No deserto de choro e gemido
Há um cão lambendo a sua face salgada
Tentando te fazer levantar
Tentando fazer o mundo continuar
No deserto há um mundo de muito silêncio
Gritos mudos
Cantos surdos
A água é pouca
O tempo é muito
Porque é espaço demais
O cão no deserto anda solto
Galopa
Sua missão é tão certa
Quanto a volta que o mundo dá
Ele volta e tenta te fazer levantar
Deita rente ao seu corpo
Quem é você no deserto
Alma penada
Dentes desgastados de tanto ranger
Enquanto células pra nada se espalham
Por tudo dentro
Estrangula tudo dentro
Quem é o cão no deserto
Ora corre pra bem longe
Depois volta com juízo
Passa fome ao lado do corpo estirado
Mira em teus olhos com piedade
A doença é incurável
Assim disseram
A vida toda no barro do deserto
Cante! Cante! Cante!
Escute seu próprio eco
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