sábado, 19 de março de 2011

Argolas

Ela está no fundo e vê as argolas, como se já tivesse se livrado de todas. Tem um sorrisinho no rosto dela, veja! Mas essa é a cara do começo, antes de mergulhar nas circunferências, antes de fazer as bordas para colocar coisas dentro.

Uma para a orelha, outra para pulseira, outra no pescoço, no cabelo, tornozelo, cintura... Um “tomara-que-caia”, mais uma argola. Coisa difícil será livrar-se das argolas! Melhor mesmo é fazer poesia, dançar e cantar. Olhe! Achei mais uma no seu dedo! Coisa fina, de ouro, de outro.

Pensa que tem a cara do começo ainda... pouco se olha no espelho porque não há tempo. Quer ar, ar, ar, respirar. Aprende até a dar nó em gravata, nó em pingo d'água.

Pisa em buracos e, quando afunda pensa em se livrar. Só quer ar. Não deseja andar engomadinha, arrumadinha, nem agradar. Mas percebe que buraco parece argola. Quando chega ao fundo, um ponto, e assim volta.

Entende que a vida é isso, argola do tempo, anilha para quem gosta muito de voar.

Foto: Caroline Lima | Edição: Alile Dara

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