segunda-feira, 19 de novembro de 2018

 Uma tentativa de escrever pra você, amor. As rugas vão-se fazendo pelo corpo e sustentam-se no dia todo mesmo em febre de final de dia. Ventosas nos sorrisos ao  receber um sanduíche quente na padaria de tantos olhos reconhecíveis enquanto cruza com aquele ator de cinema irreconhecível e ri durante uma conversa sobre ter ou não ter dois cães. Despede-se dos que não lhe oferecem futuro em voz alta pela rua sozinho. Estou deixando claro pra você, amor. Lugares desertos lotados, o homem catando lixo esforçando-se em seduzir pelo pára-brisa sem perceber os esforços daqueles pés no acelerador e na embreagem em terreno tão íngreme e quase insuportável na escuridão de flash vermelhos. Tenho pouco para te dar, amor. O caminho pelas pedras solicita cada micromúsculo debaixo do sol no ser tao cujos pés minúsculos escorregam sobre o limo fresco cheirando à maresia. Assim será se for, amor. Errante corpo atarantado agarrando-se a uma corda no pescoço de um animal guiando pelo norte verdadeiro do outro lado da rua catando comida pelo chão. Seja lá quem você é, amor. Mate-me.

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