terça-feira, 28 de setembro de 2010



Resistência, repetição
Pouca elaboração

Ai, meu coração!

Saudade que não sai de mim
Trabalho que parece não ter fim

Esse amor de se dar
sem machucar
a me espelhar

Sua voz melodiosa supõe saber de mim
Sua voz grave e misteriosa desvela-me
Sua voz através de mim

Ai, esta canção!

E agora que eu já caminhei?
E agora que aqui cheguei?
Prefiro não saber que lá sei.



Coisa difícil está escrever... Tenho sentido medo do que penso que sei, sentido medo desse patrimônio alcançado pelo meu trabalho de viver. E quem disse que essa que escreve sou eu? Essa deve ser eu contando histórias de mim! Histórias através do ego. O ego mente. Minhas verdades tendem a mudar de figura constantemente. Ouvi hoje que estou binária, ou sou isso, ou sou aquilo. Eu disse que não estou conseguindo fazer várias coisas ao mesmo tempo, eu disse! É possível até pensar em várias coisas ao mesmo tempo, mas esses útlimos dias estou querendo sair de mim narcísica. Deixa...

Não me lembre das coisas que eu sei, das coisas que eu penso que sei. Eu sei, e é só pra mim, porque meu saber é meu, de mais ninguém. Alguém pode simplesmente dizer "você não sabe". Mas no inconsciente a negativa deixa de existir. Então, sempre saberei lá, em algum lugar, no meu "sei lá".

Quero continuar amante do meu marido companheiro das nossas horas, pai da minha filha, dono dos meus cachorros. Arrumar, cozinhar, mexer com as plantas no quintal. Isso me faz bem... Planejar, sonhar, concretizar. Deixa eu viver uns dias sem contato com essa minha angústia de viver e morrer, encontrar o real sem avisos, deixar que ele me invada inescrupulosamente.

Chegar ao final da semana com aquele cansaço gostoso e comemorar a sexta-feira, porque amanhã é sábado e não preciso acordar cedo e partir para a gaiola inflamável. Mesmo que desperte com todos os raios entrando no quarto ainda sem cortinas. Ficar até altas horas conversando, comendo, amando. Já não mais fumando. Evolucionando!

Fazer esse buraco infindo no que falta a ser? Cavar, cavar, cavar, cavar. Deixa eu desapegar de mim, fazer de mim instrumento, não o centro. Não, não, estou aprendendo, você que não vê. Eu não sei descrever tudo o que sinto, não sei explicar as impressões que vejo. Não sabia como dizer da babá imprestável para meu sobrinho até se confirmar através do discurso de outrem. Eu vi, eu impressionei, eu falei de um jeito que não soube dizer direito. Mas tentei...

Será que é isso? Tentar, tentar, tentat, cavar ,cavar, faltar, faltar, desejar? O que eu não sei dizer hoje para você, talvez amanhã eu diga. Talvez essa minha necessidade de dizer que te amo demais passe, porque eu sei que vai passar. Dizer desse meu medo de que você morra, justificar meu afastamento insano, mortífero, para me defender dessa dor de um sumiço real seu na minha vida. Será que |Freud realmente explica? Então cadê esse caminho? Suponho que você saiba... Choro com essa agonia de querer dizer que sem você eu me sinto frágil, mas eu aguento seguir. É assim que tem que ser, forte? Então eu sou sem você. Deixe-me ir... Quando esse trabalho termina? Eu posso amar e trabalhar? Eu posso duvidar? Eu ... eu posso endoidar?????

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