domingo, 31 de janeiro de 2010

PLAP

Eu não sou poeta, não sei fazer poesia
Teimo escrever em versos...
Eu não sei ao menos falar
Meus olhos se impressionam, recolhe tudo, até a poeira do ar
e depois... ah, depois.... só eu sei para onde vão essas impressões
Eu sei? Estou enganada, não sei
Elas ficam fazendo cinema no meu corpo
Porque eu, você sabe, eu sou todo o meu corpo
E eu fico com papéis, canetas, tudo na cabeceira
Tentando colocar em palavras o meu indizível
Sai algo, parece com um grunhido
Um choro, penoso por permanecer tanto tempo no tráfego da garganta
Um tapa, uma cara fechada
Assim vem elas
Vomitadas, agressivas, algo contra a gravidade do real
Tento falar, e são tantas palavras de mim
Me assusto
Ofego
Fósforos, atrito, fogo na palha
Tantos detalhes, todas as impressões devidamente gravadas
E um mecanismo – se há mecanisno no que eu sou – apaziguador
Silêncio
Silêncio... estou trabalhando para voltar a falar
A partir de um ano
Difícil, eu não sabia falar a partir de um ano
Chorar eu sabia, eu tenho certeza que ainda sei
Primeiro choro, segundo choro, eu bem sei
Treinamento árduo
Descrevo detalhes interessantes apenas para o meu divã
Como o divã me entende, vê lógica nos tantos detalhes que começo a falar e eu ainda não sei
Sabe lá, em algum lugar por onde eu vivo a procurar
porque o verdadeiro eu poeta sabe usar as palavras
E o eu cantor, sabe cantar as palavras
Mas eu, compositor, ainda sofre, grita e chora e produz palavras.

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