quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Coelhos. Coelhos dorminhocos e mansos. Talvez seis coelhos. Todos juntinhos no meu colo, branquinhos, calmos.
Comi um.
Conversa vai, conversa vem. Em paz. Alguns se mexem dormindo. Outros despertam vagarosamente e se locomovem em meus braços.
Comi o segundo.
Aviso: comi o segundo. Ninguém viu. Os que ficam continuam calmos. Branquinhos e mansos, um sono de muita paz e fofura. Veja que fofura esse bicho. Impossível comer os demais. É bom pegá-los no colo. Sei que roem tudo, tudo o que encontram pela frente. Mas diante de tamanha fofura...
Sem gritos, agora eu os disseco. Pelo abdómen, com uma faca amolada, a pele é talhada e, dispensada a faca, puxada inteira com as mãos hábeis nesse serviço. Eu me recuso a comer carne de coelhos. A dúvida é se fui eu mesma quem os matei ou me foi dado apenas o serviço de retirar as suas peles. Sinto a presença da matriarca em pleno incentivo. Eu já prestes a  romper os abdómens  dos coelhos e retirar-lhes as tripas, haja vista que a matriarca adora meninico. Tudo o que eu quis, por ela nunca foi incentivado, porque eu, com faca, com mãos, com tudo, haveria de abrir a barriga de coelhos mansos?

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