Cantei cantei cantei cantei por horas e me perguntaram se eu já estaria cansada eu respondi que cantaria por mais algumas horas. Um ambiente de amor cheio de instrumentos musicais todo mundo cantando e tocando e dançando, por quantas horas você ficaria? A música provoca a união seja consigo mesmo seja com o entorno.
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
terça-feira, 6 de agosto de 2024
Nova montagem _5
Há que se ter um preparo físico. Ando pelas ruas do centro histórico da cidade com meu cão, entre as pedras, o concreto, a areia da praça sombreada por árvores altas e olhamos pro mar das docas. Crianças indo à escola, mulheres negras na função ainda me olham evitantes. Agora está Caymmi rodando o peão nos meus ouvidos. Sapateia no tijolo, passa de uma lado pro outro. Meu corpo pesava menos nas apresentações anteriores, mas consciência de corpo agora surge aumentada. Agachamentos, alongamentos, mil danças, até o chão. Agora vem o motivo de alguma atividade física, é pra ela, essa coisa nova pois há mesmo um inédito em mim mesmo sem saber se chegarei até lá pra fazer o que tem que fazer. Importante lembrar dos meses frios e úmidos e saltar eles na agenda, o aparelho respiratório precisa estar livre das crises, assim como o gastrointestinal, sem refluxos. Quarenta e cinco minutos de andança na velocidade de um cão que também faz suas paragens. É andar pra ver o mar de manhã cedo. Alinhar com o horizonte e manter o corpo vivo.
domingo, 4 de agosto de 2024
Nova montagem _4
Estou com ela e reencontrei com afrocidade ao caminhar pela minha biblioteca. A música de abertura deve ser muito bem pensada, do mesmo jeito aquela que fecha a montagem. No imediatamente, as pessoas saem com o eco dos últimos versos e só depois elas vão relembrando as canções intermediárias. Eu canto poucas inéditas, nessa montagem cantarei nenhuma, de modo que os ouvintes já as terão ouvido em algum lugar. Meu trabalho de interpretação consiste em escutar o que já existe e já escutado quando elas vêm e me tocam a pele inteira. Assim apossam-se do meu corpo, e aqui o violão, esse instrumento apoio, proporciona o encontro de um tom, a construção de uma imagem primária, pois a imagem da interpretação propriamente dita se faz com a feitura do arranjo de cada uma, uma construção realizada no estúdio, como associação livre, cada instrumentista vai criando na hora com todos os presentes. Gravo a produção do dia, escuto repetidas vezes e volto, como o retorno do recalcado, trazendo os apontamentos das minhas dificuldades de respiração, de escolhas de tons, do que eu encontrei no caminho da interpretação. Ao longo de oito anos, essa prática inundava minhas noites, alimentando a insônia que já fazia parte de uma grande instabilidade existencial. A noite é realmente ideal à criação pelo silêncio oferecido pela cidade: já faz mais de zero hora e ela me toma, ainda que com um indutor na veia na hora marcada do dia que vem sendo eficaz em me fazer adormecer antes da primeira hora do próximo dia, proporcionando a dose de saúde para o corpo que dorme. Escrevo enquanto escuto a seleção, afinal é preciso escutar inúmeras vezes pois as melodias já fazem parte de mim, mas nem todas as poesias estão assentadas para que a mensagem seja transmitida com a justeza desejada.
"Sonhei com a rainha do ouro, ela tava me chamando, no horizonte tem um tesouro, continue acreditando "