segunda-feira, 29 de julho de 2024

Nova montagem _3

A serviço público 

A indústria 

O sindicato 

A transição

É criar a montagem que me salva das realidades tão duras. Eis a imagem dela em atos. A tvbahia transmitiu a paralisação de motoristas de transporte coletivo em Salvador. Um dos manifestantes dançando com discrição o reggae. As manifestações dos operários são regadas de reggae. Participei de algumas. Antes de tudo começar, o protesto em música. Sistema do vampiro, Lili. Movimentos sindicais criaram um presidente de um país. Eu levei quase dez anos pra me sindicalizar enquanto na indústria, o fiz quando o movimento dos operários era de evasão. O sindicato me acolheu com assistência social, e orientou com advocacia no momento dificílimo de rompimento do meu contrato depois de uma década. A reforma trabalhista em 2017 quebrou empregados, demitiu em massa terceirizados, aumentou o número de acidentes de trabalho - pessoas desempregadas, com fome. Logo depois, estabeleceu-se o horror. Para os sobreviventes falam de empreendedorismo, o jeito do sistema que vive sugando todo povo. Assim, é uma montagem para operárias e operários, para trabalhadores, para associados aos sindicatos, principalmente, a mensagem a ser transmitida através da música no teatro. O ato três é composto pelo reggae. Agora pensei sobre não ter colocado o samba reggae. Coloquei. A canção é histórica e história, pois é preciso falar de canudos, evidenciando o nível impressionante de organização dos desvalidos, marginalizados, famintos, desesperançosos, sem-terras, crédulos religiosos, contra o cativeiro mental de um sistema centenário de dor e falsas libertações [GOMES]. É pra o grave tomar a atmosfera com a suavidade de Steel Pulse. Vocais, manchetes projetadas. Talvez o ato mais longo.  Nesse momento será possível decidir em abrir o jogo ou não, ser eu mesma ilustração é um preço a ser pago. A sequência se abracadabrarará em GIL, sua presença e fazenda do ritmo no país. 




domingo, 28 de julho de 2024

Viver e se perder pelo caminho de um destino só

Viver e se perder pelo caminho de um destino só

No caminho de viver quem sabe sobre a rosa dos ventos? Quem sabe sobre a rosa dos ventos deve saber se encontrar Quando ela roda rápido sob os pés de vento parece perdição O encontro, nele há perdição Senão é desencontro

O buraco do mundo É nele que ela foi se jogar Onde todo mundo vive a se perder em desencontros

sábado, 20 de julho de 2024

Nova montagem _2

 O trabalho é para a voz ficar mais mansa, precisa, sem gritarias. Escutar a minha própria voz é da ordem de um eterno estudo, diferentemente do prazer de escutar outras vozes que gosto. A voz de Caroline Oliveira, Riane Mascarenhas, minhas amigas cantoras baianas, causa em mim o prazer de escutar uma voz. Já a minha própria voz não. O prazer de escutar a minha própria voz acontece no momento que eu encontro a execução satisfatória, onde eu entendo que posso seguir fazendo por esse caminho. O não saber sobre a satisfação dos ouvidos que vão ao teatro e escutam a minha voz é surpreendente quando as pessoas declaram suas satisfações. Até aqui, os corpos ouvintes já enxergaram na minha voz muitas outras vozes que considero importantes: Maria Bethânia, Edith Piaf, Elba Ramalho. Penso nos sinais que a minha voz, juntamente com a interpretação puderam alcançar e trazer o retorno sobre uma qualidade do que tenho feito. No palco o corpo está todo a favor da mensagem a ser transmitida. Assim, os sentidos circulam por todo o corpo - os olhos podem estar nas costas, a voz pode sair do coração, por exemplo. É um transe que não paralisa mas executa. Ao descobrir a minha necessidade da presença da percussão e do contrabaixo, amadureço as execuções. Então, desejo compor a banda com eles mais o meu violão de algum jeito e a guitarra e/ou o piano elétrico. Desejo a bateria e algum sopro também, por conta das explosões que prevejo. Enxergo nomes como Riane na voz e contrabaixo, desejo que ela cante e encante com o reggae. Na percussão seria excelente se Alana Gabriela pudesse vir. Trabalhar com quem eu gosto triplica o prazer de fazer música no teatro, a sintonia que se dá na intimidade, no afeto, faz diferença, o público sente junto. Na guitarra tem Gabriel Teles, tem Duda Brandão. Felipe Pires sempre está em meus pensamentos, multi instrumentista, pode assumir o piano, o violão, ele é de uma criatividade harmônica que admiro, como se a coisa ficasse sempre contemporânea. Tem Ícaro Santiago, criativo quanto Felipe. Na bateria conheci Ludovic Guirvach e me interesso pelo trabalho dele, mas seria muito bem-vindo Rafael Santana. Lucas Decliê na flauta e sax alto, um querido.

