domingo, 24 de abril de 2011

La mala leche para los "puretas"

[Um dia desses, elaborando...]

Estou lendo sobre quem e o que mais tem me interessado durante os últimos anos da minha vida – a psicanálise e o seu criador, Sigmund Freud. Troco a televisão por uma leitura, uma escrita, uma música, pela vida alheia. A televisão traz muitas observações prontas e isso não me atrai. Então, em pleno final de casamento, em plena crise financeira, penso que não me resta muito coisa a doer neste mundo a não ser as dores que a velhice trará ao meu corpo que, chegando aos trinta anos já tem apresentado sinais de uma máquina gradativamente falhando, engordando, desmetabolizando.


Assim como esta aqui na qual escrevo, cujo carregamento da bateria tem me causado uma certa irritação por não está sendo processado perfeitamente impossibilitando minhas produções.

Aprendi a escrever lendo Freud e Françoise Dolto. Escrevo o tempo todo em psicanálise. Aprendi a utilizar o computador para escrever porque é o que realmente consegue acompanhar a fluidez dos meus pensamentos. Por essas facilidades digo sim à ciência, quando utilizado à favor da humanidade e do mundo, e digo sim à psicanálise porque me traz essa fluidez sem culpas.
Deixei de acreditar em deus muito cedo e não sabia. Fui educada na coreografia do “em nome do pai, do filho e do espírito santo, amém” todo dia antes de sair de casa, mirando a imagem do coração de Jesus num lugar central da casa. Então deixei de fazer a coreografia. Acho que tinha cerca de 13 anos, penso que quando comecei a ler independentemente sobre o espiritismo. Tentei encaixar a minha vida em alguma religião, sem sucesso. Não sei muita coisa sobre a história do mundo e nunca estudei a bíblia. Hoje ainda fico receosa de assumir o meu ateísmo para certas comunidades em que vivo, mas estou a passos muito largos de dissolver essa preocupação. Em 1918, Freud escreveu: “achei pouca coisa 'boa' nos seres humanos como um todo. Segundo minha experiência, a maioria deles é escória, não importando se publicamente aderem a esta ou àquela doutrina ética ou qualquer que seja (…). Se vamos falar de ética, sou adepto de um grande ideal do qual a maioria das pessoas com quem tive contato lamentavelmente se afastam” (Freud e Pfister, 1963, pp. 61-62). Algo soa como egocentrismo, como aliás as pessoas costumam enxergar outras pessoas que encaram os fatos da vida como eles são, a vida como ela é, o destino, sem divindades.

Resolvi encarar a minha vida com minhas angústias, minhas falhas, falhas ao dizer ou fazer coisas e sentir o arrependimento logo depois. A teoria psicanalítica me instiga, e há um certo prazer nisso. Freud muitas vezes me traz um sofrimento por explicar (e eu entender) e permanecer estática sem saber o que fazer com o meu saber. Suspendi o meu trabalho de análise e minha vida não está boa. Mas me falta dinheiro e coragem e investir energia nesse trabalho. Penso demais, e se pensar é existir, eu existo demais! Sofro por não acreditar em deus, porque não há o que me conforte em certas horas. Aí tenho que parar em mim mesma e tentar ficar sã. Falta coragem também para me matar, mas não deixo de desejar essa morte que não chega pra me livrar dessa vida onde eu não posso ser sincera, onde eu não posso dizer o que penso em nome de uma falsa moral que se estabeleceu desde os primórdios dessa podre civilização. Ninguém é o que realmente aparece. Como diz Caetano Veloso: “ de perto ninguém é normal”. Então, por que não assumir essa anormalidade?

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