terça-feira, 12 de setembro de 2017
Não fujas de mim
Eu, recém chegada, andando pelas ruas de Portugal acompanhada amorosamente. Ar feliz e sorridente. Senti a umidade das pedras e das casas, ruelas arrumadas e sombreadas. O assunto é o que vamos fazer? Vamos, ao mercado. Tiro o casaco. Vamos comer algo. Preciso conhecer o hotel. Vamos caminhar um pouco pelas ruas sem compromissos, depois tudo se ajeita. Até que um taxi encosta no meio-fio, e perco a companhia, que adentra no carro, onde já está uma idosa e uma criança aguardando. Nenhum deles me dão os olhares. A companhia se vai em silêncio e sem olhar. Vi a morte. Olho em volta e começa a escurecer neste ponto de ônibus, de carga e descarga. Um dos homens me assedia sexualmente e eu, paralisada, causo irritação até que recebo um tapa na cara. Começo a chorar e me rumar pra outro lugar, buscando onde me hospedar, desnorteada, criando vagarosamente estratégias pra sobreviver. São locais escuros, com suas políticas grotescas. Encontro uma amizade de longas datas em um desses lugares e ela me ajuda minimamente a me organizar, pois também está desorganizada e o tempo é sempre curto.
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