sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

O BABÁ E A DONA DO TERREIRO

A água jorrava bem acima da cabeça dela molhando o seu corpo inteiro. Assim, escutando o chiado do jorro, ele foi chamado a se banhar. Ele disse que Xangô avisou por todos os meios que a sua senhora é e sempre será a Música. Debaixo d'água os dois, ela disse:

- Diga a Xangô que eu cheguei. Eu sou das águas, estarei sempre aqui pra você sempre ir com Nossa Senhora.

Banharam-se juntos. O corpo dela girando lentamente nas mãos dele, enquanto sorria. Possuíram-se. Molhados e exaustos, ele descansa a mão no peito dela e diz:

- É um reencontro. Eu não sei porque está acontecendo agora... É forte.

-  Você não esperava que eu fosse chegar tão rápido. Vou caminhar enquanto seus pedacinhos vão-se juntando.

- Não faça isso. Eu serei sempre dela, minha alma está vendida.

- Acha que eu cheguei por quê?

Ela gargalha alto, silencia bruscamente em seguida, se olham nos olhos e ele desvia. Então ela diz:

- Eu me sinto muito feliz aqui. Minha alma é ela. Nem preciso mais cantar.

 - Sim, você precisa! Seu canto é o que lhe faz existir.

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