domingo, 4 de março de 2012

Livros

Eu pensei que você fosse um livro aberto
aliás, eu pensei que todos fossem livros abertos
Assim eu pensei e assim para mim pintaram
E me pouparam
E me podaram

Você é um livro aberto, como eu
Como as palavras que em ti leio e enxergo
que sem minhas palavras sobre mim,
que sem o folhear que faço sobre ti
Eu cego

Com você eu aprendi
Não há livro aberto
Só são livros
Discretos, herméticos
Donos de verdades solitárias e falantes
Livros na estante, enfileirados
Com o meu nome e o nome sobre mim assinados
Trechos memorizados

Há os que nunca veem e jamais verão meus olhos
Há os que já viram e não foram capazes de me entreter
Os que se foram, obsoletos ou rejeitados
Superficiais e inconsistentes

E, por fim, o meu único
Aberto quando o toco
ou quando a memória traz seus trechos...

O meu livro sagrado
que dorme e acorda todos os dias ao meu lado.

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