quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Pesquisa de uma coisa

Estou carente de atualizações. Sei que algumas pessoas apontam Michael Foucault como obsoleto. Algo a respeito das prisões e sua relação com o racismo. Eu entendo. Mas também entendo o que aprendi com meus livros e professoras. É panóptica. É aprisionadora. É anormal. Sim, é racista acima de tudo isso. Sim, é machista acima de tudo isso. Quando o panoptismo é praticado de maneira que se possa alterar as imagens ( por exemplo, os filtros, montagens, sorrisos e poses e cenas montadas na rede social), coloca a câmera mais em si do que no outro. Lá, na rede, você é observado, você é mercadoria (,de si mesmo inclusive) [ver artigo de Tiburi] , e observador de imagens falsas, montadas. Há imagens que já se assentam no imaginário coletivo da rede, assim, uma selfie (o que é montado) repercute mais do que uma manchete de jornal (o que é fato). Essa exposição acelerada - pois se trata de registrar o instante, então é a qualquer instante - pode provocar uma perturbação entre o que é fato (a vida fora da rede/manchete de jornal) e o que é montagem (produzido pela rede a cada instante), de modo que as construções imaginárias também podem sofrer o aceleramento, tendo que adaptar-se a cada instante. Antes, as telenovelas mexiam diretamente no imaginário. Vou mais pra trás: os contos de fadas. Diz-se: estou vivendo um conto de fadas. O imaginário se adapta a essa mídia, que antes era apenas um conto de fadas.
O que eu proponho é uma investigação sobre os efeitos dessa aceleração do processo imaginário e suas relações com os sofrimentos psíquicos de quem se expõe a este ambiente (,redes sociais).
O sofrimento psíquico está relacionado com o saber fazer com o Real [Lacan], saber simbolizar com o que não se pode dar conta. Então, até que ponto a aceleração do processo imaginário (Lacan) em detrimento do Real, possibilita o sujeito a saber fazer com o Real?

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