terça-feira, 15 de junho de 2010

Continuo vivendo para a morte. Minhas unhas pintadas com a cor de sangue, borradas, pela primeira vez na vida. Vermelho borrando minhas unhas das mãos. Parece sangue. Vários flashes de sonhos passados surgem na minha mente. Aquela casa pintada de azul com tom pastel, o que será? Horrível minhas unhas, mas ao mesmo tempo não. Mais mulher, como as outras, por algumas horas. Horrível, bonito. Eu posso, não quero. O vermelho só me faz lembrar de Frida Khalo. Cores muito fortes, coragem. Há um vazio, um corre corre pra pegar algo mas que é preciso ter paciência pra alcançar...
Há momentos em que eu penso se a vida é só isso. Só isso? Quero compartilhar o que eu tenho de bom, atravessar lugares. O que é que tem passar pelo Tanque do Meio a poucos minutos de começar o jogo do Brasil. É minha cidade, sou negra, ando de taxi, enfeitada para assistir à Copa do Mundo. Passo sorrindo do medo do motorista dizendo que não era dia de passar por ali. E daí? É gente, crianças pintado as unhas coloridas de verde e amarelo no passeio da rua. Minha filha coloriu as unhas dela na gaiola, bem protegidinha... A menininha do Tanque do Meio requebrava lindo, como se já soubesse fazê-lo desde que veio a esse mundo, na fila pra pintar as unhas. Negra, negrinha. Nem me enxerga pois sou igual a ela. Remexe involuntariamente, eu percebo, só por remexer. É a música daquele pedaço da minha cidade. Mais à frente, a casa dele.
Quero fazer algo junto com essas pessoas. Não tenho medo de passar pelo meio dos tanques - a casa dele fica abaixo da caixa d'água! Então Oxum me zele, Exu abre meus caminhos. O resto quem for Deus se encarregue.

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