domingo, 14 de julho de 2024

Nova montagem_1

 Está ficando linda e há um desencontro de ouvidos para escutar. Talvez haja encontro para ler. É o meu constante sonho, vivo para uma nova montagem. Está coesa, arredondada, rica de mensagens que me chamaram pra transmitir. Porque não sou eu e sim algo para além de mim. É sofrido o processo, muitíssimo doloroso, até o último segundo quando o primeiro pé toca no palco, ao mesmo tempo a pesquisa instiga, agita meus pensamentos criativos para um chamamento. Unir as trabalhadoras e trabalhadores num beco só pra dizer que nada cai do céu nem cairá [CONFINS], dizer que seus direitos podem ser garantidos. O peão entra na roda, bambeia, sapateia no tijolo [CAYMMI] e precisa de serenidade no movimento de mudar a própria vida de cabeça pra baixo na direção da realização de seu desejo. Eu estudo as minúcias mesmo que o resultado ao vivo apresente suas imperfeições. As obras são escutadas inúmeras vezes enquanto as melodias e a poesia absorvem meu corpo na busca da história a ser contada. Celine Dion diz que o mais importante é a interpretação. Assim, sem espelho de ensaio, frutifico a imaginação para quando ela encontrar a canção sendo executada sob a quentura das luzes na caixa escura. Trata-se de uma dramaturga, diretora artística e musical, cenógrafa, figurinista, orçamentista, produtora executiva, idealizadora e intérprete musical. Cantora, há quem prefira esse nome. É cérebro e corpo a todo tempo. E cachê, tem que ter cachê para a cantora dessa vez. Quero que o tempo me dê tempo pra realizar. A proposta do trabalho está a serviço das reflexões. Zero romantismo. O reggae vem com sua força resistente. É para tocar no fundo do coração civil.

Corpo corrompido

A luta contra o capitalismo é luta a favor do corpo. 
As pessoas estão multiplicando performances adoentadas e aceitam que sejam chamadas de síndromes e transtornos. O corpo pertence ao dinheiro.
O corpo está corrompido, sua memória tende a ser apagada. O corpo está por aí em qualquer lugar desde que seja pago. Ou apagado? Quando toda a memória apagar, aonde estará o corpo? Escuto o saxofone da música do Kid abelha. Geração de surdos por fones de ouvidos ouvirão saxofones ao longe? O capitalismo abafa o corpo. Enrijece o corpo. Aprisiona o corpo. Faz o corpo chegar à exaustão tentando ser apenas um corpo. O capitalismo interfere na consciência do corpo. Querem acabar com meu corpo e eu dentro da grande membrana tento me fazer respirar. Quero que o petróleo acabe no mundo e com ele a maior empresa capitalista do país. Ela mata animais e pessoas.

domingo, 7 de julho de 2024

Quanto custa a sua opinião? Falam pelos ladrões. Sabe bem o que é um ladrão? Na hidráulica pense. É o buraco por onde o excesso de água que sai. Quê que há de muito que poucos têm e poucos querem ter? O fio de cobre dos postes da cidade? Esse todo mundo têm, é do povo da cidade. Quando um morre eletrocutado em praça pública pra ter o que tem toda a cidade? O abuso diário na cidade. Quem ganha mais do que poucos têm quando expõe seus comentários sobre um churrasco humano na praça? É um tal de deus é mais...