sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Bis, para crianças!

DIA DE CARURU

Na Bahia, em Salvador se come muito caruru. Na casa da tia Carminha não era diferente - todo ano tinha caruru. Aliás, não só caruru, tinha vatapá, farofa amarela, xinxim de galinha, banana da terra frita, arroz branco e dois tipos de feijão – o fradinho e o preto.

Tia Carminha, era negra, descendente dos que eram escravos na Bahia. Era casada com tio Vítor, e só tinha uma filha, Aninha. Como Aninha não lhe deu netos, então os filhos da sua irmã Lourdes eram seus sobrinhos, mas tratados como filhos. Os filhos dos seus sobrinhos-filhos eram os seus sobrinhos-netos, e enchiam a casa quando era o dia do caruru.

Num determinado ano, todos os sobrinhos compareceram à casa de tia Carminha. A casa era toda verde, num bairro chamado Pau Miúdo. Já era noite quando aos poucos começaram a chegar seus sobrinhos-filhos e seus sobrinhos-netos, além dos só sobrinhos e demais amigos.

Na casa havia um terraço, onde Aninha e tio Vitor preparava as mesas e cadeiras, a vitrola para tocar música e os refrigerantes dentro do gelo para servir na temperatura ideal. Tia Carminha não saía da cozinha até tudo ficar pronto.

Ah! Também havia plantas e jabutis, muitos jabutis, de diversos tamanhos, no terraço. Tia Carminha acreditava que a presença dos bichos afastava os maus espíritos que quisessem entrar na sua casa.

Então, todos estavam lá, comendo, bebendo, conversando, dançando. Fafá, Cacá, Vevéu e Tatá estavam lá, conversando encostadas na mureta do terraço de onde podiam ver o quintal da casa lá embaixo, guardado pelo cachorro Tubarão.

Tubarão ninguém via. Tio Vítor dizia que ele mordia e só aparecia de noite, bem tarde, para espantar os ladrões. Fafá era bem pequena, mais gordinha que as outras, e não tinha altura suficiente para nem para enxergar por cima do muro.

Fafá, Cacá, Vevéu e Tatá conversando ali, resolveram começaram uma brincadeira de adivinhar a música. Uma dizia uma palavra que a música continha e as outras cantavam músicas que continham a palavra, até acertar a música que estava no pensamento de quem lançou a palavra. Assim, cada uma tinha a sua vez de dizer a palavra para as outras acertarem a música do pensamento.

De repente, Vevéu, a mais velha daquele grupinho perto do muro formado por meninas sobrinhas de tia Carminha, percebeu algo muito esquisito e falou:

- Fafá, você está alta...

E todas olharam para Fafá, tão gordinha e agora mais alta, conseguindo enxergar tudo por cima do muro.

- É mesmo! – concordaram Cacá e Tatá.

Fafá sorria sorrateira, feliz por estar enxergando o que antes não conseguia enxergar. Só não conseguiu ver Tubarão, porque esse ninguém via.

Observando Fafá da cabeça aos pés, tentando entender que tipo de mágica tinha acontecido para que ela repentinamente crescesse, Vevéu teve um sobressalto!

Fafá estava em pé, em cima do jabuti da tia Carminha, toda gordinha, agora não mais baixinha!

Um comentário:

  1. Até hoje lembro das risadas que demos com isso!!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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