quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Vida é que nem água

Já não sei a quem eu ouço
Meu coração ou minha razão
E se tudo for só imaginação?

Fico louca ou fico sã
Abstinente ou onipotente ...

Vida é que nem água
É um, dois, três
Fluida, quente, gelada
Empedrada
Evaporada

Qual as ondas, espumante, revoltante
Faz borda como margens de algum rio
Transborda
Leva o que encontra no caminho
Vai e vem, vai e vem

Às vezes fico com minha razão
Batendo o meu coração
Fujo para a imaginação

E se a razão vem do outro
O que eu faço então?
Me transformo em água
Pra tocar meu coração



Fiquei pensando muito na minha análise, no que eu vejo, penso que vejo, e lá descrevo como minha verdade. Mas é a minha verdade! O único problema é que eu duvido até da minha verdade.

Pensei numa trindade. Talvez porque tenha lido algo sobre a santíssima trindade, mas nada com o espírito santo, deus e jesus. (Olha a minha negativa!) Em psicanálise, o não às vezes quer dizer sim no inconsciente, ou o não pode ser só não - um charuto pode ser só um charuto! Pensei no três. No três, não escrevi errado. Eu, minha analista na relação transferencial, e o mundo, e o Outro. Será que na teoria psicanalítica o analista é o Outro? Tratarei dessa questão amanhã. Porque se não for, há de existir o três em alguém, em todos. Por isso, eu penso, Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo. Jesus de besta não tinha qualquer coisa! A criatura dividiu o mundo todo, dividiu todos os espaços, fez todo mundo duvidar. Quase todo o mundo. O povo oriental tem particularidadess. Ai vem Freud... vixe! Comparação? Sim, eu tenho o direito, oxente! Pensadores, desbravadores, interrogadores, desveladores, conhecedores dessa espécie tão cheia de mistério que é o homem. Freud marcou o seu espaço. Era judeu e duvidou. Fez transferência e contra-transferência com os mais variados pensamentos. Poucos sentem, mas quem conhece a teoria freudiana, sabe que este senhor marcou o mundo também. Muitos dos que fazem a hitória da psicologia nasceram de suas reuniões das quartas-feiras em sua casa... Só que a sala de Jesus era a rua, os seus seguidores, contadores de suas histórias, foram os que formularam as narrativas.

Sim, mas voltando para a trindade. Começo a pensar seriamente nisso. Queria levar o meu marido para minha sessão. Minhas descrições são minhas. Meu coração (figurando aquilo que eu não consigo dar conta, mas somente intuir talvez) fala diferente. Minha razão está subordinada ao meu recalque, ao meu sintoma, à moral, à resistência, a minha imaginação! Meu coração está subordinado à quê? Ao que eu não consigo descrever do outro, mas sinto de alguma forma. O que chega a minha consciência dentro do setting analítico é o que se subordina somente a minha verdade, que eu constantemente duvido, porque a minha razão pertence somente a mim. E o outro? E minha analista? Minha analista é o outro eu, mas não é o outro Outro... será? Ainda fica a questão...

Não dá pra continuar o raciocínio ignorante à esta questão.

Eu estive lembrando de algo diferentemente disso para escrever e comecei a escrever o que se deu acima! Pensamento que não para. Vida é que nem água... .

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