quarta-feira, 21 de agosto de 2024

 Cantei cantei cantei cantei por horas e me perguntaram se eu já estaria cansada eu respondi que cantaria por mais algumas horas. Um ambiente de amor cheio de instrumentos musicais todo mundo cantando e tocando e dançando, por quantas horas você ficaria? A música provoca a união seja consigo mesmo seja com o entorno. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Por incapacidade 
Por invalidez 
É tempo de meditação 
Correr é pouco 
Acordar, muito 


terça-feira, 6 de agosto de 2024

Nova montagem _5

 Há que se ter um preparo físico. Ando pelas ruas do centro histórico da cidade com meu cão, entre as pedras, o concreto, a areia da praça sombreada por árvores altas e olhamos pro mar das docas. Crianças indo à escola, mulheres negras na função ainda me olham evitantes. Agora está Caymmi rodando o peão nos meus ouvidos. Sapateia no tijolo, passa de uma lado pro outro. Meu corpo pesava menos nas apresentações anteriores, mas consciência de corpo agora surge aumentada. Agachamentos, alongamentos, mil danças, até o chão. Agora vem o motivo de alguma atividade física, é pra ela, essa coisa nova pois há mesmo um inédito em mim mesmo sem saber se chegarei até lá pra fazer o que tem que fazer. Importante lembrar dos meses frios e úmidos e saltar eles na agenda, o aparelho respiratório precisa estar livre das crises, assim como o gastrointestinal, sem refluxos. Quarenta e cinco minutos de andança na velocidade de um cão que também faz suas paragens. É andar pra ver o mar de manhã cedo. Alinhar com o horizonte e manter o corpo vivo. 

domingo, 4 de agosto de 2024

A inteligência é uma avaliação dos humanos, inventada e medida pelos mesmos. Gênios, todos afogados nas suas burrices, pode ser a genuína inteligência. Na companhia de pessoas graduadas em psicologia nas diversas abordagens sobre suas clínicas de maneira voluntária escutei repetidas vezes sobre a utilização de uma psicoeducação. Recebi alguns artigos sobre ela. A palavra me salta aos ouvidos quando se propõe educação na clínica pois nela o trabalho é o contrário e se distância do discurso do mestre. Psicanalistas são supostos saberes, quem sabe mesmo são as pessoas entregues ao trabalho analítico no caminho do desejo. Vasculhei afim de encontrar algo de relação da palavrinha saltada e a psicanálise. Intervenção é o que há na clínica psicanalítica. Tive a sensação que havia encontrado uma equivalência mas não. Encontrei com a minha necessidade de usar a língua inglesa pra adentrar no que trouxe um segundo e curto artigo de 2022 questionando sobre a psicoeducação ser uma ferramenta para lidar com as rebordósias frente ao capitalismo, trazendo Žižek... É gratificante poder acessar as palavras advindas da inteligência alheia. "O tecnocapital abocanha nossas pulsões", diz COSSI. No que se  transformará a clínica psicanalítica rondada do imperativo dos diagnósticos e das psicologias do ego. Falo da minha clínica. Eu preciso escutar as manifestações do inconsciente que se fazem através do consciente, de um ego que mente e, nessas horas, deixa escapar o que esteve inacessível, recalcado. Escutar e ser espelho, instrumento da construção da aquisição da inteligência de outrem ou da percepção da burrice de outrem é diferente de fazer psicoeducação. Todo trabalho da analista é clínico, dentro ou fora da sala. Aliás, o que se faz com a psicanálise, com a psicologia, é clínico, seja entre quatro paredes ou no meio da rua. Agora mesmo, com essa correnteza de escrita, estou tentando construir uma inteligência para atender ao reducionismo de uma universidade que provavelmente não aceitará o meu projeto de conclusão de curso falando da formação de uma psicanalista na Bahia e o processo de normopatia na instituição de psicanalistas. A normopatia historicamente combate com força o movimento criativo, uma patologia provocada pelo processo grupal. Assim, com a palavra saltada dentro do sistema acadêmico que também abocanha pulsões, busco o produto pra oferecer a esse mercado produtor de bachareis. Ao mesmo tempo no qual leio uma tese sobre um orixá, leio um livro sobre uma ialorixá, que melhora a burrice sobre as minhas origens... 

Nova montagem _4

 Estou com ela e reencontrei com afrocidade ao caminhar pela minha biblioteca. A música de abertura deve ser muito bem pensada, do mesmo jeito aquela que fecha a montagem. No imediatamente, as pessoas saem com o eco dos últimos versos e só depois elas vão relembrando as canções intermediárias. Eu canto poucas inéditas, nessa montagem cantarei nenhuma, de modo que os ouvintes já as terão ouvido em algum lugar. Meu trabalho de interpretação consiste em escutar o que já existe e já escutado quando elas vêm e me tocam a pele inteira. Assim apossam-se do meu corpo, e aqui o violão, esse instrumento apoio, proporciona o encontro de um tom, a construção de uma imagem primária, pois a imagem da interpretação propriamente dita se faz com a feitura do arranjo de cada uma, uma construção realizada no estúdio, como associação livre, cada instrumentista vai criando na hora com todos os presentes. Gravo a produção do dia, escuto repetidas vezes e volto, como o retorno do recalcado, trazendo os apontamentos das minhas dificuldades de respiração, de escolhas de tons, do que eu encontrei no caminho da interpretação. Ao longo de oito anos, essa prática inundava minhas noites, alimentando a insônia que já fazia parte de uma grande instabilidade existencial. A noite é realmente ideal à criação pelo silêncio oferecido pela cidade: já faz mais de zero hora e ela me toma, ainda que com um indutor na veia na hora marcada do dia que vem sendo eficaz em me fazer adormecer antes da primeira hora do próximo dia, proporcionando a dose de saúde para o corpo que dorme. Escrevo enquanto escuto a seleção, afinal é preciso escutar inúmeras vezes pois as melodias já fazem parte de mim, mas nem todas as poesias estão assentadas para que a mensagem seja transmitida com a justeza desejada. 



"Sonhei com a rainha do ouro, ela tava me chamando, no horizonte tem um tesouro, continue acreditando "