, mas certa de que teria que desistir pra me salvar.

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