sexta-feira, 5 de julho de 2019

Pra quê calar se todo ser é um ser digno de miséria
Da mediocridade frágil de uma dor incapacitante
Falar da surpresa do tapa na cara
Das mãos inusitadas do tio por baixo nas pernas da criança
Dos sustos em berros do homem que paga as contas
Se há pra falar é porque há coro
Quem não viu, sentiu, verá
Falar é dissolver-se em novos corpos
Tapar o ponto de um dor é entupir o ponto da dor do próximo
Se há gargalhadas sobre o medo de ser enterrado vivo
Há medo de ser enterrado vivo
Se na solidão o vizinho é convidado a dormir no mesmo colchão
Há impaciência em dormir só
Se esta hora está morta
E muitos sustentam suas colunas em condições ideais
A dor faz girar esse defunto

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