segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Pensei que de tão quieto estivesse dormindo. Seus flatos me diziam algo. A simbiose afetada mais do que eu imaginei. Seu pescoço estrangulando por quase meia hora enquanto eu cantava uma música na língua inglesa. Seu pescoço estrangulando enquanto alguém que não eu lhe fazia carinho, lhe carregava no colo. Eu estava feliz porque cumpríamos a viagem em paz, mas nada estava em paz. Quando eu toquei no seu corpo quis estrangular o outro corpo, aquele que eu mesmo alimentei, aquele outro corpo que consentiu, corroborou, permaneceu na inércia de se colocar cego diante do outro. Fiz uma pergunta por indignação, afinal, meu Deus!, estávamos na cena de um crime sem intenção de matar? Eu corri saltando do carro, entre a porta e a porta do outro lado minhas pernas deram apenas um passo largo. E o vômito de não suportar mais tanta falta de tato. Tanta falta de acuidade visual. Tanta falta de intenção de matar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segundos Saberes (para o seu comentário)