terça-feira, 29 de março de 2011

Deslocamento

Ontem mudei os móveis da sala de lugar. Estou escrevendo mais não sei em que formato vai ficar, poesia ou prosa... mas, andiemo! Desde que saí da casa de meus pais, a minha frequência de mudar de casa é anual. Meu quinto deslocamento de endereço tem alguns meses, algo mais próximo de que é meu. O imóvel é herança familiar do meu cônjuge.

Agora, percebo a aparição da palavra: deslocamento. Por isso gosto de escrever. Escrever é continuar em análise, porém não a análise propriamente dita (quero voltar a minha análise!). O deslocamento em psicanálise é uma forma de apresentação consciente do que há no inconsciente, censurado e reprimido. Andiemo...

Isso de arrumar, desarrumar, mudar de lugar, é da minha natureza. Se convivo bem, não sei, mas quando concluo uma arrumação, se possível daquelas que deixam o meu corpo extramamente cansado, sinto uma satisfação. A vida para mim não costuma se apresentar de outra forma. Não sou adepta ao perfeccionismo de forma obsessiva, mas o que há de obsessivo em mim é perfeccionista.

A verdade é que está difícil sem o meu trabalho de análise. Ouvi Chalie Sheen numa entrevista dizer que se alguém passasse alguns minutos com o cérebro dele, não iria suportar. Identificação imediata com a declaração.

Pra que mente?
Pra que mente sente?
Definitiva, mente
Substancial, mente
Reservada, mente
Anterior, mente
Diariamente extrema, mente
Possessiva, mente
Habitualmente eloquente, mente
Ridícula, mente
Estranhamente sincera, mente

Hoje tive um sonho curioso: eu estava no bairro da Liberdade, cuja paisagem se apresentava como uma cidadezinha do interior, com artesanato por todos os cantos, seguindo uma figura presente da minha adolescência para chegar num determinado local e sentarmos para fumar maconha. Uma tia aparecia, acompanhada por minha avó materna, e juntas olhávamos uns sapatinhos de louça cor de rosa. Ela criticava. Eu dizia que pessoas outras gostam daquilo, achando tudo "bonitinho". Eu não estava na companhia delas, nos encontramos ali. Lembro perfeitamente de olhar para o lado, como quando se sente estar sendo observado, e meus olhos encontravam o tom amarelo dos olhos de um gato preto, junto com outros gatos pretos. Como se estivessem sendo vendidos também. Mas o olhar do gato era interpretativo: "Está me olhando...? sou bonito, hein... miauuuuu" rsrsr Algo assim. Eu seguia, de mochila nas costas, meu celular tocava junto com a esperança de ser Paulo no telefone. Era só uma mensagem corriqueira de operadora. Já anoitecendo eu seguia, já não mais tão destemida, porque à noite já não era tão seguro fumar maconha na rua. Eu tinha medo, mas a vontade persistia.

Sonho de fumante! kkkkk Bairro da Liberdade e eu querendo fumar maconha! Sim, sim! kkkkkk Sapatinhos de louça cor de rosa. Minha avó espionando, minha tia opinando! kkkkkkkkkkkk O amigo da adolescência era na verdade o namorado de meu tio que muitas vezes animava minhas tardes na casa de minha avó... Quantos deslocamentos há nesse sonho... xá ver...ave! Vixe!!!! De ovelha negra, para gato preto... Conteúdos já não tão reprimidos pelo meu inconsciente.

(imagem: http://1.bp.blogspot.com)

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