quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

O tempo todo era o mar, as ondas vindo em minas gerais. Da janela esperávamos a maior, iria invadir tudo, segurem-se! A notícia da morte de alguém por causa das ondas chegou. Oh, que tristeza, se não é conosco... O rapaz era falante e o ambiente convencia a ficar.
 Há algo de muito errado quando o pensamento envia ao corpo a ordem pra sucumbir. Queria a garra de um lutador.
Imagino, porque já senti e fiz isso, olhando pra ela, não é ela quem me apraz. Então fico mudo por dias, faço de conta que as palavras não são dirigidas a minha pessoa e que tenho responsabilidade zero sobre as palavras que surgem. Zero. Ainda que minha língua nos dedos dos seus pés, meus dedos na segurando o seu corpo pela vulva, na gengiva deslizando pelos dentes, e o meu pedido pra que não me deixe só tenha sido atendido, é zero.
Nunca bata a minha porta. Não venha. Nem me envie mais mensagens. Nem olhe pra mim nos corredores. Apague suas memórias. Pegue suas mudas e mate, doe, queime, cultive. Faça o que desejar bem longe daqui.
 Se eu hoje há uma pesquisa em andamento, é preciso imergir.
E nada vem na onda.
Todo está desierto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segundos Saberes (para o seu comentário)