segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sem lenços

Voltei a escrever, porque talvez seja o meu remédio mesmo. Maria da Conceição Nobre é a minha analista. Pessoa a quem dedico minha paixão e amor transeferencial. Ela não permite divulgação da sua imagem, mas creio que pouco do seu currículo profissional eu, como sua primeira analisante analista posso escrever aqui. Turismóloga, psicóloga, psicanalista, decoradora e (ela ainda não assume!) cantora. Acredito que costuma visitar este blogg, cujos textos eu escrevo sob a sua "prescrição". Talvez o meu remédio. Estudo psicanálise com ela desde 2005 na Confraria dos Saberes.

Talvez ela saiba, com o seu suposto saber e experiência, que... Não lembro mais o que ia escrever.

Falar sobre a minha análise e minha analista requer muito investimento da minha mente. Vou procurar um texto antigo, que escrevi para o curso Freud Percursos de Discursos no momento que havia de escrita e leitura de textos chamado Mundofreudiano. Colocarei aqui e brevemente retornarei.

25 de julho de 2007.
Lembrei dos meus velhos escritos, não tão velhos, os que escrevi no início do mundofreudiano, quando achava que seria difícil escrever. Escrevi, escrevi, escrevi, apaixonadamente, entregue à emoção. Hoje estou escrevendo como no início do meu mundofreudiano, é para isso que serve o dispositivo, é para isso que eu duas vezes na semana deito no divã do consultório de minha analista, para falar e organizar os meus pensamentos.
Minha escrita vem de um incômodo já comentado em análise: até onde vai a transferência. Tenho quatro anos de análise, aniversariando este mês de julho, e há um ano e meio participo de alguns eventos juntamente com a minha analista. Transferência muito bem estabelecida, do contrário não estaria dando continuidade a minha análise. Dentro do MEU percurso, descubro o interesse pela psicanálise, sua função, seus efeitos. Vejo beleza nisso. Decido traçar o meu caminho profissional com o meu desejo. Com a análise estou aprendendo a ser desejante e não desejável, tornei-me adulta, saí da casa de meus pais, saí de uma crise depressiva, passei a acreditar que sou mãe, certifiquei-me dos tabus – transar com um hoje e outro amanhã não é ser galinha ou falta de amor próprio, hoje reconheço a minha liberdade. Enfim, faço análise para aprender a sustentar o meu desejo, encarar essa certificação da morte, não me frustrar com um não, e agora, principalmente, porque sei que quero ser psicanalista. Assim, como minha analista. É, assim como ela. Escrevo agora em nome da minha paixão transferencial mais do que natural e em nome do que tenho aprendido com a pessoa, o ser humano, cidadã, mãe, mulher, profissional parceira da ética, que é Conceição. Escrevo mesmo sujeita a cortes, já que estou aprendendo a trabalhar sem afeto. Aqui é o mundofreudiano, por isso vou continuar. Acho colocar a psicanálise num lugar muito medíocre quando se acredita que o discurso do analisando é o do seu analista, mesmo fora do divã! Quem é que deita lá e fala, fala, fala, fala??? Ou não fala para o silêncio falar?... Quem é que decide faltar à sessão, ou dar continuidade à análise? Levantei questões já respondidas por mim, mas vou deixar registrado: É O ANALISANDO. Não pensei que estando rodeada de psicanalistas eu às vezes sentir-me-ia até menos ouvida por estar desenvolvendo um trabalho juntamente com a minha analista e demais envolvido num comitê – trabalho este que diz respeito a minha formação psicanalítica!
Enfim, estou envolvida com a Confraria dos Saberes hoje porque acredito nela, mas não estou mais apaixonada por ela. Penso pertencer a um espaço onde eu possa tecer qualquer comentário com pessoas que ouçam o meu discurso e não fiquem preocupadas com a relação entre minha analista e eu – relação tal, que por sinal, vai muito bem obrigada.




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