sábado, 1 de junho de 2019

O mar de noite é assim

No fim das contas
Depois do reboliço
Dos talhos no abdômen
De vômitos e febres
Dos choros e pedidos
Depois do colo da mãe
Da verdade das tias
Do companheirismo das irmãs
Depois da declaração do pai
Das cenas de amigos
Do presente musical
Pra não acabar a humanidade
Lá no fim das contas
Um pouco no pescoço
A vela branca é acendida

A enferma não sabe se chora porque ainda está viva
A enferma não sabe se ri porque está viva
Ela não sabe bem para quê acende uma vela no final das contas
Acende e gira um pouco o crânio pra esquerda
Com as contas por aqui
E os ouvidos lá no mar

Escuta o mar
Escuta
Em nome de deus

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