domingo, 4 de agosto de 2024

Nova montagem _4

 Estou com ela e reencontrei com afrocidade ao caminhar pela minha biblioteca. A música de abertura deve ser muito bem pensada, do mesmo jeito aquela que fecha a montagem. No imediatamente, as pessoas saem com o eco dos últimos versos e só depois elas vão relembrando as canções intermediárias. Eu canto poucas inéditas, nessa montagem cantarei nenhuma, de modo que os ouvintes já as terão ouvido em algum lugar. Meu trabalho de interpretação consiste em escutar o que já existe e já escutado quando elas vêm e me tocam a pele inteira. Assim apossam-se do meu corpo, e aqui o violão, esse instrumento apoio, proporciona o encontro de um tom, a construção de uma imagem primária, pois a imagem da interpretação propriamente dita se faz com a feitura do arranjo de cada uma, uma construção realizada no estúdio, como associação livre, cada instrumentista vai criando na hora com todos os presentes. Gravo a produção do dia, escuto repetidas vezes e volto, como o retorno do recalcado, trazendo os apontamentos das minhas dificuldades de respiração, de escolhas de tons, do que eu encontrei no caminho da interpretação. Ao longo de oito anos, essa prática inundava minhas noites, alimentando a insônia que já fazia parte de uma grande instabilidade existencial. A noite é realmente ideal à criação pelo silêncio oferecido pela cidade: já faz mais de zero hora e ela me toma, ainda que com um indutor na veia na hora marcada do dia que vem sendo eficaz em me fazer adormecer antes da primeira hora do próximo dia, proporcionando a dose de saúde para o corpo que dorme. Escrevo enquanto escuto a seleção, afinal é preciso escutar inúmeras vezes pois as melodias já fazem parte de mim, mas nem todas as poesias estão assentadas para que a mensagem seja transmitida com a justeza desejada. 



"Sonhei com a rainha do ouro, ela tava me chamando, no horizonte tem um tesouro, continue acreditando "

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