domingo, 17 de outubro de 2010

Vai ser uma overdose de ansiolítico se isso é que existe
Uma pessoa desejar o fim e não tocar no fim
Só uma overdose, a última dose, aquela que desliga tudo
sim , sim , uma vez depressiva, sempre depressiva
Bipolar
Ter, dê, à
Uma hora assim, outra hora assado
Ninguém aguenta um sujeito impetuoso e mal amado
Nem o próprio sujeito
Boicotador de si mesmo, correndo pra tocar na morte, experimentanto [experimentando] infelicidades
enlouquecendo o alheio de tão concentrado em si mesmo
Loucura também é narcisismo?
Tire o ponto de interrogação e diga
Se o quem me pôs nessa vida teve um péssimo plano
Sofrimento que não descola, angústia que me persegue, me amola, enche meu saco
Indignação com a falta de educação alheia, com moleques falando besteiras
Nem aí pra o futuro do país, nem aí para o fim do mundo
então que venha o fim do mundo
se ninguém quiser eu quero pra mim
Viver pra morrer, tem algo tão incomprensível quanto isso?
E se nem tudo eu posso fazer
em nome da moral , de bons costumes
em nome da hipocrisia do homem
Sublimar, sublimar, afundar
porque até a arte tem limite nesse lugar
que ninguém tem limite
quer algo mais contraditório do que não poder gritar dentro da sua própria casa
mas a casa não é minha, não é meu esse lugar
eu não sou da sua rua, nem falo a sua língua
minha vida é completamente diferente da sua
não sei resolver coisas
não sei o que é paz
nem soube o que é pai!
Quando eu pensei que sabia, me avisaram que era meu avô
E que dor... perder aquele que me deu lições e prazeres,
aquele que não gritava comigo, que me encaminhava e um dia eu estava pedalando sozinha
aquele que soube me pedir carinho, que era feliz com a minha companhia
O mundo era movimento perto dele, a música sempre estava, mesmo inventada
Eu fiquei com jackson do pandeiro, meu coração no seu santo, caetano, minhas lembranças no doce de leite
Eu pensava, sentia, curtia, sorria
Não consigo mais...
Talvez um ansiolítico resolva
Um psiquiatra fingindo entender a minha dificuldade de viver
Uma analista que eu supunha saber
Do meu próprio inimigo que eu tento conviver
Este espaço é meu, e ninguém me impedirá
Aqui eu posso gritar, xingar
Há um aviso na entrada, leia se aguentar
Escrevo pra ver se resolve
se eu consigo conviver com essa vontade louca de morrer, de deixar de ser
Sei que um sono vai me bastar
E se meu coração parar de bater eu vou agradecer

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